quarta-feira, 16 de abril de 2008

As Óperas de Wagner (3)


Daqui por diante toda a vida de Wagner foi dedicada à realização de um ideal – “a obra de arte do futuro”, que devia unir num todo único todas as artes ao serviço do drama musical. Wagner nunca parou para considerar as condições de praticabilidade em teatro. Os seus dramas novos seriam cheios de coisas contrárias a todas as tradições e nunca antes vistas. Por exemplo, o compositor vai abandonar o velho sistema de árias isoladas com oportunidades para aplauso em cada final, da velha “escola” italiana. Ele vai criar um estilo de música contínua que não permitia pensar em aplausos nem sequer em qualquer momento de repouso até ao fim de cada acto. Ora esta mudança implicaria mudança profunda na relação entre o público e a Ópera.
“Tristão e Isolda” é a ópera seguinte.
Recebida pela crítica da época como “mórbida”, “decadente” “erótica” e “insuportável”…a verdade é que esta ópera é de uma beleza extraordinária, exigindo evidentemente cantores excepcionais, sem os quais perde todo o seu brilho.
Estreou-se em Munique em 1865, e talvez seja o drama musical mais perfeito que existe, opinião minha, e portanto discutível. Mas de facto, a conjugação entre a música e o libreto é de tal maneira perfeita, que penso assim.
E como simples curiosidade, será interessante lembrar que na altura em que compôs “Tristão e Isolda”, Wagner vivia na Suiça, em casa do seu amigo Otto Wesendonck, mantendo uma ligação amorosa com Mathilde, mulher do amigo. Foi este amor que inspirou a ópera.
Das inúmeras gravações existentes, recomendo qualquer uma com Kisten Flagstad ou Birgit Nilsson, as melhores “Isolde” que conheço.
Em dvd, Nilsson com Jon Vickers, numa gravação de 1973, com Karl Bohm na direcção de orquestra. E também uma gravação mais recente, de 1999, com Waltraud Meier.
Vamos ouvir o célebre “Liebestod”, aqui cantado por Flagstad em 1936.

2 comentários:

Carlos Faria disse...

Nesta série de Wagner já é a segunda vez que recomenda um dos dvd da minha colecção, desta vez a última aquisição minha foi precisamente a versão de 1973 indicada, embora penso que nela seja evidente a falta das técnicas mais modernas para este tipo de gravações, contudo a interpretação de Vickers e Nilsson destacam-se. Quanto à obra de wagner já se sabe da minha paixão, por isso limito-me a ouvir os vídeos que cá coloca.

Hugo Santos disse...

O vídeo de Orange é belíssimo. É ver como a arte de Nilsson, Vickers, Berry, Hesse e Rundgren ultrapassa as deficiências técnicas do registo. E tudo isto encimado pela soberba leitura de Karl Bohm.

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