terça-feira, 11 de março de 2008

As Óperas de Mozart (3)

Converter a comédia de Beaumarchais “Le Mariage de Figaro” numa ópera cómica italiana era empreendimento ousado. A peça original de que era continuação, “Le Barbier de Séville”, tinha realmente sido planeada para ópera cómica francesa, segundo a velha traça italiana.
É possível admitir-se que sátiras desta espécie não podem pôr-se em música, mas é certo que Mozart e Da Ponte apreciavam muito esse tipo de sátira.
A peça havia sido proibida em muitas cidades. Toda a gente falava dela e todos a queriam ver.
Mas não foi nada fácil a tarefa de Mozart, pois a peça tinha 5 actos, exagerado em ópera, e para além disso teria de construir complicados finais para terminar os actos com todas as personagens no palco, em fila, clamando no registo mais agudo das suas vozes.
Mas se houve alguém em Viena que teve consciência dessa peça que abordava a forma por que um nobre libertino tratava os seus criados, esse alguém deve ter sido o próprio Mozart, que não passara de empregado doméstico enquanto serviu o arcebispo de Salzburgo.
Para a posteridade, ficou uma “relíquia”, uma das muitas que o compositor nos legou.
Vamos ouvir Bryn Terfel na célebre “Non Piu Andrai”.

2 comentários:

Carlos Faria disse...

Conheci Bryn Terfel precisamente nas Bodas de Fígaro, num dos primeiros dvd que comprei. Considero-o um dos cantores líricos mais expressivos, não só facialmente, como também na voz. Comprei depois um disco dele, onde se aventura pelo lied e novamente põe a sua expressividade neste tipo de canção; por norma mais sóbria em termos de sentimentos. Reconheço que estranhei, mas não deixa de ser uma forma diferente de abordar o lied.

Pedro de Évora disse...

Acho as "Bodas de Fígaro" uma das cinco melhores óperas de quantas foram produzidas (as outras são Eugene Onegin, Pélleas e Melisande, Carmem e Rigoletto).Como diria o Pessoa, o que há é pouca gente para dar por isso. óóóó---óóóóóó óóó---óóóóóóó óóóóóóóó. (O vento lá fora.) ...

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