domingo, 17 de outubro de 2010

Ouro...mas pouco.



Ontem, no Grande Auditório da Gulbenkian, fez-se História.
Pela primeira vez em Portugal, uma transmissão em HD de uma ópera do MET.
Ainda que em diferido. Outras virão em directo.
“O Ouro do Reno”, para começar. Bryn Terfel cabeça de cartaz.
Que dizer?
Destacaria pela positiva: James Levine, a Orquestra, Robert Lapage e Eric Owens.
Isto é, o Maestro e os seus Músicos, a encenação e Alberich.
E se a qualidade de Levine apenas poderia ser questionada dados os seus recentes problemas de saúde, bem depressa nos apercebemos que aquele Levine, à frente desta Orquestra há quatro décadas, está em pleno. Mas a grande questão que se colocava era a encenação. Habitualmente, “reajo” mal a modernismos cénicos, mas este trabalho de Lepage agradou-me. Gostei.
Pode ter acontecido que Wagner tenha dado alguns saltos no sepulcro, por pensar que se estava a distrair o público da acção principal. Mas gostei.
Eric Owens, no Alberich, foi simplesmente “the best on the screen”. Voz poderosa, interpretação magnífica, “encheu” o palco. Muito bem!
Então e o resto? Terfel? Fasolt e Fafner? Fricka?
Terfel foi, na minha opinião, a desilusão completa. O seu Wotan é vulgar, sairá rapidamente da memória dos que viram e ouviram. Sem chama, sem alma. Que saudades tive de Donald McIntyre, por exemplo… Os “gigantes” foram banais, para não dizer fracos. A Fricka de Stephanie Blythe esteve bem vocalmente, mas…não se pode ver sem um ligeiro sorriso, dado o peso da cantora.
No final, alguma sensação de espectáculo mediano.
Fez-se história, mas não pelas melhores razões.
Foi pena.

3 comentários:

Carlos Faria disse...

Ouvi alguns excertos em directo na RDP2, na rádio não me desagradou, também é certo que pelo música e frases captadas do alemão me parecia ser o Alberich nas transformações com o seu helmo...
Bryn Terfel não gosto em nenhum papel que não seja de uma personagem irónica ou cómica, como Fígaro nas suas bodas.

Paulo disse...

Gostei essencialmente da orquestra e do Alberich. Também fiquei desapontado com o Terfel, de quem esperava mais, sendo que o considero um dos melhores cantores da actualidade e adequado para o papel de Wotan. Veremos se na Valquíria melhora. Os outros cantores, à excepção do Loge de R. Croft e da Freia, achei bem, sem serem extraordinários. Tomáramos nós tê-los cá, é certo, mas não os incluo na lista do topo de gama.
A máquina do Lepage cumpre bem a função. Enche o olho.

blogger disse...

Subscrevo tudo o que o Paulo escreveu.

Locations of visitors to this page