quinta-feira, 12 de junho de 2008

Que saudades....




Há pouco mais de 20 anos....

S.Carlos era, ainda, um excelente palco de ópera, integrando nomes sonantes nos seus elencos, e não caindo na tentação de gastar milhares com óperas como as de Emanuel Nunes...cujo resultado foi catastrófico.



Como podem verificar, a par de estrelas internacionais, como Mara Zampieri, Fedora Barbieri, ou Ileana Cotrubas, todos os melhores cantores portugueses estavam contratados, como seria natural, lógico e coerente...

E só passaram 20 anos...

8 comentários:

Hugo Santos disse...

Apesar de tudo, não nos podemos esquecer que esse São Carlos dos anos 80 foi fustigado pela crise que assolou o país no início daquela década. As estrelas internacionais eram poucas dada a escassez de recursos. A solução foi apostar em cantores nacionais a par de alguns estrangeiros de segunda linha como a Antonella Manotti, o Mauro Augustini (saído de um bem-sucedido Amonasro na Arena de Verona) ou o baixo Stefan Elenkov. Mesmo assim, destaque-se os regulares do MET Galina Savova e Anthony Raffell, os tenores Toni Kramer e Vincenzo la Scola e os baixo-barítonos Gunther von Kannen e Ekkehard Wlaschiha.

Carlos Faria disse...

Pelos vistos hoje, dão-se ao luxo de ter uma programação escassa, deixar de fora bons cantores nacionais, cair no esquecimento da rede de óperas europeias e não saber cativar públicos nacionais, nem turistas...
estou indeciso qual a cidade a visitar este ano, tendo em conta os cartazes já disponíveis para as minhas semanas de férias em novembro/dezembro e há quem pense no são carlos que esses meses só devem ser tornados públicos em setembro/outubro.
Pena no anos 80 não ter descoberto a beleza da ópera e ter aproveitado o são carlos, como fiz então com a gulbenkian, o teatro e o cinema.

Luís Maia disse...

Não sei como era mas Cossoto adorava cantar em Lisboa, não sei se vinha cantar levando o mesmo que o seu grande nome já nessa época, justificava.
Eu ouvia-a cantar várias vezes nesse anos referidos.
Zampieri cantou antes de ser famosa, mas Krauss também cá veio como tantos outros.

A minha descoberta da opera ao vivo foi já nem sei há quanto anos, com uma Boheme no Trindade, cantada por uma companhia integralmente composta por portugueses com Saque a debutar mas compondo uma Mimi, óptima para a sua voz (digo eu) e o Malta

Talvez houvesse entendidos e pessoas dedicadas e que amavam a ópera, hoje não sei.

Já tenho afirmado várias vezes é pena, porque acho que o nosso povo (não refiro os peraltas), gosta de ópera, há nela sempre como sabemos o toque da tragédia que a nossa gente gosta e para gostar nem sequer é preciso perceber

José Quintela Soares disse...

Caro Hugo

Alguns estrangeiros seriam de segunda linha...mas os portugueses eram a "selecção nacional".

E agora?

Os estrangeiros em que linha estarão?? Certamente não na segunda.
E os portugueses? Quase nenhum.

E crise económica...a de 2008 não é pior que a dos anos 80. E quanto custou aquela "maravilha" da ópera do Emanuel Nunes, que levou metade da assistência a sair no intervalo?

Não, caro Hugo, o que por lá anda é muita incompetência...muita falta de rigor, de "know-how".
Olha-se para o cartaz da temporada....e é fácilo constatar.
Salvou-se a Elisabete Matos na "Tosca".
Convenhamos que é pouco.

José Quintela Soares disse...

Caro geocrusoe

A Gulbenkian continua a ser um "oásis", ainda que sem óperas completas.
Mas é o local onde pode encontrar cantores de nomeada.
Por exemplo, na temporada que se avizinha, e só no "Ciclo de Canto", poderemos ver e ouvir Elina Garanca,Bernarda Fink, Olga Borodina,Christiane Oelze, Susan Graham e Thomas Hampson.
É obra!

José Quintela Soares disse...

Caro Luis Maia

Todos, mas todos, os grandes cantores vieram a S.Carlos, desde os anos 40 até aos 80.
E muitos deles, cantaram ainda em récitas ditas "populares" no Coliseu dos Recreios.
Alfredo Kraus era um caso especial, pois nunca esqueceu a oportunidade que teve, em 58, de cantar "La Traviata" com Maria Callas, lançando-se da melhor maneira.
Mas seria fastidioso dizer aqui dezenas de nomes de vedetas internacionais que por cá passaram.
Inolvidável a Cossotto nos anos 70 no "Il Trovatore".
Resta a memória...

Hugo Santos disse...

Tem razão, caro José. Seja como for, apenas tentei realçar o facto de o São Carlos dos anos 80 se ter debatido com dificuldades de ordem orçamental. Agora, entre a impossibilidade e a incapacidade de fazer melhor vai uma longa distância. A incompetência grassa no actual São Carlos, graças a mais uma iluminada intervenção da tutela. O São Carlos só não faz melhor porque não quer. A ópera do Nunes foi e continua a ser um verdadeiro escândalo. O número de óperas por temporada foi reduzido. Os erros são muitos, pura e simplesmente. Os responsáveis são uma anedota. Até eu, na minha santa ignorância, me sinto capaz de fazer melhor. São estados de alma como este que melhor definem o mal-estar que perpassa todos quantos se preocupam com a instituição São Carlos.

Anónimo disse...

Os grandes ausentes foram os americanos, à cabeça Leontyne Price, embora eu tenha visto James McCracken num formidável Otelo. Infelizmente Kirsten Flagstad nunca pôs aqui os pés e a Schwarzkopf só em recital, e em Braga (!), onde teve uma c~rítica deste género "Não chega ser bonita para se cantar bam".
Mas é bem verdade que os melhores cantores do mundo passaram por Portugal nos finais dos anos 40, anos 50 e 60, principalmente, e ainda nos 70 e um pouquinho, muito pouco ,nos anos 80.
RAUL

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