domingo, 24 de maio de 2009

Carlos Fonseca


Nunca mais ouvi falar dele, mas lembro-me bem de o ver e ouvir em S.Carlos e de me dizerem que era um dos bons “baixos” portugueses, a par de Álvaro Malta.
E, embora garoto, gostava daquela voz de baixo quase “profondo”, a lembrar aquela que mais tarde “descobri” em gravações, a do fantástico Tancredi Pasero.
Carlos Fonseca nasceu em Lagos, em 1930.
Muito novo ingressou no coro de S.Carlos, mas é no início dos anos 60 que integra a saudosa “Companhia Portuguesa de Ópera”, e aí inicia uma brilhante carreira, notabilizando-se nos anos seguintes em “D.Basilio” do “Barbeiro de Sevilha” e”Colline” da “Bohème”. Ainda hoje alguns recordarão igualmente o seu “Sparafucile” do “Rigoletto”.
Mas seria só em 1967 que teria oportunidade de um papel principal, no “Don Pasquale”, com Zuleica Saque, Armando Guerreiro e Hugo Casaes.
No “Actualidades” de 13 de Maio desse ano, escrevia Judith Lupi Freire:

“Carlos Fonseca apresentou-se pela primeira vez num papel principal e de muita dificuldade vocal e cénica. E a sua estreia foi espectacular: que densidade e que inflexão de voz! Que segurança e exactidão nos movimentos! Que detalhes vocais e cénicos tão psicológicos e sugestivos! Portou-se como um artista completo e isto numa estreia é excepcional!”

E assim continuou.
Na década de 70 fez parte da esmagadora maioria dos elencos de S.Carlos, sempre seguro e profissional.
Deixou de cantar em 1983.


(Fonte : Mário Moreau, “Cantores de Ópera Portugueses”, Terceiro Volume.)

3 comentários:

Hugo Santos disse...

Caro José, que agradável surpresa. Conhecia-o só de nome, no âmbito das minhas incursões em arquivos, nomeadamente no do São Carlos. Quando adquiri a gravação do Rigoletto de 1979 com Kraus, Bruson e Bayan e ouvi o seu Sparafucile fiquei extremamente bem impressionado. Um baixo como Carlos Fonseca, hoje em dia, faria sombra a muitos intérpretes de projecção internacional. Espero não estar a exagerar com esta minha afirmação. Aquele timbre escuro aliado a uma produção vocal homogénea, a uma grande musicalidade e a uma expressividade evidente são de saudar.

bbarahona disse...

Caro José Quintela Soares, creio recordar o Sparafucile de Carlos Fonseca em data posterior a 1983 (talvez 1984??), num Rigoletto com Elvira Ferreira e o barítono brasileiro Fernando Teixeira (que no ano antes fizera o Barnaba da Gioconda com a Galina Savova). Que voz tão homogénea ele tinha e que graves profundos.
Bernardo Barahona

Miguel Maldonado disse...

Meus Caros
O referido Rigoletto é de Junho de 1986, com Fernando Teixeira, Elvira Ferreira,Vincenzo La Scola, Manuela Castani, Costa Coutinho e Carlos Fonseca, a encenação de Gino Bechi, a direcção Musical de John Neschling. Existe gravação de uma das récitas para a RTP e RDP.
Ouvi diversas vezes Carlos Fonseca, Aida, Barbeiro de Sevilha, Serrana, A Vingança da Cigana, A Flauta Mágica entre outras e guardo para sempre a cor e expressividade da sua voz.

Miguel Maldonado

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