sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Richard Wagner



Há muitos, muitos anos, ofereceram-me uma ópera de Wagner.
Eu ainda era jovem, e a ópera italiana preenchia todos os requisitos que julgava necessários para se gostar verdadeiramente de ópera.
Verdi, Puccini, Donizetti, Bellini e Rossini.

Mas…quem me deu aquele presente achava que ia sendo tempo…de conhecer o mestre alemão.
E escolheu “O Ouro do Reno”.
Antes, explicou-me o “Anel” em pormenor, deixando-me um pequeno livro com a história completa, em tradução brasileira, preciosidade que ainda hoje guardo.

Li.
Ouvi a ópera.
E não gostei.

Durante muito tempo, fui trocando argumentos.
Mas continuava a não gostar.
A situação só se alterou anos depois, isto é, na altura própria, e hoje Wagner integra a minha discoteca com uma parte “de leão”.
Na minha opinião, para se gostar de Wagner é preciso ter maturidade.
Concordam?

2 comentários:

Carlos Faria disse...

Apesar de admirador das obras Wagner tenho de reconhecer uma coisa: não se deve iniciar por Wagner a apresentação da música erudita a um jovem para ele se interessar por este tipo de música (até nalgum caso pontual pode dar certo, mas duvido na maioria).
Tendo em conta que a principal produção do compositor são óperas, tenho de assumir que estas não são de assmilação fácil para quem não desenvolveu um conjunto de hábitos de apreciar música além da recepção passiva e agradável de ouvir a melodia. As suas óperas são extensas,as histórias ao misturarem mitologia germânica com outros ideais filosóficos são estranhas a um latino, tal como a língua, e o desenrolar musical, além de ligeiramente dissonante, tem aqueles truques de deixar notas arrastadas e leitmotives que obrigam estar desperto para apreciar e deixar-se cativar... para além destas dificuldades há mais, mas por tudo o que já disse tenho de concordar que algum tipo de maturidade intelectual e musical deve preceder à admiração da sua obra.
Simplesmente, quando se aprende a gostar, está-se disponível para começar vôos cada vez mais profundos no inteior da música, dos primórdios até à actualidade, e começa então a descobrir-se um mundo fascinante e nunca mais se pára.
Para iniciar a descoberta de Wagner considero que se deve começar pelo "Navio Fantasma", onde o autor ainda tem muitas pontes com as óperas tradicionais e o seu método de compor ainda não rompeu fortemente com os seus antecessores; depois os "Mestres Cantores..." pois, apesar de já ser um puro Wagner, a história e a luz que irradia da música é cativante e em seguida "O ouro de reno" e quando se começa a gostar desta, o caminho da exploração de Wagner abriu-se totalmente. Concorda? Isto aconteceu em parte comigo

José Quintela Soares disse...

Caro geocrusoe

Obrigado pelo seu comentário.

O que entendo por fundamental, na esmagadora generalidade dos casos, é a maturidade do ouvinte, necessária não só para entender a temática wagneriana, mas também para apreciar, sob todos os pontos de vista, a melodia e as vozes.
certamente que o "Navio fantasma" seria das primeiras que recomendaria a um jovem, e também "Lohengrin" e "Tannhauser".
Passaria ainda pelo "Parsifal", e depois o Anel.
É que as ligações entre as quatro óperas deste, a trama, a "espiritualidade", tornam-no, na minha opinião, a "cereja" no topo desse gostoso e enorme bolo que Wagner confeccionou.

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