sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Olbinski

Polaco, arquitecto.
Vive nos Estados Unidos desde os anos 80.
Mas é como ilustrador que o seu nome, Rafal Olbinski, é mais conhecido.
Tem colaborado com muitas Companhias americanas de Ópera, e ganho os mais variados prémios de Ilustração.
Eis dois exemplos que me parecem bem significativos.


segunda-feira, 24 de novembro de 2008

"Chico Redondo"


D. Francisco de Sousa Coutinho (1866-1924).
Nasceu num palácio.
“Chico Redondo”.
Morreu numa Casa de Saúde para indigentes mentais.
Uma e a mesma pessoa.
Barítono.
Cantou pela primeira vez em público com o “Fausto” (“Valentim”) no Teatro do Príncipe Real, do Porto, em 1888.
Lia-se, a propósito, no “O Primeiro de Janeiro”:…uma poderosa voz de barítono, dum timbre incomparável, quente, igual em todos os registos, rico de tonalidade e colorido…”
Parte para Milão, e ali canta o “Poliuto”, com êxito assinalável. Mas era Paris que o atraía, cidade onde vive alguns anos de grande boémia. Em 1896 assina um contracto com a Ópera de Berlim, estreando-se em Fevereiro de 1897 com “Os Palhaços”. Tanto bastou para o sucesso. Que se tornou verdadeiramente notável com a sua interpretação em “Falstaff”, papel que o celebrizou, e que, segundo muitos, era o melhor do seu tempo.
Em 1900 está nos Estados Unidos, cantando em Washington e Nova Iorque.
Ganhava fortunas. Tudo esbanjava.
Suécia, Dinamarca, Brasil, Polónia e mais países têm o privilégio de o ouvir até à I Grande Guerra, altura em que regressa a Portugal.
Velho, cansado, pobre.
Percorre o país em digressões de operetas, mas a voz está arruinada.
Começou a dar aulas de canto, mas os sinais de perturbação mental eram já nítidos, sendo internado em 1923 e falecendo no ano seguinte.
Vale a pena ler a notícia reproduzida em cima.
Um enorme cantor português, hoje quase desconhecido.
“Chico Redondo”.

Fontes:
“Cantores de Ópera Portugueses”, Segundo Volume, de Mário Moreau.
“Revista ABC” de 1923.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

"Souvenirs"



Aconselho vivamente.
Anna Netrebko surge simplesmente fantástica neste seu último trabalho.
Uma voz prodigiosa, um “sentimento” interpretativo magnífico, um verdadeiro cd de “diva”.
Netrebko interpreta Dvorak, Offenbach, Richard Strauss, mas também Gustavino e Hahn, numa série de melodias que todos conhecem.
De salientar igualmente a participação do “mezzo” Elina Garanca, em algumas faixas, outra certeza do meio lírico.
Ouve-se e quer-se mais.
A Netrebko “pós-parto” está soberba.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ontem ouvi (4)





Há muitas gravações de “Tristão e Isolda”. E excelentes.
A que mais ouço é esta.
Waltraud Meier (nasceu em 1956) e Siegfried Jerusalém (nasceu em 1940) formam, na minha opinião, o melhor par da sua geração, nesta ópera.
Gravação feita em 1995, nela participam ainda Matti Salminen (Rei Marke), Falk Struckmann (Kurwenal), Johan Botha (Melot) e Marjana Lipovsek (Brangane).
A Orquestra Filarmónica de Berlim é dirigida por Daniel Barenboim.
O Coro é o da Ópera de Berlim.


terça-feira, 11 de novembro de 2008

A morte de Caruso


Curiosa a maneira como foi noticiada em Portugal a morte de Enrico Caruso, em 1921.
Reparem que se relevava a riqueza material do cantor, e quase se criticava as verbas que os grandes cantores recebiam dos seus espectáculos.

“Todos, entre nós, se lembram por certo das noites de verdadeira arte passadas em S.Carlos, quando, há anos ali cantou o notabilíssimo tenor Caruso, um dos maiores artistas da plêiade brilhantíssima de cantores que a Itália constantemente exporta.
Caruso galgou rápido ao apogeu da glória e conseguiu juntar uma fortuna formidável, como, via de regra, sucede a todos os grandes cantores que desde há muito se fazem pagar por preços exorbitantes.
Caruso pertenceu a esse número de privilegiados e amontoou realmente uma grande fortuna mas, um dia, por um azar inexplicável, perdeu a voz.
Calcularão todos os cuidados e desvelos de todos os mestres da especialidade para que o grande artista reconquistasse o timbre e volume perdidos e, em parte, triunfaram.
Cantou nos Estados Unidos da América com um agrado extraordinário e, há dias, retirou para Nápoles, sua terra natal onde uma peritonite renitente o matou no momento em que ia sofrer uma intervenção cirúrgica.
As manifestações de pesar em todo o mundo civilizado atestam o alto valor em que era tido o grande cantor e extraordinário artista.
A cidade de New-York enviou uma coroa enorme, e o carro fúnebre ia completamente coberto.
Em Nápoles o luto foi geral e a cidade vai erigir um mausoléu-monumento ao artista insigne.”

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ontem ouvi (3)


Já vi e ouvi muitas versões desta ópera de Mascagni, mas considero esta a melhor.
Gravada em 1966, dirigida por Herbert Von Karajan à frente do Coro e Orquestra do Scala de Milão, oferece-nos uma portentosa Fiorenza Cossotto (nasceu em 1935) na melhor “Santuzza” que conheço. O “Turiddu” é de Carlo Bergonzi (nasceu em 1924), igualmente ao seu nível, e os outros papéis foram entregues a MariaGrazia Allegri (“Lucia”), Giangiacomo Guelfi (“Alfio”) e Adriane Martino (”Lola”).
É curioso que, mesmo tendo a gravação vídeo, prefiro o cd.
Ouvir apenas. Sem distracções, podemos apreciar ao limite a arte de Cossotto, o dramatismo que empresta ao papel, a sua qualidade.
Brilhante.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Génese de Grandes Óperas (8)



Otto Wesendonck vivia numa quinta dos arredores de Zurique com a mulher, Mathilde (foto de cima), catorze anos mais nova do que ele.
Zurique estava então repleta de refugiados alemães, que haviam saído do seu país após a falhada revolução de 1848/9. Entre eles, Richard Wagner, e a mulher, Minna.
O compositor estava quase na miséria, vivendo de ajudas de amigos, entre os quais se contava Wesendonck, que recebia Wagner na sua casa com assiduidade.
E desde logo Wagner e Mathilde iniciaram um romance secreto, que inspirou o compositor alemão para “Tristão e Isolda”, segundo ele próprio escreve a um amigo, o grande Liszt. Compõe o primeiro acto, com o pensamento em Mathilde, mas também em Cosima (foto de baixo), filha de Liszt, que viria a ser a sua futura mulher.
Os conflitos com Minna são permanentes, e Wagner decide partir. Para Veneza, onde se instala num palácio degradado de um amigo, em pleno Grand Canal.
É na cidade italiana que escreve o segundo acto de “Tristão e Isolda”, completamente absorvido no seu trabalho.
Aproximava-se o Verão, e Wagner decide sair da cidade, para poder escrever o que lhe faltava sem suportar o calor. Vai então para Lucerna, onde compõe o acto final.
A estreia só acontecerá seis anos depois, em Junho de 1865, em Munique.
A crítica delirou.
Um dos jornais escrevia que “Tristão e Isolda” era “um dos mais impressionantes monumentos de som alguma vez esculpidos”.
E, seguramente, todos concordamos.
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