sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Ontem ouvi (9)





Elena Souliotis (1943-2004) surge, no princípio da sua carreira, como uma nova Callas, o que seria absolutamente decisivo para a sua curta carreira. Dotada de um instrumento vocal fantástico, não o soube aproveitar. Exagerou e ficou sem ele, bem cedo.
Mas gravou esta “Abigaille” em 1965.
Seria o seu papel favorito, e aquele que lhe arruinaria a voz, pois exige muito de quem o interpreta, e Souliotis fê-lo demasiadas vezes.
Só que este “Nabucco”, com Tito Gobbi (1913-1984) no protagonista, ficou para a história da Ópera como a gravação de referência. A acompanhar Souliotis e Gobbi, Bruno Prevedi (1928-1988) no “Ismaele”, Carlo Cava (nasceu em 1928) no “Zaccaria”, Dora Carral (soprano cubano que fez a sua carreira em Itália) em “Fenena”, Giovanni Foiani (excelente baixo) em “Il Grande Sacerdote”.
Lamberto Gardelli (1915-1998) dirige a Orquestra de Ópera de Viena.
Não sei quem apreciar mais nesta gravação, se o soprano ou o barítono. O melhor é mesmo saborear ambos, muitas vezes. Nunca cansa.



2 comentários:

Hugo Santos disse...

É também a minha gravação favorita do Nabucco. De estúdio, claro está. Sorte de quem pode ver e ouvir Suliotis neste mesmo papel no São Carlos com o Giangiacomo Guelfi e o Paolo Washington. Por falar da carreira meteórica da Suliotis, ainda ontem estava a ouvir a sua Anna Bolena captada ao vivo no Colon de Buenos Aires com a Cossotto, o Vinco e o Gianni Raimondi (1970). Chegados às últimas páginas, o "Al dolce guidami" e sobretudo o "Copia iniqua", a voz parece ameaçar ceder, como se pudesse ficar sem suporte a todo o momento. Sente-se também um certo cansaço. É então que nos apercebemos que a senhora tinha apenas 26/27 anos aquando das récitas. Convenhamos, cantar a Anna Bolena com esta idade... O que ninguém lhe poderá negar será o magnetismo feroz com que afrontava muitos dos seus papéis.

José Quintela Soares disse...

Caro Hugo

Muito cansaço, muito álcool, muito desespero por perceber que a portentosa voz se tinha "esgotado"...mas uma cantora excepcional no curto período áureo da sua carreira.

Um abraço.

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