A primeira ópera importante de Verdi foi “Nabucco”, estreada em 1842, em Milão.
A sua principal atracção era o tocante coro dos judeus cativos, que logo na estreia originou a associação de Verdi ao movimento de “Risorgimento”, já então em plena explosão. O “Va Pensiero” seria entoado por milhares de pessoas nas ruas de Milão, no funeral do compositor.
Outro belo coro que foi adoptado pelos patriotas era da ópera “I Lombardi”, e referia-se à primeira visão de Jerusalém dos cruzados italianos.
Hoje, dificilmente se poderá compreender a quantidade de obstáculos postos no caminho de Verdi pelas autoridades governamentais, quer austríacas, como em Milão e Veneza, quer papais, como em Roma, quer ainda napolitanas.
Quando o grande soprano Giuditta Pasta (Bellini compôs “La Sonnambula” e a “Norma” para ela) foi a Londres, em 1833, anunciou que escapara à prisão por muito pouco, quando em Nápoles pronunciou em palco a palavra “libertà”. A censura proibia tudo o que pudesse ser interpretado como ridicularizando ou mostrando aversão pelas autoridades, e por reis ou imperadores de qualquer época; toda a alusão à Igreja era perigosa e o uso de qualquer palavra que pudesse ter ligação com assuntos religiosos era também proibido; todas as representações de conspirações ou conjuras eram radicalmente impossíveis. A tirania que Verdi teve de sofrer era particularmente grave para os poetas que pretendiam criar óperas a partir dos dramas românticos franceses.
“Ernani”, estreada em 1844 em Veneza, marca o primeiro contacto de Verdi com Vítor Hugo, e “Macbeth”, que pela primeira vez foi apresentada em 1847 em Florença, a sua primeira aproximação de Shakespeare.
A sua principal atracção era o tocante coro dos judeus cativos, que logo na estreia originou a associação de Verdi ao movimento de “Risorgimento”, já então em plena explosão. O “Va Pensiero” seria entoado por milhares de pessoas nas ruas de Milão, no funeral do compositor.
Outro belo coro que foi adoptado pelos patriotas era da ópera “I Lombardi”, e referia-se à primeira visão de Jerusalém dos cruzados italianos.
Hoje, dificilmente se poderá compreender a quantidade de obstáculos postos no caminho de Verdi pelas autoridades governamentais, quer austríacas, como em Milão e Veneza, quer papais, como em Roma, quer ainda napolitanas.
Quando o grande soprano Giuditta Pasta (Bellini compôs “La Sonnambula” e a “Norma” para ela) foi a Londres, em 1833, anunciou que escapara à prisão por muito pouco, quando em Nápoles pronunciou em palco a palavra “libertà”. A censura proibia tudo o que pudesse ser interpretado como ridicularizando ou mostrando aversão pelas autoridades, e por reis ou imperadores de qualquer época; toda a alusão à Igreja era perigosa e o uso de qualquer palavra que pudesse ter ligação com assuntos religiosos era também proibido; todas as representações de conspirações ou conjuras eram radicalmente impossíveis. A tirania que Verdi teve de sofrer era particularmente grave para os poetas que pretendiam criar óperas a partir dos dramas românticos franceses.
“Ernani”, estreada em 1844 em Veneza, marca o primeiro contacto de Verdi com Vítor Hugo, e “Macbeth”, que pela primeira vez foi apresentada em 1847 em Florença, a sua primeira aproximação de Shakespeare.
23 comentários:
Tenho de reconhecer que, quem gosta de ópera pode preferir um compositor ou outro, mas certamente há uma ópera de Verdi no pacote das suas favoritas, eu tenho duas: D Carlo e O Trovador, nesta, o relato da cigana de como "matou" o filho do inimigo faz-me sempre um arrepio na coluna e já relatou num post recente a memória do acto.Mas há muitas outras obras dele que gosto muito e outras ainda não descobri. Verdi ocupa de facto um espaço muito importante na minha lista de óperas e é sem dúvida o maior mestre de sempre na ópera italiana, pela qualidade e quantidade.
Caro geocrusoe
Não me peça para enumerar as minhas óperas favoritas de Verdi...porque são muitas, diria mesmo, quase todas.
Ouve-se um pequeno trecho de qualquer delas, e diz-se "É Verdi!", sem margem para engano.
Os génios são assim...
Dizem os "entendidos" que a melhor ópera de Verdi é o "Don Carlo".
Modestamente, pergunto:
E o "Othello"?
E o "Macbeth"?
E o "Nabucco"?
E o "Rigoletto"?
E o "Trovador"?
E a "Traviata"?
E....
E...
E..
Faço-me entender?
Abraço
Nem me atrevi a pedir-lhe, referi que quem gosta de ópera, mesmo que prefira outro compositor, tem sempre um lugar para Verdi no pacote das favoritas. Como admirador da ópera alemã mencionei as duas de Verdi que ouço mais vezes. Não sabia que os "entendidos" diziam que o D Carlo era a sua melhor ópera, mas é mera coincidência, os meus gostos nascem de mim e não deles, até porque, embora haja excepções, por norma os "entendidos" não conseguem cativar apreciadores de música, por norma falam uns para os outros e é pena! pois a música precisa de pessoas que a saibam divulgar e este blog contribui com a sua cota parte.
gostei,
imenso...
de passar por aqui !
Gostaria de sabera a opinião dos entendidos sobre Luisa Miller, para mim a melhor ópera de Verdi.
Opiniões de "entendidos"...bom, não sendo o meu caso, darei a minha opinião.
Parto do princípio que Verdi era um génio musical. E direi que gosto de TODAS as suas óperas.
"Luisa Miller" não é das mais cantadas, mas está no seu direito de a considerar como a melhor, ou, pelo menos, como a sua preferida.
Não partilho dessa opinião, mas respeito-a.
Repito o que já comentei neste post, muitos consideram "Otello" a melhor ópera de Verdi.
Muitos outros, não.
Obrigado pela pergunta.
Você tem toda a razão: é estranho achar "Don Carlo" a melhor ópera de Verdi.
Outras estranhezas: Trovador e Falstaff.
Quanto a Otelo, não concordo que seja a melhor; tem, entretanto, a cena "Beva cum me", em que Iago embebeba Cássio, que para mim é um dos momentos maiores da ópera. Como o "En garde", da Carmem, e o "Libbiamo", da Traviata.
Peço a sua opinião sobre o Rigoletto, particularmente "Povero Rigoletto" e "Cortigiani".
Parabéns pelo blog.
Incluo-me entre os que acham Luísa Miller uma obra-prima. Para os que quiserem conferir, sugiro, disponível no mercado, o DVD da apresentação de 1979 no Metropolitan: Levine, Scotto, Domingo, Milnes, Morris, Giaiotti e Jean Kraft (todos magníficos).
Para mim as melhores óperas de Verdi são Rigoletto, Traviata e Luísa Miller.
The best one is Nabucco...
Toda ópera de Verdi é a melhor.
Gostaria de ver um comentário sobre "La forza del destino". Aí em Portugal também se usa a expressão "muito cafona"?
Sig. U. R. Vital
Questa è la prima volta che sento qualcuno dire che un'opera di Verdi ad essere di cattivo gusto. Incommensurabile eresia...
Caro senhor Francesco Domenico,
Disse o eleático, aí de Vélia: o que é, é; o que não é, não é.
In other words: Impossible to change facts - I am deeply sorry.
Parabéns pelo blog, muito necessário. Quem gosta de ópera gosta de saber a opinião dos eruditos.
Um blog sobre ópera, isso é muito bom. Já que o senhor gosta de "Othelo", quem foi melhor "Desdemona": Kiri Te Kanawa ou René Fleming?
Caro Remo
Pergunta de difícil resposta.
Como sabe, depende muito dos gostos pessoais. A título de exemplo, os dois nomes que nomeia na "Desdemona", enormes sopranos, não fazem parte das minhas favoritas no papel.
Para mim, Mirella Freni.
E Josephine Barstow como Lady Macbeth, qual a sua abalizada opinião?
Nunca ouvi Barstow nesse papel, pelo que não tenho opinião.
A ópera "I Lombardi alla prima crociata" é um verdadeiro samba do crioulo doido.
O nobre José Quintela viu Renato Bruson como Rigoletto?
Grato pelo "nobre", embora imerecido.
Vi Bruson no Rigoletto, sim.
Enorme, como sempre, nos seus melhores tempos.
Verdi era um expoente da música, sem dúvida. Mas ópera não é só música e gostaria de comentar e ver comentada a predileção do grande compositor pelas histórias inverossímeis ou de mau gosto: Força do Destino, Ernani (Vitor Hugo?), Trovador, Aída, Baile de Máscaras, Simão Bocanegra, Rigoletto(Vitor Hugo?), Luísa Miller, Atilla,Vésperas Sicilianas, Lombardos na Primeira Cruzada, Stifelio, Dom Carlo, Nabucco... Salvam-se a Traviata, I Due Foscari e as histórias baseadas em peças de Shakespeare (se admitirmos Othelo, Falstasff e Macbeth como histórias verossímeis).
Pode comentar?
U. R. Vital, Rio de Janeiro
Não vi aqui nenhuma referência a Giovanna D´Arco, uma ópera de Verdi com esplêndidas canções. Recomendo o DVD da récita do Teatro de Bolonha, 1990, com Bruson, Susan Dann, La Scola.
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