quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Curiosidades (7)


Fala-se muito, hoje em dia, não só das encenações mas também do guarda-roupa utilizado em cena. Há vozes em todos os sentidos, desde a fascinação ao repúdio.
Só que a questão não é nova, e muito menos característica dos tempos modernos.
Em 1969, a grande Marilyn Horne estreava-se no Scala, em “Oedipus Rex”, de Stravinsky, interpretando a “Jocasta”.
Ora esta ópera não tem, como sabemos, grandes ou pequenas movimentações em palco, ficando os cantores imóveis, de frente para o público, durante a récita.
Daí que o encenador tenha pensado que seria interessante que a “Jocasta” parecesse um ovo de cor roxa, em que a única parte “humana” fosse a cabeça…
Marilyn Horne sujeitou-se a isso.
As críticas, à época, foram devastadoras, e a própria cantora não ficou apaixonada pelo desempenho…Sentiu mesmo grandes dificuldades em acompanhar a orquestra.
E quando Claudio Abbado lhe perguntou: “Não consegue ouvir a sua parte?”, a grande cantora apenas respondeu, enfadada: “Não consigo é ouvir nada desta ópera!”.
E nunca mais voltou a interpretá-la.

2 comentários:

Hugo Santos disse...

Quando os aspectos musicais são preteridos em detrimento de "rasgos de génio" altamente discutíveis, as consequências não poderiam ser outras.

Carlos Faria disse...

Não conheço a ópera em questão, não me choca encenações revolucionárias, conservadoras, maximalistas, minimalistas etc. desde que tal não descaracterize o espírito da obra ou prejudique a parte musical (às vezes parece-me que o encenador quer ser o centro de tudo e não uma componente da ópera). Agora uns estilos que prefiro em relação a outros e cada caso é um caso.

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