sábado, 29 de dezembro de 2007

Ano Novo com "Brindisi"

A todos os que me acompanham neste espaço, desejo um Bom 2008.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Georges Prêtre

Se associamos maestros à carreira de Maria Callas, Georges Prêtre, a par de Tullio Serafin, é o nome que, de imediato, recordamos.
Aos 83 anos, será ele que conduzirá o Concerto de Ano Novo 2008.
Pela primeira vez, foi convidado um maestro francês, e será caso para dizer, que vale mais tarde do que nunca.

É mais do que justo.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Natal com as "estrelas"

A todos os que me acompanham neste espaço, desejo um Bom Natal.
E vejam até ao fim este clip.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Grace Bumbry

Coloquei o dvd no leitor, e assisti ontem a um recital de Grace Bumbry de 1991, em Lugano.
Como nasceu em 1937, a grande cantora tinha, na altura, 54 anos, ou seja, não estaria certamente no seu apogeu. Mas eu já sabia disso quando comprei o dvd, e fi-lo porque sempre a apreciei e considerei uma extraordinária intérprete.
É soprano, mas também é mezzo, o que em parte explica a variedade imensa dos papéis que interpretou.
Faz parte de uma geração fabulosa de cantoras negras (Price, Arroyo, Verrett) que nos deram alguns dos melhores momentos de ópera nas décadas em que cantaram.
De Bumbry recordo, sobretudo, a sua “Amneris” e a sua “Carmen”, espantosa em qualquer delas, e das quais, felizmente, há gravações.
Voltando ao dvd de Lugano, Bumbry cantou “Pace, pace mio dio” (La Forza del Destino), “O Don Fatale” (D.Carlo), “Io son l’umille ancella” (Adriana Lecouvreur), “Il est doux, il est beau” (Herodiade), “Mon Coeuvre s’ouvre à ta voix” (Samson et Dalila) e, inevitavelmente, fechou com a “Seguidilla” da Carmen.
Não sei se será fácil encontrar em Portugal, mas através da Internet, não percam a oportunidade de comprar esta edição da televisão suiça.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Incontornável


Discute-se muito.
Há quem odeie, quem seja indiferente, quem goste muito.
Mas é incontornável.
As modernas encenações de óperas clássicas invadiram os grandes palcos da lírica.
Dou já a minha opinião, não gosto. Mas percebo a intenção, louvável mas discutível, de tentar atrair novos públicos às salas, “trajando” de modernidade tudo aquilo que nos habituámos a ver integrado na época respectiva. Por outro lado, e este é um aspecto essencial, torna-se claramente mais barato encenar dessa maneira do que “à antiga”, e até há quem defenda ser muito “intelectual”…uma pobreza franciscana de cenário, que se pode resumir a uma mesa e uma cadeira (já vi, não estou a imaginar…)
Apesar de tudo, há um nome que sobressai e se impõe nesta nova geração de encenadores.
Refiro-me a Peter Sellars, um norte-americano que se tornou rapidamente uma referência neste novo tipo de apresentações.
O seu talento é inquestionável, e para o provar, sugiro que vejam, em dvd, o seu “Giulio Cesare”, de Handel.


quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

"Fidelio"

Única ópera composta por Beethoven, “Fidelio” demonstra à saciedade a genialidade do Mestre.
Autor de muita da melhor música alguma vez composta, há quem considere esta ópera uma sinfonia dramática.
A personalidade de Beethoven foi profundamente afectada pelas perturbações políticas do seu tempo. Diz-se amiúde que a sua música é a evolução natural das de Haydn ou Mozart, mas ninguém deixará de reconhecer que com ele surge um novo carácter musical, admitindo-se que por influência da música da Revolução francesa.
Em relação ao “Fidelio”, houve quem considerasse que as suas personagens são muito irreais; “Florestan”, o herói aprisionado, seria demasiado virtuoso, e “Pizarro”, o típico tirano, incrivelmente vil. Mas naquele tempo…era assim.
“Florestan” e “Leonora” são personagens que o público comparou muitas vezes a outro par famoso, “Tamino” e “Pamina”, de Mozart. Mas enquanto estes integram o imaginário, a dupla de Beethoven aparece aos nossos olhos como bem mais real.
Eis a grande Christa Ludwig no “Fidelio”.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

As Óperas de Verdi (8)

Acabo hoje esta "leve" abordagem às óperas de Verdi.
E faço-o com o “Falstaff”, estreado em Milão em 1893.
Era uma espantosa proeza para um homem de oitenta anos, e embora personagens cómicas tivessem aparecido aqui e além nas óperas anteriores, o simples facto de Verdi ter escrito uma ópera cómica era suficiente para pôr em alvoroço o mundo da música.
A estreia do “Falstaff”, como a de “Otello”, foi rodeada de toda a espécie de publicidade, se bem que isso fosse a coisa que Verdi mais odiava, mas verdade seja dita, foi preciso passarem-se muitos anos antes que qualquer destas óperas ganhasse o favor popular. Durante décadas foram mais representadas na Alemanha do que em Itália, embora mesmo aí só atraíssem um limitado círculo de apreciadores.
Wagner fora o fim de uma época e Verdi podia também tê-lo sido se tivesse acabado a sua carreira com o “Otello”. Mas “Falstaff” era uma ópera que olhava para o futuro e fez pelo menos com que os compositores se convencessem de que a ópera cómica não era, apesar de tudo, um género morto.
Aqui temos Giuseppe Taddei nesta ópera.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

As Óperas de Verdi (7)



Vamos hoje abordar o “Otello”, ópera estreada em 1887.
Vale a pena recordar que Wagner tinha morrido poucos anos antes, deixando Verdi completamente senhor dos domínios da ópera.
“Otello” intrigou os críticos, e acusar Verdi de “wagnerismo” era a maneira fácil de ocultar a sua incompetência para compreender as mudanças de métodos e de estilo que gradualmente se operara em Verdi, de que já falei em texto anterior.
O que parecia”wagneriano” aos críticos de então era ser o “Otello” muito mais contínuo musicalmente do que qualquer das outras suas óperas.; este não era tão meticuloso como Wagner em evitar as paragens evidentes no decurso das cenas, mas de uma maneira geral a música corre sem qualquer interrupção óbvia para aplausos.
Outro ponto a considerar é a qualidade literária do texto, tradução tão fiel quanto possível do de Shakespeare. A orquestra era tratada com muito mais apuro e havia muito maior desenvolvimento de temas instrumentais.
Verdi aprendera, certamente, muito de Wagner quanto a métodos técnicos, mas afinal todos esses métodos vinham originariamente de Beethoven, cuja obra toda a vida estudara.
A diferença fundamental entre Verdi e Wagner está nos seus conceitos gerais sobre o que seja a Ópera. Wagner sempre se interessou mais pela orquestra do que pelos cantores, e Verdi precisamente o contrário.
Vamos ouvir Mario del Monaco, numa gravação curiosa pois o tenor dirigiu-se à cena vindo da rua, pronto para a récita, o que é elucidativo da excentricidade deste enorme cantor.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

As Óperas de Verdi (6)

Em 1862 estreia “La Forza del Destino”, em São Petersburgo, e em 1867 “Don Carlo” em Paris. Ambas com belas cenas e música verdadeiramente impressionante.
Toda a obra de Verdi estava a sofrer uma mudança de estilo, dado que, continuando a perseguir o ideal do efeito cénico directo, sacudira de si a vulgaridade que desfigurava as suas primeiras óperas. E “Aida” (Cairo, 1871) demonstra de forma clara o seu total domínio das situações teatrais. Encomendada para a inauguração do canal de Suez, o propósito inicial era o de a ópera a estrear poder tornar-se uma diversão espectacular nesse dia, e atingiu esse objectivo, indo muito para além disso. Poucas óperas são tão directa e convincentemente atraentes. E pensando em termos empresariais, era conveniente para todo o tipo de teatros: para os que podiam pagar as encenações mais luxuosas, e para os outros mais modestos, pois a melodia é de tal maneira magnífica que o público esquecia-se da humildade dos cenários.
“Aida” é uma ópera difícil para os cantores, nomeadamente para o tenor que, ainda sem quase ter podido “aquecer” as cordas vocais, é obrigado a interpretar a célebre ária “Celeste Aida”. Ainda há bem poucos anos, Placido Domingo só não foi pateado por ser quem é, pois desafinou, e muito, nesta ária, numa gravação que, infelizmente para ele, existe comercializada em dvd.
Vamos ouvir o grande Pavarotti numa interpretação sem mácula de “Celeste Aida”.


quinta-feira, 29 de novembro de 2007

"Requiem"

Façamos uma pausa nos textos sobre as óperas de Verdi, mas continuemos com o compositor.
Ouçamos uma “preciosidade”.
Do “Requiem”, duas intérpretes de excepção, Fiorenza Cossotto e Leontyne Price.
Sem mais comentários.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

As Óperas de Verdi (5)


Verdi esteve sempre em contacto com Paris, embora dela não gostasse muito. “Rigoletto” mostra clara influência de “Roberto do Diabo” e foi mais através das óperas francesas do que das de Wagner que se foi educando gradualmente para ideais mais altos do que os da sua juventude.
Em 1855 a Ópera de Paris encomendou-lhe um trabalho; daqui resultaram “Les Vêpres Siciliennes”, ópera em que Verdi parece ter feito o possível por imitar Meyerbeer. A ópera importante que se lhe seguiu foi “Un Ballo in Maschera”. O seu libreto pôs novamente Verdi em contacto com as habituais complicações da censura, e a história, à qual veio a fixar-se finalmente a música, é do mais ridículo que possa imaginar-se. Porém, apresenta-nos algumas páginas de magnífica música e além disso, é notável pela combinação de elementos claramente cómicos e da mais horripilante tragédia.
Verdi tinha o agudo sentido dos efeitos teatrais mas em geral, pouco senso crítico para julgar os libretos, embora tenhamos de fazer-lhe a justiça de atribuir culpas à censura, tal a maneira como foram cortadas as suas primeiras óperas. Verdi queria tratar situações arrepiantes, e sobretudo personalidades fortemente vincadas, como Lady Macbeth ou Rigoletto, isto é, que pudesse pintar com a sua infalível vivacidade e crua sinceridade de expressão. “Un Ballo in Maschera” não enfermava apenas do absurdo da história, mas também de infelicidades de linguagem que se tornaram proverbiais na Itália de então.
Vamos ouvir Elisabete Matos e Denis O’Neil.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

As Óperas de Verdi (4)


Em “La Traviata” Verdi tentou a experiência de pôr em música um trágico drama da vida contemporânea. De novo tomou como base uma bem conhecida peça – A Dama das Camélias – de Alexandre Dumas, Filho, que vira representar em Paris, em 1852. O inêxito da ópera, aquando da estreia, foi atribuído à fraca qualidade dos cantores, e muito especialmente, à corpulência da heroína, que na peça era uma tísica; mas muitos pensam que o verdadeiro motivo do desastre foi a recusa da plateia em tolerar uma ópera – e ainda por cima uma tragédia – vestida “à moderna”. O resultado foi que, durante muitos anos, “La Traviata” foi sempre levada à cena vestida à maneira de qualquer época remota, embora fosse permitido habitualmente que a heroína usasse luvas de última moda e todas as jóias que entendesse. Em tais condições não é de admirar que os músicos sérios olhassem a ópera com um desprezo total. Situação que, como sabemos, o tempo veio corrigir.
“La Traviata” é historicamente muito importante, pois é a primeira tentativa de tratamento operático de uma tragédia doméstica que teve êxito. Foi precedida por duas outras óperas, também de Verdi: “Luísa Miller” (Nápoles, 1849), baseada numa peça de Schiller, e “Stifellio” (Trieste, 1850).
Esta última viria a ser renegada pelo próprio Verdi, que usou a música para outra sua ópera, “Aroldo” (Rimini, 1857) .

domingo, 18 de novembro de 2007

As Óperas de Verdi (3)


A primeira ópera a evidenciar o verdadeiro génio dramático de Verdi foi o seu “Rigoletto” (Veneza, 1851), escrito sobre um libreto baseado na peça de Vítor Hugo “Le Roi S’Amuse”. A peça de Hugo causara escândalo quando se estreou, em 1832, e é bastante possível que Verdi a tivesse escolhido por isso mesmo, tal como Mozart para “As Bodas de Fígaro”, peça que fora proibida ostensivamente, por razões morais.
Houve as obstruções habituais, mas depois de terem transformado o histórico rei de França num imaginário Duque de Mântua, o libreto foi aprovado pela censura.
“Rigoletto”, um drama de paixões violentas e daquilo a que se chama “situações fortes”, atraiu Verdi porque o herói da peça, em vez da personagem vulgar obviamente simpática, tenor da companhia e nada mais, era uma criatura de emoções complexas, externamente de figura hedionda, apenas interessante pelo mais secreto fundo da sua personalidade.
Mais duas óperas de Verdi apareceram em 1853: “Il Trovatore”, em Roma, e “La Traviata”, em Veneza; a primeira foi um êxito estrondoso e imediato; a segunda um desastre. “Il Trovatore” seguiu o caminho aberto por “Rigoletto”; baseia-se num drama espanhol que mostra influências do sensacionalismo de Vítor Hugo, mas com um lirismo específico. A peça espanhola foi concebida como drama poético em que a mesma poesia justificava a violência da paixão, Era por isso bem apropriada para dela se fazer uma ópera, e nos dias de hoje, que as óperas de Verdi já ganharam certa “patine” de classicismo, podemos aceitar os absurdos da história como preço das emoções que a ópera apresenta com irresistível e intenso fervor.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

As Óperas de Verdi (2)

A primeira ópera importante de Verdi foi “Nabucco”, estreada em 1842, em Milão.
A sua principal atracção era o tocante coro dos judeus cativos, que logo na estreia originou a associação de Verdi ao movimento de “Risorgimento”, já então em plena explosão. O “Va Pensiero” seria entoado por milhares de pessoas nas ruas de Milão, no funeral do compositor.
Outro belo coro que foi adoptado pelos patriotas era da ópera “I Lombardi”, e referia-se à primeira visão de Jerusalém dos cruzados italianos.
Hoje, dificilmente se poderá compreender a quantidade de obstáculos postos no caminho de Verdi pelas autoridades governamentais, quer austríacas, como em Milão e Veneza, quer papais, como em Roma, quer ainda napolitanas.
Quando o grande soprano Giuditta Pasta (Bellini compôs “La Sonnambula” e a “Norma” para ela) foi a Londres, em 1833, anunciou que escapara à prisão por muito pouco, quando em Nápoles pronunciou em palco a palavra “libertà”. A censura proibia tudo o que pudesse ser interpretado como ridicularizando ou mostrando aversão pelas autoridades, e por reis ou imperadores de qualquer época; toda a alusão à Igreja era perigosa e o uso de qualquer palavra que pudesse ter ligação com assuntos religiosos era também proibido; todas as representações de conspirações ou conjuras eram radicalmente impossíveis. A tirania que Verdi teve de sofrer era particularmente grave para os poetas que pretendiam criar óperas a partir dos dramas românticos franceses.
“Ernani”, estreada em 1844 em Veneza, marca o primeiro contacto de Verdi com Vítor Hugo, e “Macbeth”, que pela primeira vez foi apresentada em 1847 em Florença, a sua primeira aproximação de Shakespeare.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

As Óperas de Verdi (1)

Começou a carreira quando a ópera italiana estava no seu ponto mais baixo; Rossini retirara-se de cena, Bellini morrera e Donizetti fora atingido pela alienação mental.
De início, pouco distinguia o jovem Verdi da multidão de mediocridades cujos nomes e obras estão hoje completamente esquecidos, mesmo em Itália, e o próprio Verdi não pensava senão em escrever óperas que tivessem um êxito popular imediato. Os críticos seus contemporâneos rotularam esses primeiros trabalhos de estilo grosseiro e brutal, bastante apropriado para uma nova geração de cantores de extensas e fortes vozes mas sem requintes ou elegância de técnica, como a que fora característica dos grandes intérpretes de Bellini.
Na sua mocidade, Verdi tivera grande prática da escrita para filarmónicas na sua terra natal, Bussetto, e o estilo de banda é muito evidente em todas as suas primeiras obras. Muitas delas têm mesmo uma verdadeira banda no palco, atrás do cenário, além da orquestra normal, e o que toca é no estilo militar barato do seu tempo, seja qual for a situação dramática ou a época da acção teatral.
A maior sorte de Verdi nos primeiros passos da sua carreira foi terem, de certo modo, associado a sua música com o movimento patriótico que viria a conseguir expulsar os austríacos do território italiano e unir todo o país sob a coroa da Casa de Sabóia.
Pessoalmente, Verdi sempre se declarou completamente fora de toda a política, mas considerando as eternas preocupações que tivera com a censura austríaca a propósito de quase todas as suas primeiras óperas, não é de surpreender que se regozijasse com a oportunidade de estimular a revolução com o ardor impulsivo dos seus trechos. E fê-lo beneficiando em larga medida do seu talento melódico: durante gerações e gerações as suas árias foram as favoritas de todos os realejos. Hoje em dia, em que não há música nas ruas, verifica-se um extraordinário acréscimo de apreço pelas óperas antigas de Verdi, e maestros e empresários dedicam-se à sua reabilitação, mesmo as que, aquando da estreia, foram relativos insucessos.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Richard Wagner



Há muitos, muitos anos, ofereceram-me uma ópera de Wagner.
Eu ainda era jovem, e a ópera italiana preenchia todos os requisitos que julgava necessários para se gostar verdadeiramente de ópera.
Verdi, Puccini, Donizetti, Bellini e Rossini.

Mas…quem me deu aquele presente achava que ia sendo tempo…de conhecer o mestre alemão.
E escolheu “O Ouro do Reno”.
Antes, explicou-me o “Anel” em pormenor, deixando-me um pequeno livro com a história completa, em tradução brasileira, preciosidade que ainda hoje guardo.

Li.
Ouvi a ópera.
E não gostei.

Durante muito tempo, fui trocando argumentos.
Mas continuava a não gostar.
A situação só se alterou anos depois, isto é, na altura própria, e hoje Wagner integra a minha discoteca com uma parte “de leão”.
Na minha opinião, para se gostar de Wagner é preciso ter maturidade.
Concordam?

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Fritz Wunderlich



Hoje em dia, são poucos os que se lembram de Fritz Wunderlich (1930 – 1966), tenor alemão que morreu muito novo, mas que se celebrizou, ainda assim, na interpretação das óperas de Mozart.
Com muitas dificuldades económicas, trabalhava desde jovem numa pastelaria, custeando dessa maneira os estudos musicais, incentivado pelos clientes que o ouviam cantar enquanto trabalhava.
Com uma voz cristalina, Wunderlich também se notabilizou nos ciclos de Lieder de Schubert e Schumann.
Uma queda numas escadas terminou abruptamente uma carreira de sucesso, e ainda pior, uma vida que alcançava a glória por que tanto lutara.
Ei-lo no Tamino da “Flauta Mágica”.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Dietrich Fischer-Dieskau



Incorporado no exército alemão com apenas 18 anos, em 1943, Dietrich Fischer-Dieskau seria, pouco tempo depois, capturado pelos aliados em Itália, passando os dois anos seguintes como prisioneiro de guerra. E é nessas circunstâncias que começa a cantar Lieder para os seus companheiros de prisão.
Apesar de ter interpretado muitas Óperas, principalmente na Alemanha, mas também em outros palcos europeus, este grande barítono é um dos “ex-libris” do Lieder.
Na verdade, começando bem cedo (desde 1951) a gravar, acompanhado por virtuosos do piano como Gerald Moore, Dieskau ocupa um lugar ímpar, a tal ponto, que numa sondagem recente, levada a efeito por uma revista norte-americana, o barítono aparece no Top 10 dos melhores cantores de sempre.
Pessoalmente, gosto bem mais de o ouvir em Lieder do que em Ópera. Julgo que, para muitos papéis, lhe falta a “emoção” dos grandes barítonos italianos, sem a qual muitos papéis ficam... sem graça.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Joan Sutherland


“La Stupenda”.
Assim ficou e é conhecida a grande Joan Sutherland (nasceu em 1926, na Austrália), um dos maiores sopranos “colloratura”de sempre, uma voz inconfundível, com milhões de admiradores em todo o mundo.
Estreou-se em “Dido and Aeneas” em 1952 no seu país, e na Europa com “A Flauta Mágica” em Londres, no mesmo ano. E ainda nesse ano, cantou a “Norma” (no papel de Clotilde) com Callas no principal papel.
Depois, foram muitos anos de sucesso estrondoso, nomeadamente com Donizetti e Bellini, sendo extraordinárias a sua “Lucia di Lammermoor” ou a sua “Norma”.
A partir dos anos 70, e naturalmente, foi espaçando as suas aparições, e fez a sua despedida dos palcos, com 64 anos, nos “Huguenotes”.
Perguntaram-lhe há pouco tempo quais os seus cantores preferidos, respondendo que, em primeiro lugar, Kirsten Flagstad sem qualquer dúvida e logo depois Nicolai Ghiaurov, nos seus primórdios.
Inúmeras são as gravações que nos deixou, e é difícil fazer uma selecção, porque qualquer delas é fantástica.
Vamos ouvi-la na “Lucia”. Sem comentários.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

"Ernani"

Há óperas pouco conhecidas, e raramente levadas a cena, mesmo de compositores consagrados. Não fazem parte daquele conjunto de que mesmo o leigo trauteia uma ou outra ária, e são muitas vezes, injustamente esquecidas.
É o caso de “Ernani”, de Verdi.
Composta em 1844, foi a sua quinta ópera, baseada em Victor Hugo. A melodia é fantástica em todos os quatro actos, a intensidade dramática exige dos cantores uma capacidade cénica tremenda, as árias espectaculares sucedem-se, e “sente-se” Verdi constantemente.
Em 1982, o La Scala produziu uma representação desta Ópera, que ficou na memória de todos, porque felizmente foi gravada, e posteriormente editada em DVD.
O elenco é de luxo: Placido Domingo (Ernani), Mirella Freni (Elvira), Renato Bruson (D.Carlos) e Nicolai Ghiaurov (Gomez de Silva), nos principais papéis, acompanhados pela Orquestra do La Scala dirigida por Riccardo Muti.
Aconselho vivamente.
Vamos ouvir o terceto do quarto Acto de “Ernani”, “Cessaro i Suoni”, não dessa récita, mas de um concerto realizado em Nova York, com Placido Domingo, Deborah Voigt e Roberto Scandiuzzi.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Em poucos meses...

Sabem como nasceu o Teatro São Carlos?
A Lisboa reconstruída pelo Marquês de Pombal não possuía teatro próprio para Ópera, já que os então existentes teatros do Salitre, do Bairro Alto e da Rua dos Condes não tinham condições para isso.
Assim, um grupo de negociantes e capitalistas (já vimos anteriormente porquê) tomou a iniciativa de construir um teatro novo, para Ópera, que fosse semelhante ao San Carlo de Nápoles.
Incumbiram o arquitecto José da Costa e Silva do projecto, e influenciaram decididamente o poder político, representado por Pina Manique. De tal maneira, que este entendeu que seriam os melhores operários que deveriam construir o Teatro e rapidamente. E assim foi. Para espanto de todos, inclusivamente para nós, a construção durou meses, sim, meses. (Hoje em dia, a reparação de um qualquer túnel…demora anos….).
O custo traduziu-se em 165.845$196 reis, o que era uma fortuna, à época.
Foi inaugurado a 30 de Julho de 1793, com a ópera “La Ballarina Amante” de Cimarosa.

Se hoje Lisboa tem o São Carlos, deve-o principalmente ao grupo que tomou a iniciativa da sua construção.
Anselmo José da Cruz Sobral, Jacinto Fernandes Bandeira, João Pereira Caldas, António Francisco Machado, Joaquim Pedro Quintela e António José Ferreira Sola.
Foram eles.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Kathleen Battle

Soprano lírico, nasceu em 1948, começando a cantar com a mãe na igreja, e desde logo despertando a curiosidade pelo seu timbre e qualidade, o que a levou a ter lições de música com apenas seis anos.
Antes de começar a sua carreira como cantora foi professora de canto na sua comunidade, com crianças afro-americanas.
Fez a sua estreia em 1972 com o “Requiem” de Brahms, em Spoleto (Itália), e desde então o sucesso foi uma constante. Brilhou como poucos em Salzburgo, interpretando Mozart, de tal forma, que em 1987, Karajan convidou-a a cantar uma valsa no Concerto de Ano Novo em Viena. Lembram-se? Pois foi a única vez que o grande Maestro o regeu, e a única vez em que uma cantora fez parte do programa.
Esta cantora tem, no entanto, outra particularidade.
Não é tão dócil como nas suas interpretações…o que motivou, para além de grandes discussões com colegas, ter sido despedida, por exemplo, do MET.
São várias as “peripécias” que o seu “mau feitio” desencadeou…mas talvez isso não venha agora a propósito.
De qualquer maneira, Battle é um excepcional soprano, e é um prazer ouvi-la em qualquer das suas inúmeras gravações.


terça-feira, 16 de outubro de 2007

Um "não" difícil

Recebi de um jovem apreciador de Ópera, um mail em que pedia a minha opinião sobre uma récita que o São Carlos vai produzir em breve, do “Rigoletto”. Está na dúvida se deve ou não ir.
Fiquei a pensar no pedido e na resposta que lhe dei.
Se o que pretendo, modestamente, com este blogue é divulgar a Ópera para todos, mas principalmente para os que a desconhecem por completo, e muitos são, nomeadamente os jovens, apeteceu-me responder, de imediato, “vá!”.
Se um jovem manifesta interesse pela Ópera, a ponto de estar informado sobre a programação do único teatro lírico desta cidade, onde a oferta cultural é imensa e multifacetada, mal parecia não lhe responder, de imediato, “vá!”,
Se eu sei que assistir ao vivo a uma Ópera é completamente diferente de ouvir num cd ou dvd, ou simplesmente na rádio, e que as oportunidades de o fazer, mesmo nesta cidade, são raras, ter-lhe-ia incutido, sem hesitações, o propósito de “ir”.

Não sei se ele seguirá ou não o meu conselho.
Mas a minha resposta foi “não vá”.

“Rigoletto” foi a primeira ópera gravada que tive, em LP, com um elenco de luxo de que faziam parte Ettore Bastianini, Renata Scotto, Alfredo Kraus e Fiorenza Cossotto.
Foi fácil apaixonar-me por esta obra.
Tinha 12 anos.
E foi igualmente o melhor caminho para me iniciar nas lides líricas, pois a partir daí fui aumentando a minha colecção, com Verdi muito bem representado.
Ao ler o mail deste jovem, pensei nisso.
Esta ópera tem árias espectaculares, que facilmente entram no ouvido, mesmo de um leigo, o que me parece, nem ser o caso em apreciação. É difícil não gostar de um “Rigoletto”.
Mas… os muitos anos que já percorri, de atenção ao que se vai passando nesta área, levaram-me, mesmo em frente às bilheteiras do São Carlos, a não comprar o meu bilhete.
Achei os elencos fracos. Fraquíssimos.
E leram bem, elencos, pois cada personagem tem dois cantores programados, um para a estreia e outro…para o resto. O que, sendo normal em teatros de Ópera, é neste caso muito preocupante, porque se nem as “primeiras” figuras o são…as “segundas” levantam sérias interrogações…
Sugeri-lhe antes um dvd.

Terei feito bem?
Em consciência, fiz.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Álvaro Malta


Posso estar enganado, mas penso que durante muitos anos, se pedissem numa qualquer rua portuguesa, a um qualquer cidadão, para referir um nome de um cantor lírico português, a resposta seria claramente Álvaro Malta.
Não porque o tivessem ouvido no Trindade, no São Carlos ou no Coliseu, mas porque era algumas vezes convidado pela RTP para comentar este ou aquele esporádico assunto relacionado com Ópera. E é verdade que muito poucos cantores portugueses actuaram tantas vezes em São Carlos.
Ainda hoje muitos se recordam de Álvaro Malta (nasceu em 1931), que aos 18 anos já fazia parte do Coro do nosso Teatro lírico.
A sua primeira apresentação em público data de 1951, cantando o “Requiem” de Mozart. E ao longo da sua brilhante carreira, cantou ao lado das grandes figuras, como Corelli, Gobbi, Christoff, Gedda, Crespin, Gorr e Di Stefano.
Este baixo português, para além da voz magnífica, era um excelente actor, o que nem sempre acontece, como já vimos, mesmo em cantores de nomeada internacional.
Fez o “Barão Douphol” na célebre “La Traviata” com Maria Callas em Lisboa, em Março de 1958.
A última vez que Malta cantou em público foi em 1989, uma “Serva Padrona” com Elsa Saque e Vasco Gil.
Quase 40 anos de Ópera.
Julgo que o lugar, ou vazio, que deixou, nunca foi preenchido.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Estolas e Ressonar...

“Se os amantes da ópera são tão apaixonados por uma coisa tão chata, eles que paguem mais pelos bilhetes. Em qualquer caso, muitos desses fanfarrões só vão à ópera como ocasião social de confraternizar com os seus igualmente privilegiados amigos”.

Esta a opinião enviada por um leitor ao jornal “Evening Standard” em 1995.

Perdoando a este detractor da ópera o apelidá-la de “coisa” e “chata”…lembrei-me das inúmeras estolas que se passeavam em enrugados pescoços pelos salões do São Carlos, nos intervalos, no tempo da outra senhora. Estolas que durante as récitas ajudavam as donas a mais facilmente dormir e até ressonar, o que é tão incomodativo como os crónicos e inevitáveis ataques de tosse e catarro, enquanto os pobres cantores bem tentam continuar concentrados.
Como certamente muitos saberão, após as récitas no São Carlos, levava-se a encenação para o velhinho Coliseu dos Recreios, onde o preço dos bilhetes tornava acessível o espectáculo a um público muito mais vasto. E conhecedor.
O grande Alfredo Kraus dizia mesmo que tinha muito mais receio de cantar no Coliseu do que em São Carlos, porque o mais leve deslize significava “pateada” no Coliseu, dado que “o público conhece a Ópera de um modo mais exigente”.
E assim era, de facto.

Voltando à carta do leitor, sabem porque é que os teatros de ópera têm todos a forma de uma ferradura? Por dois motivos: para limitar a distância do palco ao ponto mais afastado do auditório, e para que os detentores de camarotes se pudessem mostrar uns aos outros.
Ou seja, a carta não é infundada de todo.

(Fotografia do “Arquivo Fotográfico de Lisboa”)

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Placido Domingo

A voz de Pavarotti é única. Ímpar.
Mas…há quem defenda que Placido Domingo (nasceu em 1941) é “o” tenor completo da sua geração, pois reúne todos os atributos necessários: voz, representação, presença.
E mesmo quando ambos estavam no apogeu, muitos preferiam Domingo.
Na verdade, o largo “leque” de óperas que já cantou, e que chega a Wagner, colocam-no entre os maiores tenores de todos os tempos. Indiscutível.
Estreou-se como barítono (Pascual em “Marina”) e como tal vai terminar a sua carreira em 2009, conforme já anunciou. Como tenor, aparece pela primeira vez em 1959 (Alfredo em “La Traviata”). E desde aí até hoje, o sucesso não parou.
Sabiam, por exemplo, que é seu o record de aberturas de época no MET? Aconteceu durante 21 (!) anos, superando Caruso.
É difícil para qualquer tenor celebrizar-se em papéis de ópera italiana e francesa, e brilhar em Bayreuth. Mas Placido Domingo conseguiu-o.
Veremos se a carreira de Maestro será tão bem sucedida.
Tenho sérias dúvidas, mas pelo menos, continuaremos a ver Domingo ligado à paixão da sua vida.


quarta-feira, 3 de outubro de 2007

"Vedetas"...

Angela Gheorghiu é, indiscutivelmente, um dos grandes sopranos actuais.
Mas hoje quero apenas fazer referência a uma notícia “a escaldar”.
A duas horas do ensaio geral de uma “La Bohème”, em Chicago, foi despedida e substituída por uma jovem ainda ilustre desconhecida.
Justificação da administração do teatro: faltou a seis dos dez ensaios.
Justificação da cantora: "conheço muito bem o papel e o meu marido precisava que estivesse mais tempo junto dele".

Ou seja…a candidata (?) a “diva” entende que não precisa muito de ensaiar…e talvez por isso esta situação de despedimento não seja inédita na sua ainda curta carreira.

Eu devo dizer claramente que detesto “vedetas”…. e faltas de humildade e profissionalismo.

sábado, 29 de setembro de 2007

Rita Streich


Rita Streich (1920-1987) foi um dos maiores sopranos “coloratura” da segunda metade do século passado.
Soprano “coloratura” significa que ornamenta o canto, de uma forma rápida, especialmente nos agudos. É aquilo a que se costuma chamar o canto “rouxinol”.
Russa, cresceu e viveu na Alemanha, tendo-se estreado durante a II Guerra Mundial no papel de Zerbinetta da ópera “Ariadne auf Axos”, de Strauss. E permanecerá em Berlim até 1952, quando surgem os convites para o La Scala, Bayreuth, Convent Garden, Salzburgo e Viena, isto é, para os grandes palcos europeus da Ópera.
E dado o seu tipo especial de voz, os seus sucessos foram tremendos nas operetas mais conhecidas.
Vamos ouvir Rita Streich em Donizetti.









terça-feira, 25 de setembro de 2007

Mirella Freni

É simultaneamente fácil e difícil escrever algo sobre uma das nossas cantoras preferidas. Desde sempre.
Mirella Freni, o grande soprano italiano da sua geração, cabeça-de-cartaz com Pavarotti, Placido Domingo e Carreras, uma geração dourada que dificilmente se repetirá.
Nasceu em 1935 em Modena, exactamente como Pavarotti. E com ele cantou um dos seus grandes êxitos, “La Bohème”, para mim a melhor de todas.
Mas Freni tem, para além disso, uma característica fora do vulgar: a gestão que fez da sua carreira, que lhe permitiu cantar até aos 64 anos, num nível elevado, com a “Fedora”.
Quem não tem, na sua discoteca, algumas das suas gravações?
“La Bohème”, “Madama Butterfly”, “Othello”, enfim, uma série enorme de óperas em que o seu talento é posto em evidência.
Foi casada com Leone Maggiera, grande maestro que muito a ajudou no princípio da sua carreira, e depois com o baixo Nicolai Ghiaurov, um nome que dispensa igualmente adjectivos.
Actualmente dá aulas de canto, e todos esperamos que consiga descobrir uma nova “Mimi”.


sábado, 22 de setembro de 2007

Janet Baker

É uma deusa em Inglaterra, venerada por gerações, e com razão.
Contralto, Janet Baker (nasceu em 1933) é uma intérprete sublime das óperas de Britten, que a celebrizou, a que acrescenta uma carreira notável no “lieder”. E na ópera barroca, meus senhores, é “só” …única.
Handel, Purcell, Monteverdi, Cavalli e Gluck dificilmente tiveram, têm ou terão intérprete como ela, de uma intensidade dramática absoluta, aliada a uma voz difícil de adjectivar.
Esta grande cantora não tem a auréola de popularidade que muitas outras, de bem menor qualidade, alcançaram, e tal deve-se a nunca ter transigido com um repertório mais “popular” ou “acessível”. Nesse aspecto, assemelha-se à grande Cecilia Bartoli.
Aconselho que escutem qualquer gravação de Janet Baker. Qualquer.
Mas “Ariodante”, “Dido e Eneias”, “Orfeu e Eurídice” e “Giulio Cesare” são, na minha opinião, pontos muito altos de uma longa e brilhante carreira.
E se não quiserem óperas completas, há um cd da EMI, da série “The Very Best of”, que aconselho vivamente.

Janet Baker.
Incontornável.


quarta-feira, 19 de setembro de 2007

"Concerto de Verão"

Fiquei estupefacto…
A RTP transmitiu, em directo, um Concerto da chamada música “erudita”!
Há quantos anos isto não acontecia?

A Orquestra Metropolitana de Lisboa, António Rosado e Elisabete Matos.
Belo cartaz!
Se tivesse de escaloná-los por ordem decrescente, face ao que vi, colocaria o pianista em primeiro lugar, depois o soprano e logo a seguir a Orquestra, que me pareceu nem sempre estar bem.
António Rosado esteve ao seu nível, isto é, excelente, na “Rhapsody in Blue” de Gershwin. Espectacular.
Elisabete Matos, mesmo contra a vontade do seu médico, cantou, e talvez por isso, ainda que estivesse num bom plano, não esteve seguramente no seu melhor.
Quanto à Metropolitana de Lisboa...não me fez esquecer, bem pelo contrário, Graça Moura.
Mas foram 90 minutos de bom nível.

Duas notas:

José Carlos Malato…a apresentar um Concerto…pode resultar no que veio a acontecer, que foi simplesmente julgar que o “Toreador” era de uma opereta…Nem Gabriela Canavilhas lhe valeu.

E uns meninos a rufarem tambores….para quê?

sábado, 15 de setembro de 2007

Zuleica Saque


Zuleica Elbling. Zuleica Saque.
O nome verdadeiro e o artístico, de uma grande cantora portuguesa.
Com apenas 18 anos ingressa no Coro do Teatro S.Carlos, mas só quatro anos depois é contratada para dois pequenos papéis em “Arabela” e “As Bodas de Fígaro”.
No ano seguinte, ainda em pequenas participações, canta ao lado de figuras como Régine Crespin e Renata Scotto.
É então convidada para fazer uma audição no Teatro da Trindade, onde Tomás Alcaide a contratou de imediato.
E assim começa uma carreira brilhante, que em Portugal é dividida entre os dois teatros.
Bolseira do então “Instituto de Alta Cultura”, e proposta por Gino Bechi, o soprano vai para Itália aperfeiçoar ainda mais a sua voz. Primeiro passo para a sua constante presença nos palcos internacionais, com Piero Cappuccilli, Alfredo Kraus, Sesto Bruscantini, Giuseppe Taddei e Franco Corelli, entre muitos outros.
Em 1971 substitui Mirella Freni no Gran Teatro del Liceo, em Barcelona, cantando a Margarida, do “Fausto”. Leram bem…cantou no lugar da “diva”, e bem.
Já nessa altura era uma cantora respeitada nos grandes palcos da Ópera, mas nem assim deixava de vir cantar ao seu país.
Zuleica Saque (nasceu em Lisboa, em 1941) vive actualmente em Itália.

Completamente esquecida em Portugal. Para não variar.
Tão esquecida…que nem uma fotografia decente consegui arranjar.
Peço desculpa pela qualidade desta, mas foi a possível numa velha revista.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Curiosidades (3)


O público do La Scala é conhecido pela paixão que dedica ao canto lírico e pela sua exigência, habituado que está a presenciar excelentes récitas.
A pequena história que vou contar pode ser verdadeira ou não, mas é lendária em Milão, e sempre andou de boca em boca.
Certo tenor, jovem ainda, numa representação de “Il Trovatore”, ao acabar a célebre ária “Di Quella Pira”, foi delirantemente aplaudido, o que até ao próprio surpreendeu. Pedido o “encore”, voltou a cantar a ária. No final, a mesma coisa.
O tenor estava maravilhado, até que se ouviu, da primeira fila da plateia, em voz gritante, o seguinte:
“Vais cantar isso até que te saia bem!”

domingo, 9 de setembro de 2007

Curiosidades (2)

Enquanto Puccini se embrenhava na composição da “Manon Lescaut”, Leoncavallo escrevia “Os Palhaços”.
Por se fazer sentir um calor insuportável em Milão, Leoncavallo alugou uma casa no Tirol italiano, e convenceu Puccini a fazer o mesmo, oferecendo-se, inclusivamente, para lhe arranjar uma casa.
Assim aconteceu. Dois grandes amigos.





Até que, passados uns dias, Leoncavallo confidenciou a Puccini que estava a pensar adaptar, para uma nova ópera, uma velha novela sobre a vida dos artistas da margem esquerda do Sena. Era grande a sua expectativa.


Puccini escutou, e gostou tanto da ideia…que decidiu, sem nada dizer a ninguém, levá-la à prática...
Um ano antes de Leoncavallo terminar o seu trabalho, Puccini apresentou “La Bohème”!

É caso para dizer…que rico amigo!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Pavarotti. Sempre!


Uma das mais belas vozes da Ópera.
O intérprete de excepção de Puccini.
O tenor que mais popularizou, junto do grande público, o canto lírico.

Mais do que as suas gravações em dvd, aconselho a audição dos seus cd.
É uma voz única.

Modena ficou órfã de um dos seus “ex-libris”.
Mirella Freni está agora só.
Ela, que com ele cantou, como nenhum par, “La Bohème”.

Acompanhei a sua carreira desde o início.
Cresci com ela, amadureci com ela.
E sempre, mas sempre, me fascinou.

Tem um lugar muito especial nas minhas audições diárias.
Terá sempre.

Luciano Pavarotti.
A preto ( do luto) e branco ( do lenço).

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

José Fardilha


Pouco de fala dele em Portugal, mesmo no mundo da lírica. Como se fosse um caso banal, ou com pouca importância.
José Fardilha, que nasceu em Lisboa em 1956, é indiscutivelmente o único barítono português com alguma projecção no exterior.
Só em 2007, Fardilha cantou o Leporello do “Don Giovanni” em Amesterdão e Trieste, e o Malatesta do “Don Pasquale” também em Trieste.
Alguém soube, ou falou disso, no nosso país?
Estudou com Cristina de Castro, tendo ingressado posteriormente no coro do Teatro de S.Carlos. Nos primeiros anos da década de 80 assumiu pequenos papéis, que lhe foram granjeando admiração pela sua bela voz. A tal ponto, que é convidado para cantar em diversas companhias italianas e alemãs. E por lá ficou, sendo presença constante no La Scala.
Juntamente com o soprano Elisabete Matos, forma a dupla mais consagrada, diria a única, de cantores portugueses no estrangeiro.
Fardilha tem cantado sob a direcção dos maiores maestros, como Abbado, apenas como exemplo.
Para um cantor português, seria caso para uma bem maior divulgação.
Mas nasceu neste país…

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Curiosidades (1)



Em 1814, a vila de La Roncole, no vale do Pó, foi saqueada pelos exércitos austríaco e russo, na sua caminhada contra a França.
As mulheres da vila refugiaram-se, com os filhos, na Igreja de S.Miguel Arcanjo, mas as tropas invadiram-na e mataram quem encontraram, excepto uma delas que se escondera na torre, junto aos sinos, com o seu filho de apenas 1 ano.
Esse bebé era Giuseppe Verdi.
Ainda hoje, no local, existe uma placa comemorativa.

A força do Destino…
E também é curioso lembrar que em “Il Trovatore” uma criança é salva da morte por mero acaso. Não por um sino, mas por uma cigana.

Coincidência ou não, o certo é que Verdi nunca esqueceu a sorte que tivera.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Zinka Milanov


Zinka Milanov (Zagreb 1906 - Nova York 1989), foi um soprano spinto (ou seja, um soprano “entre” o lírico e o dramático) que passou toda a sua juventude a estudar canto, quer na sua cidade natal quer em Milão e Viena.
Estreou-se em 1927 na Leonora de “Il Trovatore”.
Foi “descoberta” pelo grande Bruno Walter, que a recomendou a Toscanini para uma representação do “Requiem” de Verdi em Salzburgo.
Em 1937 faz a sua estreia no MET, e curiosamente também com a Leonora. E aí permanece longos anos.
Regressa à Europa para aparecer pela primeira vez no La Scala em 1950, na “Tosca”.
Segundo os críticos da época, Milanov atingiu o apogeu das suas enormes capacidades exactamente a partir desta altura.
Foi uma intérprete de excepção de Verdi.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Claudio Abbado

Sobre Claudio Abbado podia escrever páginas e páginas. E é difícil resumir todos os aspectos da sua vida profissional, tão rica ela é.
Sem dúvida, um dos grandes maestros do século XX.
Abbado nasceu em Milão em 1933, onde foi director musical do “La Scala” de 68 a 86, um dos períodos de maior brilho daquela casa de espectáculos. Ao abandonar o Scala passa a director musical da Ópera de Viena, onde permanece até 1991.
Foi ele o sucessor, na Filarmónica de Berlim, do lendário Karajan, de onde saiu em 2002.
Dirigiu todas as grandes óperas, mas dedica especial atenção à divulgação de obras contemporâneas, e ao ensino musical dos jovens.
Inúmeras são as gravações, em cd e dvd, que podemos encontrar no mercado.
Um grande maestro italiano.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Marilyn Horne


Nasceu nos Estados Unidos em 1934.
Estreou-se em 1954 em “Bartered Bride” de Smetana. Parte nesse ano para a Europa, juntando-se à Companhia de Ópera de Gelsenkirchen.
Como soprano, cantou aí a Mimi de “La Bohème” e a Amelia de “Simon Boccanegra”. O sucesso foi enorme, o que levou a Ópera de San Francisco a convidá-la. E Horne regressa aos Estados Unidos.
A primeira vez que canta com Joan Sutherland é em 1961, na “Beatrice di Tenda” de Bellini. Iniciava-se uma dupla que se tornaria lendária.
A revista “Opera News” classificou Marilyn Horne “provavelmente a maior cantora do mundo”, em 1981. Modestamente, reforçaria o “provavelmente”, mas que é uma das maiores, não tenho dúvidas.
Há quem a considere igualmente a maior intérprete de Rossini.
Com ou sem epítetos, o seu nome está gravado a ouro no livro de honra da arte lírica.


sábado, 18 de agosto de 2007

Julia Varady


Caso idêntico a Shirley Verrett.
Começou como “mezzo” e terminou como soprano.
Nascida na Hungria em 1941, Julia Varady estreou-se em 1962 no "Orfeu" de Gluck.
O êxito foi enorme.
De tal ordem, que logo nesse ano começa a cantar nas principais salas da então Europa de Leste, até entrar em 1970 para a Ópera de Frankfurt. A partir daí é presença constante no MET, no La Scala e na Royal Opera House.
A sua discografia é gigantesca, sendo difícil escolher as melhores gravações, tal a sua qualidade.
Casada com outro “monstro sagrado”, Dietrich Fischer-Dieskau, retirou-se dos palcos no final dos anos 90, após uma longa e brilhante carreira.
É agora professora em Berlim.

domingo, 12 de agosto de 2007

Shirley Verrett


Um “mezzo” que também é soprano.
Desde 1957, ano em que se estreou na “Lucrezia” até aos anos 70, Verrett só interpretou papéis de mezzo, e fê-lo com uma categoria excepcional. Ficaram célebres a sua “Carmen”, a sua “Ulrica”, “Amneris” e “Azucena”, que cantou nos grandes palcos da Europa e dos Estados Unidos. E perante o espanto generalizado, começa a cantar como soprano em 1972, com Selika de “L’ Africaine”, a que se seguiram os grandes papéis da “Tosca”, “Norma”, “Aida” e muitos outros.
As opiniões dividem-se, pessoalmente prefiro-a como “mezzo”, mas há quem não concorde.
Shirley Verrett.
Uma cantora que aproveitou a sua fama para defender as causas em que acredita. Foi rejeitada pela Orquestra de Houston, logo no início da sua carreira, porque a direcção da Orquestra recusou uma negra para solista, e desde então fez do anti-racismo uma bandeira de luta, de que não abdica.
Recomendo a leitura do seu livro autobiográfico “I Never Walked Alone”.
Shirley Verrett.
Uma cantora com convicções.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Samuel Ramey


Admiro muito este “baixo” norte-americano, porque tanto consegue interpretar os papéis de Rossini ou Mozart, como os de Verdi e Puccini.
Samuel Ramey, que nasceu em 1942, estreou-se no MET apenas em 1984 no “Rinaldo” de Handel, mas a partir daí foi “cabeça-de-cartaz” em todos os principais palcos mundiais da Ópera.
Se me perguntassem para escolher uma das suas memoráveis interpretações, escolheria, sem hesitar, o “Mefistófeles” de Boito. É magistral, e recomendo vivamente.
E ainda hoje, com 65 anos, participa anualmente em dezenas de espectáculos.

Samuel Ramey.
Um “baixo” espantoso.

sábado, 4 de agosto de 2007

Giovanni Martinelli


Um fenómeno.
Uma voz de tenor portentosa, uma longevidade como cantor quese inédita.
Martinelli nasceu em Padua em 1885, e estreou-se em Milão em 1910 no “Stabat Mater” de Rossini. Pouco depois, Puccini escolhe-o para a “Fanciulla del West” em Roma.
Não era vulgar, muito menos naquela época, um cantor europeu ser convidado a fixar-se nos Estados Unidos, no MET. Mas foi o que aconteceu, e Martinelli cantou neste “santuário” da Ópera de 1913 até 1945! E só raramente apareceu nos palcos europeus.
E aos 82 anos… ainda cantou o “Imperador” da “Turandot”!
É difícil destacar alguns dos papéis que interpretou, tal a qualidade de todos.
Um tenor sublime, como se pode comprovar através das gravações que nos chegaram.

domingo, 29 de julho de 2007

Rosa Ponselle


Filha de emigrantes italianos nos Estados Unidos, Rosa Ponselle começou bem cedo a cantar com a irmã em dueto, no “vaudeville” de Nova York.
Era uma dupla de sucesso, que um dia foi ouvida por Enrico Caruso. De tal maneira ficou impressionado com a voz da jovem Rose, que lhe arranjou um contracto para o MET, em 1918.
Aí se estreou com a Leonora da “La Forza del Destino”, exactamente com Caruso.
Sucesso tremendo!
Sucederam-se os grandes papéis de soprano, e em 1927 a “Norma”, que a celebrizou.
Na década de 30 cantou nos principais palcos europeus, e quando no auge da sua carreira, em 1937, decide retirar-se.
Uma decisão que a crítica da época recebeu mal, pois o soprano era uma das primeiras figuras, mas Rosa Ponselle acabara de casar com um milionário americano, e optou por uma vida longe dos palcos.
Perdia-se uma voz extraordinária e uma intérprete de excepção.
Felizmente deixou-nos inúmeras gravações, que podem ser facilmente encontradas, sendo difícil escolher.
Faz parte da lista das minhas cantoras preferidas.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Leontyne Price

Nascida em 1927, começou aos 5 anos a receber lições de piano, mas nessa idade já ouvia a mãe, também ela com uma bela voz, a cantar.
E na escola, fazia igualmente parte do Coro, aí se destacando desde logo.
Entendeu que queria ser professora de música, mas ao escutá-la, o Director do “College of Educational and Industrial Arts” conseguiu convencê-la de que o seu futuro residia muito mais no canto. E em 1948 ingressa na célebre “Juilliard School of Music”, em Nova York.
A sua estreia acontece em 1952, num papel de que se tornaria uma das maiores intérpretes, a Bess de “Porgy and Bess”.
A década de 50 é perfeitamente alucinante na sua carreira. Os papéis sucediam-se, o êxito sempre estrondoso. Entre muitos outros, “Tosca”, “A Flauta Mágica”, “Diálogo das Carmelitas”, “Aida”. Refira-se, a propósito desta última ópera, que Price cantou no La Scala em 1960, que foi a primeira cantora negra a cantar um papel principal naquele teatro.
Em 61 estreia-se no MET com a Leonora de “Il Trovatore”. A ovação durou 42 minutos…uma das maiores na história daquele “templo”.
E a década de 60 não foi mais descansada para o soprano. Perto de 120 representações.
Nem a seguinte.
Leontyne Price.
Um nome que dispensa comentários.
Ouvi-la é divino. É pelo menos esta a minha opinião.

domingo, 22 de julho de 2007

Régine Crespin

Morreu há poucos dias. Nascera em 1927.
Aluna brilhante do Conservatório de Paris, onde obteve as mais altas classificações, estreou-se em 1948.
Uma voz potente, enorme capacidade de representação, ela é em Bayreuth, nos anos 50, uma das grandes wagnerianas.
Canta pela primeira vez no MET em 1962, e escolhe "O Cavaleiro da Rosa", um dos seus papéis favoritos.
Em Salzburgo, com Karajan, aparece na Brunnhilde em 1967 e 1968.
Despede-se dos palcos em 1989, e é professora no mesmo Conservatório onde tanto se distinguira como aluna de 1976 até 1992.
Régine Crespin.
Mais uma grande voz que desaparece.


quinta-feira, 19 de julho de 2007

Jon Vickers

A primeira vez que o ouvi foi no célebre “Otello” com Mirella Freni, dirigidos por Karajan, em 1974. E fiquei, a partir daí, um seu admirador.
Este tenor canadiano nasceu em 1926, e estudou ópera em Toronto até partir para Inglaterra, onde ingressou na Royal Opera House em 1957, estreando-se com o Riccardo do “Baile de Máscaras”. Transferiu-se para o MET em 1960, aí cantando na estreia o Canio dos “Palhaços”, e onde durante anos e anos cantou tanto papéis wagnerianos como italianos, pois a sua voz permitia-lhe abarcar todos os tipos de tenor.
Colocava uma tal intensidade dramática nas suas interpretações, que se torna inolvidável para quem teve a sorte de a elas assistir.
Diria que Jon Vickers é um tenor diferente.


quinta-feira, 12 de julho de 2007

Giulio Neri


A sua vida foi muito curta (1909-1958), e a sua carreira artística durou pouco mais de vinte anos.
Mas foi seguramente um dos baixos mais importantes da sua geração, e as suas raras gravações ainda hoje são ouvidas com especial interesse.
Giulio Neri era um baixo “profondo”, daqueles que eu gosto de ouvir, no seguimento de Tancredi Pasero, e anterior à escola de Leste, nomeadamente a búlgara e a russa.
O grande barítono Tito Gobbi chegou a afirmar que o Grande Inquisidor de Neri no “Don Carlo” definia o papel.
Giulio Neri actuou principalmente na sua Itália natal, cantando em todos os principais palcos da Ópera, bem como na rádio.
Se puderem, e encontrarem, ouçam-no.
Prometo que, dentro em breve, voltarei a ele, para indicar algumas das gravações disponíveis.
Até lá, aqui o têm exactamente no Grande Inquisidor, ao lado de Cesare Siepi.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Teresa Berganza


Rossini, Mozart e Bizet são os três compositores que ajudaram a cimentar a carreira de Teresa Berganza, versátil cantora espanhola que interpreta papéis de mezzo mas também de soprano.
Estreou-se em 1955 como Dorabella em “Così Fan Tutte”, e logo depois fez a Rosina do “Barbeiro de Sevilha”, papel que não mais abandonaria e que a celebrizou.
Nascida em 1935 ( o mesmo ano de Freni e Pavarotti), Berganza foi a primeira mulher eleita para a Academia Real das Artes, em Espanha.
É actualmente professora na Escola Superior de Música de Madrid.
Mais uma enorme cantora lírica espanhola.
Ei-la na “Cenerentola”.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Gwyneth Jones


Falo hoje de um dos maiores sopranos dramáticos que a Ópera conheceu.
Nunca esquecerei aquela noite na Aula Magna, repleta, em que ficámos completamente extasiados com a sua actuação. O auditório rebentava de aplausos no final de cada ária. E merecidos.
Gwyneth Jones, que nasceu em 1937, no País de Gales, estudou em Londres, mas à sua custa; trabalhava como empregada de balcão, num bar, para poder suportar as despesas.
O seu primeiro grande sucesso foi, indiscutivelmente, “Turandot”.
Mas seria nos papéis que Wagner escreveu para soprano, que Jones atingiria o apogeu e a fama.
O “Anel” com Boulez é inesquecível, e felizmente existe editado para que todas as futuras gerações o possam ver.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Ramon Vinay


Ramon Vinay (1911-1996) foi um cantor chileno extraordinário.
Muitos associam desde logo o seu nome ao “Otello” de Verdi, tal a fama que a sua interpretação deste papel lhe granjeou. Justamente. Cantou-o pela primeira vez com Toscanini numa emissão radiofónica em 1947, récita que foi depois gravada e que ainda hoje é referência obrigatória para quem queira ouvir um excepcional “Otello”. Para muitos, o melhor de todos.
Barítono, mas também tenor, Ramon Vinay interpretou toda a panóplia de papéis conhecidos para estas duas vozes, e sempre com grande brilho.
Mas para sempre ficará como…”Otello”.

domingo, 1 de julho de 2007

Magda Olivero

O que melhor define e distingue este soprano é a sua “expressividade”.
Por vezes, para quem a escuta pela primeira vez, não é fácil gostar, exige um maior número de audições, e então consegue-se apreciar o talento, a riqueza da interpretação.
Para muitos foi a maior “Adriana Lecouvreur”.
Magda Olivero, que nasceu em 1910, estreou-se em 1932 numa emissão radiofónica em Turim, e daí para todos os principais palcos italianos durante uma década. Em 1941 casou-se e retirou-se.
Voltou mais tarde exactamente para cantar a “Adriana”, e só cantará no MET em 1975 na “Tosca”. Tinha 65 anos!
As suas últimas aparições em palco datam de 1981, com “La Voix Humaine” de Poulenc.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Ana Ferraz


Há poucos anos vi-a no “Elixir de Amor”. Uma bela voz, excelente presença em palco.
O soprano Ana Ferraz, que eu conhecia da Ópera de Câmara do Real Teatro de Queluz, (com Carlos Guilherme, Wagner Diniz e Elsa Saque), foi discípula de grandes Professores, bastando citar Hugo Casaes, Elsa Saque e Helena Pina Manique, a nível nacional, e fez cursos em Itália com Gino Bechi e Magda Olivero, por exemplo.
Estreou-se em São Carlos em 1991, numa ópera portuguesa quase desconhecida, “Amor de Perdição” de António Emiliano. Mas ali cantou diversas óperas, entre as quais “Gianni Schicchi”, “Don Giovanni” e “La Spinalba”.
Tem vários cd editados, mas é preciso procurar bem nas discotecas, porque neste País estes valores líricos estão praticamente votados ao ostracismo pelos pontos de venda. Mas se perguntarem, talvez tenham sorte…

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Carlo Bergonzi


Há quem muito o admire e quem não goste assim muito.
Sabem porquê?
É que Carlo Bergonzi fala “axim” e não “assim”, e no seu canto, em muitas palavras, torna-se muito evidente e estranho.
Mas…apreciando a sua voz, temos de o colocar na galeria dos grandes tenores do século XX.
Nascido em 1924, foi prisioneiro de guerra dos alemães na II Grande Guerra. Quando esta terminou, regressa a Itália e inicia os seus estudos de canto.
Estreia-se como barítono em 1947 (Schaunard em “La Bohème”), e assim canta durante alguns anos, até que em 1951, com a voz reeducada, aparece como tenor com o “Andrea Chenier”.
Estreia-se no La Scala em 1953, e em 1955 canta pela primeira vez nos Estados Unidos, em Chicago.
Cantou com todas as grandes figuras da Ópera do seu tempo, e são inúmeras as gravações que nos deixou.
Retirado, Bergonzi é dono de um hotel em Busetto, a que chamou “I due Foscari”.

Vamos ouvi-lo na célebre ária “Quando le sere al placido” da “Luísa Miller” de Verdi, seu compositor preferido.

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