terça-feira, 30 de dezembro de 2008

2009

Feliz Ano Novo para todos.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Coros de Ópera (2)



"Cavalleria Rusticana"
"Regina Coeli"

domingo, 21 de dezembro de 2008

Natal 2008

Desejo a todos um Bom Natal.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Coros de Ópera (1)


I Lombardi alla prima Crociata
“O Signore, dal tetto natio”
Acto IV

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Pilar Lorengar


É talvez das menos lembradas cantoras líricas espanholas, numa autêntica constelação de estrelas, bastando citar Teresa Berganza, Victoria de Los Angeles e Montserrat Caballé, que se juntam a Alfredo Kraus, José Carreras, Plácido Domingo entre outros, colocando o país vizinho numa plataforma de qualidade extraordinária.
Mas o soprano Pilar Lorengar (1929-1996) pertence a este “núcleo duro” com toda a justiça e mérito. Cantou os papéis mais importantes de Verdi e Mozart, nos grandes palcos internacionais, apesar de contratada pela Deutsch Opera de Berlim, uma ligação que durou praticamente toda a sua carreira.
Tudo começou na zarzuela, em 1950, onde cedo se notabilizou.
A sua estreia internacional data de 1955, no Festival de Aix-en-Provence, onde cantou o “Cherubino” das “Bodas”. E só terminou em 1991, quando deu um recital de despedida em Oviedo.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Inédito em Madrid


É soprano, directora de orquestra, compositora e musicóloga, e em todas essas actividades tem sucesso.
Pilar Jurado (nasceu em Madrid em 1968).
E será a primeira mulher a compôr uma ópera para estrear no Teatro Real de Madrid em 2011. Terá por título “Página en Blanco”.
A compositora escreve a ópera pensando em cantores concretos para os papéis, o que é interessante. “Gosto mais de pensar numa voz que em alguém abstracto. Sei que muitos cantores têm já compromissos para essa altura, mas tentaremos que na estreia estejam os melhores”.
Vamos ver o que sai daqui... pelo menos que componha como canta.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Ontem ouvi (5)


Em 1968, Pavarotti e Freni, o duo de Modena.
Este “L’Amico Fritz”, de Mascagni, é extraordinário.
Gavazzeni conduz a Orquestra da Royal Opera House, e para além da famosa dupla, nos papéis de "Fritz Kobus" e de "Suzel", temos Laura Gambardella na “Beppe”, Vincenzo Sardinero no “David”, Benito Di Bella no “Hanezò”, Luigi Pontiggia no “Federico” e Malvina Major na “Caterina”. O Coro é igualmente o da ROH, e a gravação foi feita nos célebres estúdios de Abbey Road, em Londres.
Para além da “Cavalleria Rusticana”, é a ópera mais cantada do compositor, e confesso desconhecer outra gravação que possa suplantar esta.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Olbinski

Polaco, arquitecto.
Vive nos Estados Unidos desde os anos 80.
Mas é como ilustrador que o seu nome, Rafal Olbinski, é mais conhecido.
Tem colaborado com muitas Companhias americanas de Ópera, e ganho os mais variados prémios de Ilustração.
Eis dois exemplos que me parecem bem significativos.


segunda-feira, 24 de novembro de 2008

"Chico Redondo"


D. Francisco de Sousa Coutinho (1866-1924).
Nasceu num palácio.
“Chico Redondo”.
Morreu numa Casa de Saúde para indigentes mentais.
Uma e a mesma pessoa.
Barítono.
Cantou pela primeira vez em público com o “Fausto” (“Valentim”) no Teatro do Príncipe Real, do Porto, em 1888.
Lia-se, a propósito, no “O Primeiro de Janeiro”:…uma poderosa voz de barítono, dum timbre incomparável, quente, igual em todos os registos, rico de tonalidade e colorido…”
Parte para Milão, e ali canta o “Poliuto”, com êxito assinalável. Mas era Paris que o atraía, cidade onde vive alguns anos de grande boémia. Em 1896 assina um contracto com a Ópera de Berlim, estreando-se em Fevereiro de 1897 com “Os Palhaços”. Tanto bastou para o sucesso. Que se tornou verdadeiramente notável com a sua interpretação em “Falstaff”, papel que o celebrizou, e que, segundo muitos, era o melhor do seu tempo.
Em 1900 está nos Estados Unidos, cantando em Washington e Nova Iorque.
Ganhava fortunas. Tudo esbanjava.
Suécia, Dinamarca, Brasil, Polónia e mais países têm o privilégio de o ouvir até à I Grande Guerra, altura em que regressa a Portugal.
Velho, cansado, pobre.
Percorre o país em digressões de operetas, mas a voz está arruinada.
Começou a dar aulas de canto, mas os sinais de perturbação mental eram já nítidos, sendo internado em 1923 e falecendo no ano seguinte.
Vale a pena ler a notícia reproduzida em cima.
Um enorme cantor português, hoje quase desconhecido.
“Chico Redondo”.

Fontes:
“Cantores de Ópera Portugueses”, Segundo Volume, de Mário Moreau.
“Revista ABC” de 1923.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

"Souvenirs"



Aconselho vivamente.
Anna Netrebko surge simplesmente fantástica neste seu último trabalho.
Uma voz prodigiosa, um “sentimento” interpretativo magnífico, um verdadeiro cd de “diva”.
Netrebko interpreta Dvorak, Offenbach, Richard Strauss, mas também Gustavino e Hahn, numa série de melodias que todos conhecem.
De salientar igualmente a participação do “mezzo” Elina Garanca, em algumas faixas, outra certeza do meio lírico.
Ouve-se e quer-se mais.
A Netrebko “pós-parto” está soberba.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ontem ouvi (4)





Há muitas gravações de “Tristão e Isolda”. E excelentes.
A que mais ouço é esta.
Waltraud Meier (nasceu em 1956) e Siegfried Jerusalém (nasceu em 1940) formam, na minha opinião, o melhor par da sua geração, nesta ópera.
Gravação feita em 1995, nela participam ainda Matti Salminen (Rei Marke), Falk Struckmann (Kurwenal), Johan Botha (Melot) e Marjana Lipovsek (Brangane).
A Orquestra Filarmónica de Berlim é dirigida por Daniel Barenboim.
O Coro é o da Ópera de Berlim.


terça-feira, 11 de novembro de 2008

A morte de Caruso


Curiosa a maneira como foi noticiada em Portugal a morte de Enrico Caruso, em 1921.
Reparem que se relevava a riqueza material do cantor, e quase se criticava as verbas que os grandes cantores recebiam dos seus espectáculos.

“Todos, entre nós, se lembram por certo das noites de verdadeira arte passadas em S.Carlos, quando, há anos ali cantou o notabilíssimo tenor Caruso, um dos maiores artistas da plêiade brilhantíssima de cantores que a Itália constantemente exporta.
Caruso galgou rápido ao apogeu da glória e conseguiu juntar uma fortuna formidável, como, via de regra, sucede a todos os grandes cantores que desde há muito se fazem pagar por preços exorbitantes.
Caruso pertenceu a esse número de privilegiados e amontoou realmente uma grande fortuna mas, um dia, por um azar inexplicável, perdeu a voz.
Calcularão todos os cuidados e desvelos de todos os mestres da especialidade para que o grande artista reconquistasse o timbre e volume perdidos e, em parte, triunfaram.
Cantou nos Estados Unidos da América com um agrado extraordinário e, há dias, retirou para Nápoles, sua terra natal onde uma peritonite renitente o matou no momento em que ia sofrer uma intervenção cirúrgica.
As manifestações de pesar em todo o mundo civilizado atestam o alto valor em que era tido o grande cantor e extraordinário artista.
A cidade de New-York enviou uma coroa enorme, e o carro fúnebre ia completamente coberto.
Em Nápoles o luto foi geral e a cidade vai erigir um mausoléu-monumento ao artista insigne.”

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ontem ouvi (3)


Já vi e ouvi muitas versões desta ópera de Mascagni, mas considero esta a melhor.
Gravada em 1966, dirigida por Herbert Von Karajan à frente do Coro e Orquestra do Scala de Milão, oferece-nos uma portentosa Fiorenza Cossotto (nasceu em 1935) na melhor “Santuzza” que conheço. O “Turiddu” é de Carlo Bergonzi (nasceu em 1924), igualmente ao seu nível, e os outros papéis foram entregues a MariaGrazia Allegri (“Lucia”), Giangiacomo Guelfi (“Alfio”) e Adriane Martino (”Lola”).
É curioso que, mesmo tendo a gravação vídeo, prefiro o cd.
Ouvir apenas. Sem distracções, podemos apreciar ao limite a arte de Cossotto, o dramatismo que empresta ao papel, a sua qualidade.
Brilhante.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Génese de Grandes Óperas (8)



Otto Wesendonck vivia numa quinta dos arredores de Zurique com a mulher, Mathilde (foto de cima), catorze anos mais nova do que ele.
Zurique estava então repleta de refugiados alemães, que haviam saído do seu país após a falhada revolução de 1848/9. Entre eles, Richard Wagner, e a mulher, Minna.
O compositor estava quase na miséria, vivendo de ajudas de amigos, entre os quais se contava Wesendonck, que recebia Wagner na sua casa com assiduidade.
E desde logo Wagner e Mathilde iniciaram um romance secreto, que inspirou o compositor alemão para “Tristão e Isolda”, segundo ele próprio escreve a um amigo, o grande Liszt. Compõe o primeiro acto, com o pensamento em Mathilde, mas também em Cosima (foto de baixo), filha de Liszt, que viria a ser a sua futura mulher.
Os conflitos com Minna são permanentes, e Wagner decide partir. Para Veneza, onde se instala num palácio degradado de um amigo, em pleno Grand Canal.
É na cidade italiana que escreve o segundo acto de “Tristão e Isolda”, completamente absorvido no seu trabalho.
Aproximava-se o Verão, e Wagner decide sair da cidade, para poder escrever o que lhe faltava sem suportar o calor. Vai então para Lucerna, onde compõe o acto final.
A estreia só acontecerá seis anos depois, em Junho de 1865, em Munique.
A crítica delirou.
Um dos jornais escrevia que “Tristão e Isolda” era “um dos mais impressionantes monumentos de som alguma vez esculpidos”.
E, seguramente, todos concordamos.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Ontem ouvi (2)

Esta “Lucia di Lammermoor” é simplesmente fantástica.
Gravada em 1983, consegue ainda “apanhar” os intérpretes em grande forma, caso de Edita Gruberova (nasceu em 1946), um dos grandes sopranos “coloratura” das últimas décadas, e que tem, neste papel, um dos seus enormes êxitos.
Alfredo Kraus (1927-1999), portanto com 56 anos na gravação, surge igual a si próprio, isto é, excelente, com o timbre que o celebrizou, e uma entrega dramática difícil de igualar no”Edgardo”.
O “Enrico” foi entregue a Renato Bruson (nasceu em 1936), barítono que se celebrizou principalmente com o “Macbeth” e o “Nabucco”, e que aqui surge como um dos verdadeiros sucessores da “geração de ouro” de que já aqui falei (Gobbi e seus pares).
O “Raimondo” de Robert Lloyd (nasceu em 1940) é extraordinário, demonstrando à saciedade porque foi considerado um dos maiores baixos da sua época.
A “Alisa” é Kathleen Kuhlmann, o “Normanno” Bruno Lazzaretti e o “Arturo” foi cantado por Bonaventura Bottone.
O maestro Nicola Rescigno, recentemente falecido, dirigiu a Royal Philharmonic Orchestra.
Se querem ouvir uma excelente “Lucia”, não hesitem.


sexta-feira, 24 de outubro de 2008

"Brilhante Weblog"



O blogue "A Biblioteca de Jacinto", da Clara, entendeu nomear o "Opera per Tutti" com esta distinção, que agradeço.
Respeitando os "estatutos", cabe-me agora nomear 7 blogues com o mesmo prémio.
Ei-los:

Geocrusoe
Paixões&desejos
Tinta Permanente
Valkirio
Do Lugar de Mim
Bic Laranja
Com Blogs de Ver

Peço que cada um deles repita o procedimento.

Discreto


Olhem quem se sentou atrás da viúva e da filha mais nova de Pavarotti.
Espectáculo realizado em Petra, há poucos dias, assinalando um ano do falecimento do grande tenor.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Génese de Grandes Óperas (7)


“Tosca” foi escrita por Julien Sardou, propositadamente para a grande actriz Sarah Bernhardt (foto em cima), e registou um tremendo sucesso aquando da sua representação.
A tal ponto que um crítico inglês não se coibiu de escrever:
“Bernhardt, com a faca na mão, sobre o moribundo Scarpia, é a cena mais próxima da grande tragédia nos tempos modernos”. Corria o ano de 1887.
Puccini viu a peça, e contactou de imediato Ricordi, o seu editor, para que conseguisse a autorização de Sardou para fazer uma ópera com o tema. Mas “Manon Lescaut” e depois “La Bohème” ocuparam o centro das suas atenções durante os anos seguintes, e Ricordi, já com o acordo de Sardou, assinou contracto com outro compositor, Alberto Franchetti.
Só que, entretanto, Puccini soube que o próprio Verdi ficara impressionado com a peça, e movendo as suas enormes influências (bem maiores que as de Franchetti), conseguiu que Ricordi anulasse o contracto já assinado, e lhe entregasse o trabalho. As condições em que esta rescisão ocorreu não abonam muito em favor da ética de Puccini, mas tal até nem era original na história da vida do grande compositor…
A ópera “Tosca” estreou-se em Janeiro de 1900, no Teatro Costanzi, (hoje Teatro dell’Opera) em Roma.
E desde aí, atrai multidões.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Ontem ouvi (1)



Que elenco!
Mario del Monaco (1915-1982) no protagonista, Anita Cerquetti (nasceu em 1931) como “Elvira”, Ettore Bastianini (1922-1967) como “Don Carlo” e Boris Christoff (1914-1993) no “Silva”.
O maestro foi Dimitri Mitropoulos (1896-1960), e a Orquestra e Coro do Maggio Musicale Fiorentino. Exactamente em Florença, 1957.
Completaram o elenco, Luciana Boni (“Giovanna”), Athos Cesarini (“Don Riccardo”) e Aurelian Neagu (“Jago”).
É absolutamente espantosa esta gravação.
Não duvido que outras gravações possam igualmente apresentar um naipe de cantores como esta, mas não é fácil. Também gosto muito do “Ernani” de Plácido Domingo, Freni, Bruson e Ghiaurov.
Mas…este é soberbo!


sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Génese de Grandes Óperas (6)


Em 1861, Verdi vivia em Turim com a mulher, Giuseppina Strepponi (foto de baixo).
Nesse ano, o director do Teatro Imperial de S.Petersburgo convidara-o a escrever uma nova ópera, e para esse efeito, o compositor recuperou uma peça que lera muito tempo antes, percorrendo as bibliotecas da cidade numa busca sem parar, com a preciosa ajuda de Giuseppina, um grande soprano da época.
Tratava-se de “Don Álvaro”, com o subtítulo de “A Força do Destino”, de Angel de Saavedra (foto de cima).
No entanto, o facto de ter aceite esta encomenda surpreendeu os seus amigos, pois pouco tempo antes afirmara-lhes que não escreveria mais nenhuma ópera, dado que as 21 da sua autoria já seriam suficientes. O futuro encarregar-se-ia de lhe mudar os propósitos, mas mesmo assim, até ao fim da sua vida, escreveria apenas mais cinco, a primeira das quais “A Força do Destino”. Na opinião de muitos, as suas melhores cinco óperas.
O libretista escolhido por Verdi foi Francesco Piave, que com ele trabalhou igualmente na “La Traviata” e no “Rigoletto”.
Estreou-se em Novembro de 1862, e registou um sucesso estrondoso. De tal maneira, que o Czar Alexandre, que assistiu à quarta récita, atribuiu a Verdi uma alta condecoração.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Arteta

Chama-se Ainhoa Arteta e é um soprano que os mais atentos à arte lírica conhecem, pelo menos de nome. Até porque ganhou, em 1993, o primeiro prémio do “Operalia”, o festival para jovens cantores, organizado por Plácido Domingo.
Mas talvez tenha sido esse o ponto mais alto da sua carreira.
Numa recente entrevista, a senhora, com pose de “diva” (que não é), respondeu à pergunta “Indique um animal da lírica que não seja o elefante da “Aida”, da seguinte forma:
“Um animal cénico de expressão, de bondade, de ajuda aos novos, é Plácido Domingo.
Haverá um antes e um depois dele, como houve com a Callas”.

“Em criança, queria ser Callas. Quem foi o seu Onassis?”
“Ninguém. Não suportaria um Onassis na minha vida. Não nego que tive pretendentes de muitos recursos, mas nunca valorizei esse aspecto”.

E chega de citações de uma entrevista quase “cor-de-rosa”.

Apetecia muito comentar.
Mas talvez não valha a pena.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Glass com Disney

A Ópera de Nova York acaba de encomendar a Philip Glass uma ópera sobre Walt Disney, que abordará os últimos dias de vida deste génio americano.
Prevê-se que estreie na temporada de 2012/13.
Glass (nasceu em 1937) é reconhecidamente um dos mais importantes compositores contemporâneos, tendo já mais de vinte óperas, das quais se destacam “Einstein on the Beach”, “Satyagraha” e “The Voyage”.


segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Polémica


Violeta Urmana.
Começou como “mezzo”, passou a “soprano”.
Já cantou Wagner, Verdi, Puccini, Ponchielli, Richard Strauss. E outros.
Mas não é uma "primeira figura". Longe disso.

Numa entrevista recente, afirmou:

“Não faço efeitos especiais para a galeria. Mesmo que isso signifique não seguir as pisadas de algumas grandes divas, como a Callas, que algumas vezes modificava notas para brilhar, sem acrescentar nada à partitura. Não é justo nem bonito.
Creio que o critério para reconhecer o bom canto nos nossos dias, não pode ser feito em relação com o passado. O gosto mudou, e não nos podemos basear apenas nos discos.”

Polémico, no mínimo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O par de Modena


E já que falamos em duos famosos, não posso deixar de referir o par de Modena.
Ambos nasceram na mesma cidade e no mesmo ano, 1935.
Gravaram juntos muitas óperas, algumas das quais perfeitamente inesquecíveis, como "La Bohème", "L'Amico Fritz" ou "L'Elisir d'Amore".
Aquando do falecimento do grande tenor, a RAI, que transmitiu em directo o funeral, convidou Freni para comentar. Durante mais de uma hora, o soprano não conseguiu quase falar. Só chorava. Esse documento é quase arrepiante, e está disponível no "site" da estação italiana.
Amigos de infância, atingiram o estrelato naturalmente, porque as suas vozes são únicas.
Luciano.
Mirella.
Será que a Itália nos dará um dia outro par semelhante?

sábado, 20 de setembro de 2008

Grandes duelos (2)



Uma vez mais, duelos entre cantores.
Já aqui falámos da rivalidade entre Callas e Tebaldi, e dos tenores que normalmente as acompanhavam.
Agora a história repete-se.
Gheorghiu / Alagna e Netrebko / Villazon.
São os pares que estão na ordem do dia.
Conheço fanáticos de ambos os sopranos, que pouco ligam aos tenores.
Angela Gheorghiu e Anna Netrebko são, de facto, espantosas. Villazon será (ainda não é, na minha opinião) um óptimo tenor, e Alagna será, acima de tudo e talvez com alguma injustiça, reconhecido como o marido...
A promoção destes artistas é brutal, os espectáculos sucedem-se, alguns excessos de vedetismo surgem, a vida privada devassada como se de estrelas de Hollywood se tratasse.
Qualquer que seja o gosto pessoal de cada um, estas são, indiscutivelmente, as grandes figuras da Ópera do princípio do século XXI.

Ou pelo menos aquelas que as editoras mais promoveram...



terça-feira, 16 de setembro de 2008

Carlos Guilherme

É o tenor português mais conhecido, na actualidade.
Carlos Guilherme (nasceu em 1945) viveu boa parte da sua vida em Moçambique, onde a sua voz era muito apreciada. Mas o seu primeiro papel em ópera aconteceu na então Rodésia, onde cantou o “Ricardo” de “Um Baile de Máscaras”.
Em Portugal, estreou-se na Amadora em 1981, cantando o “Mr.Pierre” de “A Vingança da Cigana”, e nesse mesmo ano em S.Carlos com o “Malcolm” do “Macbeth”, com Renato Bruson no papel principal. E desde então, tem sido presença assídua naquela sala, interpretando os mais variados papéis.
Membro da Ópera de Câmara do Real Teatro de Queluz, com Elsa Saque, Wagner Dinis e Ana Ferraz, o tenor tem cantado pelo país inteiro, sendo seguramente uma das poucas figuras conhecidas do mundo da ópera portuguesa, junto da opinião pública.
Prémio “Tomás Alcaide” em 1985.

Já lhe perdoei o ter emprestado a sua voz a anúncios de peixe congelado...porque percebo quão difícil é a vida para um cantor lírico em Portugal.

(Fonte: “Cantores de Ópera Portugueses” de Mário Moreau)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Peter Glossop

Peter Glossop (1928-2008).
"Morreu o "Iago", pensei de imediato ao ter conhecimento da sua morte.
Para mim, Glossop era, é e sempre será, o "Iago".
Embora este barítono inglês tenha começado a notabilizar-se em óperas de Britten ("Sonho de uma Noite de Verão", "Billy Bud", entre outras), com que se estreia na Royal Opera House no início dos anos 60, é em Verdi que encontra os papéis que o tornariam mais conhecido.
Estreia-se no La Scala, em 1965, com "Rigoletto", e no MET os seus maiores sucessos acontecem com o Don Carlo de "A Força do Destino" e "Falstaff". Também cantará "Macbeth" e um outro Don Carlo em "Ernani".
Mas é Karajan, nos anos 70, que lhe proporciona o seu "Iago", num elenco de luxo com Freni e Vickers, no melhor "Otello" que conheço.
É precisamente esse "Iago" eterno que vamos recordar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Anna Tomowa-Sintow

“Crescemos e fomos educados nos anos pós-guerra, com uma disciplina muito severa e uma grande seriedade em tudo o que fazíamos. Muito do que hoje em dia se pode obter com dinheiro, apenas se podia alcançar, naquela época, através do nosso talento, e com respeito e humildade pela Arte – com o coração completamente aberto para a grande verdade na música. Desconhecíamos o que era o “marketing pela fama”.
No meu entender, o marketing é muito perigoso, algo que me preocupa. É claro que a publicidade é importante, e sempre foi. E embora Arte e negócio sempre estivessem e estejam ligados uma ao outro, o materialismo em excesso é prejudicial para os cantores. Devemos preservar a nossa capacidade criativa e deixá-la brilhar”.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Génese de Grandes Óperas (5)

Por volta de 1870, na Calabria, um homem, palhaço de profissão, era julgado por ter morto a mulher.
“Está arrependido?”- perguntou o juiz, antes da sentença.
“Não estou arrependido de nada. Se tivesse de o fazer outra vez, fá-lo-ia.”
A assistir ao julgamento, estava o jovem filho do juiz. Chamava-se Ruggiero Leoncavallo (foto de cima). E vinte anos depois deste julgamento, o jovem era um compositor frustrado e sem sucesso, o que naturalmente o desgostava. Até porque um outro compositor, bem mais novo do que ele, acabara de escrever uma pequena ópera, em apenas um acto, que se tornara um êxito internacional. A ópera chamava-se “Cavalleria Rusticana” e o autor era Pietro Mascagni (foto de baixo).
Um dia, Leoncavallo fechou-se no seu quarto e, recordando o julgamento a que assistira, começou a escrever “Os Palhaços”, compondo a música em simultâneo. Demorou cinco meses.
Estreou em Milão, no Teatro dal Verma, em Maio de 1892, sob a batuta de um jovem maestro de 25 anos, Arturo Toscanini. Foi um sucesso estrondoso.
E seria exactamente Toscanini quem juntaria pela primeira vez a “Cavalleria” e “Os Palhaços”, em Roma. Logo se verificou que as duas óperas “encaixavam” como as peças de um puzzle. São as chamadas “óperas gémeas” desde então, sendo difícil encontrar a produção de uma, sem que a outra a acompanhe.
“Cav and Pag”, como os ingleses ainda hoje lhes chamam, catapultaram os seus autores para a fama internacional. E embora muitos críticos considerem que não são as suas melhores óperas, a verdade é que sem elas poucos conheceriam Leoncavallo e Mascagni.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Génese de Grandes Óperas (4)


Numa noite de finais de 1891, um robusto inglês sentou-se numa mesa do “Grand Café” nos Capucines de Paris, e dirigindo-se ao chefe de orquestra disse:
“Estou a escrever uma peça sobre uma mulher que dança descalça sobre o sangue do homem que aprisionou e ama. Gostaria que tocasse algo que estivesse em harmonia com os meus pensamentos”. A música que se seguiu, embora de péssima qualidade, conseguiu calar por completo todas as vozes no café.
Então, o inglês, Oscar Wilde de seu nome (foto de cima), regressou a sua casa, onde nessa tarde tinha iniciado a sua peça, “Salome”. De madrugada, terminava-a.
Durante séculos, Salome tinha inspirado pintores (Rubens, Durer, Moreau, Ticiano) e autores (Flaubert, Heine, Mallarmé, Heywood), mas a história de Wilde é muito sua, independentemente dos elementos que possa ter retirado de outros.
Apesar de sempre o ter negado, é praticamente indiscutível, nos nossos dias, que Wilde escreveu Salome pensando na grande Sarah Bernhardt, e no escândalo que a sua interpretação causaria no público. A actriz nunca interpretou a personagem.
A peça foi levada à cena em muitos países e durante alguns anos, provocando reacções negativas e nunca saindo de um quase anonimato.
Até que Richard Strauss (foto de baixo), à época regente da “Royal Opera House” de Berlim, teve conhecimento da peça e imediatamente pensou que aquele enredo daria uma ópera de sucesso. Strauss, que já era um compositor reconhecido, eliminou algumas partes que achou desnecessárias, e completou a ópera em Junho de 1905.
Estreou em Dresden a 9 Dezembro do mesmo ano. Com dificuldades. A começar na protagonista, que achou a dança “demasiado indecente”, enquanto outros cantores reconheciam a extrema dificuldade dos seus papéis.
Mas a pouco e pouco, à medida que “Salome” ia sendo estreada em mais países, o sucesso foi sendo reconhecido, ainda que chocando algumas “sensibilidades”.
Mas, como Oscar Wilde referia “perdoa sempre aos teus inimigos. Nada os pode contrariar tanto…”

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Génese de Grandes Óperas (3)

O director do Teatro Cannobiana, em Roma, estava extremamente preocupado. Faltavam duas semanas para o início dos ensaios de uma nova ópera, e o compositor a quem esta tinha sido encomendada avisara que não poderia cumprir o prazo.
Pelo que ouvira falar, só uma pessoa lhe poderia valer: Gaetano Donizetti (foto de baixo).
Escrevera a sua primeira ópera com 19 anos e comporia a última com 47. E nesse período de 28 anos, escreveu 75 óperas completas e 650 composições musicais…
A tal ponto que quando soube que Rossini escrevera o “Barbeiro de Sevilha” em treze dias, afirmou: “Rossini sempre foi muito preguiçoso”.
Assim, quando o director do Cannobiana lhe fez o pedido, a resposta foi clara:
“Tem a minha palavra que daqui a duas semanas tem uma ópera nova pronta para estrear. Mas para isso, peça a Felice Romani (foto de cima) para vir falar comigo”.
Romani era o “libretista” com que Donizetti gostava de trabalhar. E Donizetti pediu-lhe que escrevesse uma história numa semana…porque uma outra lhe bastaria para a música.
Romani não perdeu mais tempo. Construiu a história a partir de “Le Philtre”, de Augustin-Eugène Scribe. E chamou-lhe “O Elixir de Amor”.
A ópera estreou na data combinada, e constituiu um tremendo sucesso. Que perdura até hoje.
Nem sempre se dá a Donizetti a verdadeira importância que ele tem, mas a influência que teve, por exemplo, no génio de Verdi, foi enorme. Basta recordar que quando Verdi chega à ópera, Bellini já morrera, Rossini deixara de compor, e era Donizetti quem dominava a ópera italiana.
Sabe-se que “O Elixir de Amor” era uma das óperas preferidas de Verdi.



sábado, 16 de agosto de 2008

Génese de Grandes Óperas (2)


Quando Napoleão invadiu a Áustria em 1805, preparava-se a estreia em Viena de “Fidelio”, então com o nome de “Leonora”.
Por este facto, a assistência era constituída por alguns amigos de Beethoven e por uma enorme massa de oficiais do exército francês, que nem entendiam a língua alemã. Para além disso, constava de três longos actos.
Nem a circunstância de o compositor ser considerado o “herdeiro” de Mozart, nem o sucesso que a sua Sinfonia “Heróica” registara, foram suficientes para que “Leonora” fosse considerada um êxito. Bem pelo contrário.
A tal ponto, que a segunda récita, no dia seguinte, não tinha praticamente espectadores.
E Beethoven, que fazia a sua estreia no mundo da ópera, retirou “Leonora” do teatro, jurando não mais a levar à cena, nem escrever uma segunda.
Nessa altura, o tal grupo de amigos revelou-se fundamental, tentando convencê-lo de que seria necessário fazer alterações e alguns cortes. A resistência de Beethoven foi tremenda, mas finalmente acedeu. E logo escreveu uma “Abertura” completamente diferente da inicial, mudou o nome para “Fidelio”, desapareceram os três actos, ficando apenas dois.
“Fidelio” estreou em 29 de Março de 1806.
Sucesso relativo, que originou a decisão de retirar a ópera do palco após cinco récitas.
Beethoven estava então decidido a esquecer a ópera, lamentando-se de não ter culpa de “não saber escrever para as galerias”.
Até que em 1814, um empresário (Georg Treischke) conseguiu convencê-lo a levar a ópera a palco. Beethoven concordou, mas impôs novos cortes e modificações. O “libretto” foi quase todo alterado e muitas cenas ajustadas.
E à terceira, o sucesso foi tremendo.
Beethoven, esquecendo-se certamente do que dissera muitos anos, afirmou:
“Escreve-se melhor quando se escreve para o público”.
Ainda nos nossos dias Beethoven é considerado o “relutante” compositor de ópera, deixando-nos apenas “Fidelio” como prova do seu Génio.
E sem o saber, Napoleão “participou” activamente na criação desta ópera.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Génese de Grandes Óperas (1)


“Isto é detestável. Nunca será representada…Este homem ri-se de tudo o que devia ser respeitado num governo”. Palavras de Luís XVI, a propósito da peça “As Bodas de Fígaro”, escrita por Beaumarchais (na foto), que acabara de ler.
Antes desta, “O Barbeiro de Sevilha” fora um sucesso, e todos haviam identificado Fígaro com o próprio Beaumarchais. Mas nas “Bodas”, o escritor ousa mais, ridicularizando a nobreza e colocando em discussão o chamado “direito do senhor”, que consistia no privilégio de qualquer nobre passar com a noiva, a primeira noite após o casamento de uma serva.
Crítico e rebelde, Beaumarchais arriscava, não se importando com as consequências.
Em Viena, Lorenzo Da Ponte era o poeta que trabalhava com Salieri.
E será bom não esquecer que a vida amorosa de Da Ponte está repleta de casos pitorescos, que o levaram, por exemplo, a fugir de Itália em 1779, por ter sido condenado em Veneza, por adultério e concubinagem…
E Mozart chegara igualmente a Viena, depois de ter sido despedido pelo arcebispo de Salzburgo, cansado das “loucuras” do Génio.
Da Ponte admirava Mozart, e pediu-lhe se podia escrever um “libretto” para ele.
Mozart acedeu, mas disse-lhe para adaptar a peça de Beaumarchais, que já conhecia. Assim, enquanto um trabalhava no “libretto”, Mozart compunha a música.
“As Bodas de Figaro” foram novidade no mundo da ópera, muito mais complexa do que qualquer outra até aí estreada. O êxito foi muito maior em Praga do que em Viena, porque a educação musical era incomparavelmente maior em Praga. Mal sabiam que esta seria apenas a primeira de muitas óperas absolutamente extraordinárias que o génio de Mozart deixaria à Humanidade.
Da Ponte e Mozart imortalizaram Beaumarchais, ou seja, o próprio Fígaro.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Nicola Rescigno


Nicola Rescigno (1916-2008).

A ópera perde um dos seus grandes Maestros, a quem os Estados Unidos muito ficam a dever.
Foi ele quem regeu as orquestras nas estreias naquele país de cantores como Callas, Caballé, Domingo e Sutherland. Com estas e outras celebridades gravou inúmeras óperas, deixando registos soberbos da sua Arte.
Callas considerava-o mesmo um dos seus maestros preferidos, o que não é pouco.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Curiosidades (4)



Hoje em dia, estes nomes são apenas recordados, através de algumas gravações, pelos fanáticos da ópera, mas no seu tempo, eram as grandes figuras.
Em Salzburgo preparava-se uma produção de “Don Giovanni” que, no entender dos organizadores, seria a melhor alguma vez realizada, dado o naipe de cantores que reuniria.
John McCormack, Lilli Lehmann, Geraldine Farrar, Johanna Gadski, António Scotti e Feodor Chaliapin, sob a direcção musical de Karl Muck, à frente da Filarmónica de Viena. Só!
Estávamos em 1914.
Mas a Grande Guerra começou nesse dia, levando ao cancelamento.


(Nas fotografias, Farrar e Chaliapin.)

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Óperas pouco ouvidas (5)



Continuador de Monteverdi, Francesco Cavalli (1602-1676) foi um dos que mantiveram a supremacia da ópera de Veneza, após o desaparecimento do Mestre.
Compôs muita música religiosa, a qual não chegou aos nossos dias, contrariamente às mais de 40 óperas de sua autoria, das quais há registo, representadas sobretudo no Teatro San Cassiano.
Diria que a única ópera de Cavalli que mereceu alguma atenção no século XX, foi “La Calisto” (Prólogo e 2 actos), estreada em 1651.
Deusas e ninfas na Grécia Antiga, rodeadas pela Natureza, o Destino e a Eternidade, numa ópera cuja espiritualidade é indiscutível, mas provavelmente também a base justificativa pela qual Cavalli é hoje praticamente ignorado, dado que as audiências preferem entretenimento mais “fácil”.
Apenas tenho conhecimento de uma gravação que junta Ileana Cotrubas e Janet Baker, feita no festival de Glyndebourne nos anos 60.
Ei-las:


quarta-feira, 23 de julho de 2008

Óperas pouco ouvidas (4)

“The Bartered Bride”, ou em tradução portuguesa “A Noiva Vendida”, é sem dúvida a ópera mais conhecida de Smetana (1824-1884), que podemos considerar o criador da ópera checa.
Smetana foi um menino-prodígio, dando o seu primeiro concerto público de piano com 8 anos. Muito apoiado por Liszt, foi mestre de música de famílias nobres, professor em Gotemburgo, cidade onde regeu durante anos a Orquestra Filarmónica local, fundador de escolas de música tradicional no seu país, tendo composto as primeiras obras levadas à cena no Teatro Nacional Checo, a partir de 1864.
“The Bartered Bride” tornou-se um sucesso internacional, apesar de estar repleta de melodias e danças tradicionais checas. Ainda que dependendo do conhecimento da língua original para uma total compreensão, este tipo de óperas tem naturalmente dificuldade em impor-se no estrangeiro. Mas esta ópera, em concreto, foi a única de Smetana que conseguiu esse reconhecimento fora das fronteiras.
Curiosamente, aquando da sua estreia, em 1866, em Praga, foi muito criticada por parecer muito “Wagneriana” e fugir à tradição checa.
Há uma gravação “clássica”, com Pilar Lorengar e Fritz Wunderlich, não muito fácil de encontrar. Mas há uma outra, talvez não tão rara, com Gabriela Benackova e Peter Dvorsky, de muito bom nível.
Vamos ver e ouvir a “Abertura”, uma das partes mais conhecidas.


quinta-feira, 17 de julho de 2008

Óperas pouco ouvidas (3)


Quando Caruso fez da ária “M’appari” um sucesso estrondoso, poucos acreditariam que a ópera, em quatro actos, “Martha”, de Friedrich Von Flotow, acabaria praticamente esquecida do grande público, ou mesmo dos apaixonados pela arte lírica.
Flotow (1812-1883) não foi, na verdade, um grande compositor, embora tenha escrito dezenas de peças musicais, de fama efémera.
“Martha” é, apesar de tudo, a sua obra mais importante, tendo sido estreada em Hamburgo em 1844. E curiosamente, a célebre ária não fazia parte da partitura original, tendo sido acrescentada para uma representação da ópera em Paris, em 1865.
Os mais atentos lembrar-se-ão que Alfredo Kraus, na interpretação desta ária, “ressuscitou” a espaços a atenção para “Martha”.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Óperas pouco ouvidas (2)

Estreada em Paris em 1900, “Louise” é talvez a única ópera que o seu compositor, Gustave Charpentier (1860-1956), conseguiu passar à posteridade.
E se muitos consideram que a verdadeira heroína desta ópera é a cidade de Paris e não propriamente Louise, a verdade é que todos conhecem a célebre ária “Depuis le jour” cantada pela personagem principal.
O enredo, simples, trata de uma história de amor entre Louise e Julien, contrariado pela mãe de Louise, que não quer que a filha case com um artista.
Há duas gravações de referência, uma com Ileana Cotrubas, Placido Domingo, Jane Berbié e Gabriel Bacquier, e outra com Beverly Sills, Nicolai Gedda, Mignon Dunn e Jose Van Dam.
Prefiro a primeira.
Vamos ver e ouvir Renée Fleming exactamente em “Depuis le jour”. Excelente.


terça-feira, 8 de julho de 2008

Óperas pouco ouvidas (1)


Muitos classificam-na como a ópera húngara mais importante do século XX.
“O Castelo do Barba-Azul”, de Bartok.
Ópera em 1 acto, estreou-se em Budapeste em 1918, e só muitos anos depois em Berlim (1929), Nova York (1952) e Londres (1954).
Notam-se influências claras de “Lohengrin”, no carácter reservado do protagonista, escondendo a sua vida privada, não querendo mostrá-la. Também Bartok protegia a sua intimidade, e consta que se terá inspirado num amor não correspondido para compor esta Ópera.
Um soprano e um baixo apenas, numa ópera em que o som tradicional húngaro aparece quase espontaneamente.
Há três gravações de referência : Christa Ludwig com Walter Berry, Troyanos com Siegmund Nimsgern e Eva Marton com Samuel Ramey.
Pessoalmente, entendo que nenhuma iguala a primeira, mas no mercado só se encontra a última, com facilidade.
Recomendo.
Neste clip vamos ter Sylvia Sass e Kováts, dirigidos por Solti.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Carla Basto

Há casos assim, mas no meio lírico português, onde os verdadeiros talentos não abundam, causa estranheza e mesmo perplexidade não se saber, com exactidão, o que aconteceu a uma das melhoras cantoras.
Refiro-me a Carla Basto, soprano.
Nascida em 1955, recebe de Gino Bechi as primeiras lições, estreando-se em 1972 na “Papagena” da “A Flauta Mágica”, no saudoso palco do Trindade.
No ano seguinte canta a “Sophie” do “Werther”, e marcaria presença em muitas óperas nas temporadas seguintes.
Quando a Companhia Portuguesa de Ópera se extingue, Carla Basto parte para Milão, onde se inscreve no Conservatório de Vercelli. A sua estreia em palcos italianos acontece em 1977, na “Musetta” de “La Bohème”.
Um espectáculo na RAI abriu-lhe então outras “portas”, e em 1979 a cantora portuguesa actua na Colômbia, e depois em São Paulo, Barcelona, Klagenfurt, Rio de Janeiro e França. Em 1981 está em Dublin, como protagonista da “Lucia”, e no fim desse ano no Peru, com Luigi Alva no “Barbeiro de Sevilha”. E daí parte para as Canárias, onde canta, com Alfredo Kraus, “Os Contos de Hoffmann”.
Só volta a Portugal em 1986, onde cantou, em S.Carlos, “O Rapto do Serralho”.
Depois…desapareceu….
Quantas cantoras portuguesas têm uma carreira com esta qualidade?
No entanto, ninguém sabe quem é Carla Basto, onde está, se ainda canta….
Só em países com grande riqueza de talentos é possível um caso destes….
Sabemos da existência de uma gravação da “Missa” de Catalani, feita em 1985, e nada mais.


Fonte: Cantores de Ópera Portugueses”, de Mário Moreau, Vol. III

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Encenações

A questão das encenações “novas” de óperas clássicas está na ordem do dia.
Os mais conservadores e tradicionalistas quase desmaiam de susto nas cadeiras, enquanto uma vanguarda aberta à novidade aplaude, exuberante.



Eu sei que tudo evolui. Que os adereços têm custos exorbitantes.
E que a ópera, como outros espectáculos, precisa de atrair novos públicos, de gerações recentes, pois sem público não há receitas e sem estas não há encenações, novas ou velhas.
O festival de Salzburgo, um marco na história lírica, abriu decididamente as portas a estas encenações a partir de 2006, merecendo críticas acérrimas por parte de muitos colunistas que escrevem nas revistas da especialidade.
Bayreuth parece bem mais reservado a esse tipo de experiências, embora se aguardem novidades para breve…



E se os palcos italianos não aderiram à “moda”, salvo raríssimas excepções, o mesmo não se poderá dizer de Zurique, Amesterdão, Paris e mesmo Covent Garden. E Nos Estados Unidos há exemplos para ambos os lados.

Comparem estas duas fotografias com versões “antiga” e “moderna” da “Manon Lescaut”. Bem elucidativas.

Creio que, feliz ou infelizmente, a tendência é para a generalização do “moderno”.

Feliz ou infelizmente?

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