quinta-feira, 29 de março de 2007

Gino Bechi


Foi, seguramente, um dos grandes cantores na história da ópera, e considerado por muitos, nos anos 40,o melhor barítono italiano. Pessoalmente, e sem retirar qualquer mérito a Bechi, prefiro Gobbi.
Gino Bechi estreou-se em 1936, como Germont em “La Traviata”.
Pouco tempo depois, o célebre maestro Tullio Serafin ouviu-o e contratou-o para a Ópera de Roma, onde Bechi cantou muitos anos. Os seus maiores triunfos de então foram a “Aida” e os “Palhaços”, mas também a “Cavalleria Rusticana” e o “Rigoletto”.
Há um episódio curioso passado no nosso S.Carlos que não posso deixar de referir aqui. O cantor era presença constante em Lisboa (mais tarde veio mesmo viver para Portugal), e numa récita do “Rigoletto”, nos anos 50, cantou uma ária inteira de joelhos…mas de costas voltadas para o público. Segundo me dizem, S.Carlos ia rebentando de aplausos. Bechi era um excelente actor, emprestando às personagens interpretações fantásticas.
Infelizmente, há poucas gravações em dvd. Eu tenho uma “Traviata” com Anna Moffo e Bonisolli, com Bechi no velho Germont, já em fim da carreira, mas onde ainda se pode apreciar a sua arte.
Nos anos 50 a sua voz tornou-se “anasalada”, mas nem assim Bechi deixou de cantar.
Nunca é fácil aceitar o fim.




4 comentários:

Anónimo disse...

Dele contarei este pequeno episódio passado comigo. Coliseu dos Recreios, a ópera já acabou, os artistas com alguns acompanhantes saiem e há sempre uns caçadores de autógrafos, entre eles um jovenzinho de uns 15, 16 anos. Este tem em casa, em 4 LPs (!) uma Aída com Gino Bechi no Amonasro, no meio de um elenco lendário: Gigli, Caniglia, Stignani, Pasero, Tajo.O jovenzinho que não viu aquele senhor cantar, pergunta a alguém quem é ele e dizem-lhe que é Gino Bechi. O jovem pensa que tem uma visão divina e dirige-se a ele, dizendo-lhe "tenho a sua Aída". Resposta do senhor, quase sem olhar para mim: "Atire-a ao Tejo".
No coments.
Raul Andrade Pissarra

Anónimo disse...

permito-me fazer um "comment", caro Raul.
Eu tenho essa Aida en cd, e com toda a franqueza, não a consigo ouvir. E não por causa do Bechi, mas sim da Caniglia.
Eu sei que as vozes eram diferentes das da era moderna, que as gravações eram muito más quando se comparam com as de hoje...mas a Caniglia, naquela gravação, parece uma gata...Insuportável.
Talvez por isso bechi gostasse bem pouco dessa Aida.
E obrigado por ter partilhado essa história.

Anónimo disse...

Caro José,
Isso é outra questão. O que eu critico é o "corte" no entusiasmo juvenil.
Quanto à gravação, compreendo perfeitamente a sua crítica, pois a voz é muito "ácida". Mas eu gosto nela a dimensão dramática, que é muito envolvente. A voz é "feia" numa perspectiva "tebaldiana", mas mesmo assim pelas ditas razões eu gosto da Aida da Caniglia, compreendendo a sua crítica. Certamente que o LPs foram à vida há décadas, mas talvez há uns 10 anos comprei o CD. Porquê? Para ter um papel completo pelo Gigli e sobretudo pela fabulosa Amneris da Stignani, o melhor mezzo italiano da sua geração e um dos melhores do século.
Raul

MCA disse...

Também pode ter sido uma brincadeira. Talvez ele não gostasse de Italo Tajo...

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