sexta-feira, 11 de abril de 2008

As Óperas de Wagner (2)

“Tannhauser” apareceu em Dresden (1845).
Poucos anos depois, Wagner envolveu-se numa revolução e teve de fugir da Alemanha, refugiando-se na Suiça, e a sua ópera seguinte, “Lohengrin”, foi representada pela primeira vez em Weimar (1850), sob a direcção de Liszt.
Estas duas óperas são as mais conhecidas do grande público e é difícil imaginar hoje por que razão despertaram um tal vozear de indignação contra Wagner quando apareceram.
O compositor começara a descobrir o campo que viria a ser peculiar na sua obra : o das velhas lendas alemãs. E por outro lado, havia uma diferença fundamental entre Wagner e todos os outros. O vulgar compositor profissional dessa época não queria realizar uma nova forma de drama, queria êxitos e isso significava fazer qualquer coisa que alguém já tivesse feito antes. Mas Wagner era igualmente libretista, ou seja, não tinha de aceitar qualquer texto sugerido por terceiros.E ainda que na Alemanha de então pontificassem figuras literárias como Goethe e Schiller, que o teatro daquele país aproveitou à exaustão, Wagner traçou o seu próprio caminho, e transformou radicalmente a ópera alemã.
Curiosamente, “Lohengrin” aponta para o futuro, para a última ópera do compositor, “Parsifal”. Ambas as óperas dizem respeito à história do Santo Gral e Lohengrin chega mesmo a informar-nos, no fim da ópera, que seu pai é Parsifal.
O prelúdio de Lohengrin é um dos mais belos trechos de música jamais escritos e pode bem considerar-se o movimento que melhor exprime o sentido de “aspiração” que caracterizou toda a vida e todo o pensamento do século XIX.
Das inúmeras gravações em cd, destaco a que junta Gundula Janowitz, Gwyneth Jones e James King, sob a direcção de Rafael Kubelik, em 1971. Simplesmente magistral.
Em dvd, a gravação que Placido Domingo fez em 1990, com Cláudio Abbado, parece-me digna de realce.
Chamo a atenção para o clip que escolhi, e que considero uma autêntica obra-de-arte.
Otto Klemperer dirige a Orquestra Philarmonia, em 10 minutos de puro encantamento.
Apetece ouvir, ver…e repetir muitas vezes.


3 comentários:

teresamaremar disse...

Renascentismo e Iluminismo são revoluções de modernidade. Porém, se a modernidade renascentista não anulara o passado clássico, já a iluminista empenha-se em quebrar esta tradição, assentando na história que recupera a nacionalidade
[em Tannhäuser, há o abandono de Vénus e assim a rejeição da tradição greco-romana].

Quer a poesia quer a música do séc. XVIII tratam de retomar o herói popular e familiar, vindo das antigas lendas, recuperando o passado nacional. Wagner foi nisso exímio.

Hugo Santos disse...

Muito bem lembrado. Aliás, falar do sec. XIX operático é falar do florescimento das óperas nacionalistas. Enquanto o Renascentismo se preocupou em recuperar a universal cultura greco-latina, o Iluminismo, tal como a palavra indica, lançou uma luz sobre as raízes socio-culturais dos diferentes povos.

Anónimo disse...

O Lohengrin na versão de Rudof Kempe com Jess Thomas, Elisabeth Grummer, Dietrich Fischer-Diskaw, Crista Dudwig, Gottlob Frick e Otto Wiener não tem rival e é das melhores gravações de Wagner existente.
Samuel

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