sábado, 16 de agosto de 2008

Génese de Grandes Óperas (2)


Quando Napoleão invadiu a Áustria em 1805, preparava-se a estreia em Viena de “Fidelio”, então com o nome de “Leonora”.
Por este facto, a assistência era constituída por alguns amigos de Beethoven e por uma enorme massa de oficiais do exército francês, que nem entendiam a língua alemã. Para além disso, constava de três longos actos.
Nem a circunstância de o compositor ser considerado o “herdeiro” de Mozart, nem o sucesso que a sua Sinfonia “Heróica” registara, foram suficientes para que “Leonora” fosse considerada um êxito. Bem pelo contrário.
A tal ponto, que a segunda récita, no dia seguinte, não tinha praticamente espectadores.
E Beethoven, que fazia a sua estreia no mundo da ópera, retirou “Leonora” do teatro, jurando não mais a levar à cena, nem escrever uma segunda.
Nessa altura, o tal grupo de amigos revelou-se fundamental, tentando convencê-lo de que seria necessário fazer alterações e alguns cortes. A resistência de Beethoven foi tremenda, mas finalmente acedeu. E logo escreveu uma “Abertura” completamente diferente da inicial, mudou o nome para “Fidelio”, desapareceram os três actos, ficando apenas dois.
“Fidelio” estreou em 29 de Março de 1806.
Sucesso relativo, que originou a decisão de retirar a ópera do palco após cinco récitas.
Beethoven estava então decidido a esquecer a ópera, lamentando-se de não ter culpa de “não saber escrever para as galerias”.
Até que em 1814, um empresário (Georg Treischke) conseguiu convencê-lo a levar a ópera a palco. Beethoven concordou, mas impôs novos cortes e modificações. O “libretto” foi quase todo alterado e muitas cenas ajustadas.
E à terceira, o sucesso foi tremendo.
Beethoven, esquecendo-se certamente do que dissera muitos anos, afirmou:
“Escreve-se melhor quando se escreve para o público”.
Ainda nos nossos dias Beethoven é considerado o “relutante” compositor de ópera, deixando-nos apenas “Fidelio” como prova do seu Génio.
E sem o saber, Napoleão “participou” activamente na criação desta ópera.

4 comentários:

Pedrita disse...

eu li o livro desirée da selinko. é uma obra de ficção, mas tem pano de fundo a história de napoleão e beethoven aparece nela. bem interessante. meu blog ultimamente está mais parecido com esse seu do que com o de cinema. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

Gosto muito desta ópera, mas ao longo de várias ária e coros parece-me que estou a assistir mais a uma sinfonia coral do que a uma ópera. O génio na música está lá todo e é por isso que esta obra me é interessante, o fio condutor do libreto para mim já não foi tão bem conseguido.

Anónimo disse...

Pedrita,
Quem é a desirée da selinko ?

Álvaro

Maria disse...

moral da História: as verdades são relativas, dependem de tempo e espaço, entre outras dimensões. Parabéns pelo seu ciber-espaço :))

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