sábado, 3 de janeiro de 2009

Saudades

Para “abrir” 2009, deixo-vos uma “pérola”.
Callas e Kraus na célebre “Traviata” de Lisboa, em 1958.
E em simultâneo, faço votos para que o Teatro S.Carlos possa voltar, já não digo a este esplendor, mas a um nível a que habituou, durante décadas, o público fiel.
É preciso preservar a memória, “porque sem memória não há pensamento, sem pensamento não há ideias, e sem ideias não há futuro” (Natália Correia).
Ter esta memória não significa renegar tudo o que é novo.
Mas tê-la é sinónimo de gosto pela qualidade.
O que está anunciado para esta temporada pode agradar a muitos “intelectuais” vanguardistas, repletos de pedantismo e superioridade, mas é francamente fraco.
Muito fraco.
Encenações arrojadas (ou descabidas, ou insuportáveis) não fazem esquecer que a Ópera é um espectáculo cantado, ou seja, para ouvir, além de ver.
E mesmo sem muitos ovos, é possível fazer melhores omeletas.

7 comentários:

Luís Maia disse...

Aplausos

Pela pérola, pelo texto e pela justo pedido, que aposto cairá no saco roto da (In)cultura ministerial portuguesa.

Um abraço e bom ano

Luís Maia disse...

Já agora uma nota, eu não consigo encontrar o botãozinho mágico para despachar os escravos hebreus, ( não tem qualquer conotação com actualidade política)

José Quintela Soares disse...

Caro Luis Maia

Basta fazer duplo click na Traviata, e o som dos escravos desaparece.

Obrigado e Bom Ano!

Carlos Faria disse...

Sobre as encenações claro que não me posso pronunciar, pois não as conheci, qualquer forma, acompanho-o nos votos para que o São Carlos faça boas omoletes e mais omoletes, pois sei que o público conquista-se não é com a actual forma de exibir a cultura em portugal, precisam de qualidade e quantidade para segurar públicos.

Hugo Santos disse...

Lapidar, caro José. Mais palavras seriam inúteis.

Anónimo disse...

Obrigada pelo mimo!

Mas como diz o outro no filme...disto, já não há mais...pelo menos no S.Carlos...
pois o que se seguirá é constrangedor para quem lá trabalha,confrangedor para o espectador e para todos doloroso...

Ainda assim,
vai um voto para não desistirmos e de sermos o mais felizes possíveis no
novel 2009!!!

G.

cogitare disse...

A Ópera é simbiose de várias artes, arte una, literatura, intenção de teatro - comédia ou drama -, ainda canto e melodia.
Enredo cómico ou trágico, os seus cantores são actores, mas a ópera essencialmente é música, o texto frequentemente perde-se, se não acompanharmos o libreto - libretos excelentes, uns, ou narrativas tantas outras vezes banais, de qualidade literária duvidosa.
Na ópera, a palavra é indissociável do som, sim. Representação, drama e palavra ao serviço da voz e da música.

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