terça-feira, 11 de novembro de 2008

A morte de Caruso


Curiosa a maneira como foi noticiada em Portugal a morte de Enrico Caruso, em 1921.
Reparem que se relevava a riqueza material do cantor, e quase se criticava as verbas que os grandes cantores recebiam dos seus espectáculos.

“Todos, entre nós, se lembram por certo das noites de verdadeira arte passadas em S.Carlos, quando, há anos ali cantou o notabilíssimo tenor Caruso, um dos maiores artistas da plêiade brilhantíssima de cantores que a Itália constantemente exporta.
Caruso galgou rápido ao apogeu da glória e conseguiu juntar uma fortuna formidável, como, via de regra, sucede a todos os grandes cantores que desde há muito se fazem pagar por preços exorbitantes.
Caruso pertenceu a esse número de privilegiados e amontoou realmente uma grande fortuna mas, um dia, por um azar inexplicável, perdeu a voz.
Calcularão todos os cuidados e desvelos de todos os mestres da especialidade para que o grande artista reconquistasse o timbre e volume perdidos e, em parte, triunfaram.
Cantou nos Estados Unidos da América com um agrado extraordinário e, há dias, retirou para Nápoles, sua terra natal onde uma peritonite renitente o matou no momento em que ia sofrer uma intervenção cirúrgica.
As manifestações de pesar em todo o mundo civilizado atestam o alto valor em que era tido o grande cantor e extraordinário artista.
A cidade de New-York enviou uma coroa enorme, e o carro fúnebre ia completamente coberto.
Em Nápoles o luto foi geral e a cidade vai erigir um mausoléu-monumento ao artista insigne.”

4 comentários:

Carlos Faria disse...

Mal lhe conheço a voz no seu esplendor, pois as gravações da época escondem a sua qualidade vocal certamente, mas de facto fiquei chocado com o teor do texto... efectivamente quando os OCS querem desviar o sentido de uma notícia, conseguem mesmo! e a morte dele passou para segundo plano, apesar do final do texto.

Hugo Santos disse...

Alguém que o ouviu ao vivo disse que as gravações revelavam cerca de 30% da sua voz.

ematejoca disse...

"Perguntaram a Maria Callas o que era a Ópera. A resposta foi rápida e curta : "Verdi"."
Se me perguntassem a mim, eu responderia:

RICHARD WAGNER

José Quintela Soares disse...

Não conseguiria ser tão redutor.
Se a pergunta me fosse feita, acrescentaria a esses dois nomes quase uma dezena de outros mais, onde estariam obviamente incluidos Mozart, Strauss e Rossini.

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