segunda-feira, 12 de março de 2007

Fiorenza Cossotto


Nasceu no mesmo ano que Mirella Freni e Pavarotti. 1935.
Estudou na Academia de Música de Turim, e foi a melhor aluna do seu curso.
Estreou-se no “Diálogo das Carmelitas” de Poulenc, em 57, no Scala, mas é a sua “Neri” que faz na “Medeia”, com Maria Callas como protagonista, no Covent Garden em 59, que a transporta para a fama.
Só quase dez anos mais tarde faz a sua primeira “Amneris”.
Fiorenza Cossotto é “o” mezzo da sua geração em óperas de Verdi.
Vê-la no Trovador, em S.Carlos, foi uma das grandes experiências musicais a que tive a sorte de assistir. É difícil haver outra “Azucena” que se lhe compare, nos dias de hoje.
Voz potente, actriz dramática excepcional. Reparem nos seus olhos.
“Falam”. “Cantam”.
Durante décadas foi casada com o baixo Ivo Vinco, mas o divórcio surgiu após 40 (!) anos de vida em comum.
Fiorenza Cossotto é a última de uma tradição de “mezzos” italianos, que teve, anteriormente, em Fedora Barbieri e Giulietta Simionato, os seus maiores expoentes.

4 comentários:

Teresa disse...

Grande mezzo, sem dúvida. O meu "Trovador" é com ela, "A Força do Destino" também (ambos do Levine).
Nos bastidores do S. Carlos comentava-se à boca cheia há uns dez anos que ela tinha trocado o Ivo Vinco pela secretária, mas pode ser pura intriguice...

Anónimo disse...

Qual o interesse dessa informação marginal sobre a Cossoto ? Que ela era lésbica ? E se ela não é e foi só uma "intriguice" ? A excepcional cantora não "merece" comentários destes.
Tive a grande felicidade de a ver na Norma, Trovador (3 x), Aida (2x)Cavellaria Rusticana, Anna Bolena e no Requiem de Verdi. Para mim a voz de mezzo mais bela que ouvi.
Raul Andrade Pissarra

Teresa disse...

O interesse desta informação marginal sobre a Cossotto é exactamente o mesmo de toda e qualquer informação marginal sobre qualquer outro grande cantor ou cantora. A história trágica da Callas com o Onassis, o posterior e vergonhoso abandono dele, por exemplo, que na opinião dos íntimos dela foi o princípio da morte dela.

Estas pessoas têm vidas fora dos palcos e dos estúdios de gravação, feitas de alegrias e desgostos, e impossível será que uma grande sensibilidade musical não transporte para o canto emoções pessoais. Já ouviu a Callas cantar o Ah Non Credea Mirarti depois de 1969? É bem diferente, e não estou a falar da voz que lhe falta. Estou a falar de qualquer coisa muito subtil, muito íntima, que perpassa e nos comove indizivelmente.

Se a Cossotto é lésbica, ou se descobriu em si essa orientação tardiamente, é indiferente. É só mais um dado, mais uma peça para a construção da personalidade. Ou julgava que a minha intenção era maledicente? Nem pouco mais ou menos. Sempre advoguei - e em anos em que isso fez nascer discussões acesas com amigos intolerantes - o direito de cada um seguir livre e abertamente as suas inclinações.

No caso presente, o dos cantores, sem esses elementos pessoais, as biografias seriam um mero repositório de datas e papéis cantados. Há quem considere a autobiografia da Sutherland enfadonha, porque ela é tão boa pessoa que se recusa a dizer mal de quem quer que seja, mesmo de pessoas que abertamente, principalmente por inveja - uma Raina Kabaivanska é um caso sabido - tentaram prejudicá-la ou brilhar à custa dela. Na autobiografia dela não há aqueles episódios saborosos de bastidores que nos fazem delirar (como quando o Toscanini, exasperado, gritou à Tebaldi que tinha o pior ouvido do mundo... mas cantava como um anjo!), conta o que cantou, com quem, e pouco mais.

Anónimo disse...

Não acredito que a degradação progressiva da voz da Callas tenha sido afectada pela sua vida pessoal. Onde é que a Callas cantou o "Ah, non credea mirarti" depois de 1969 ? Não me parece possível, pois depois dessa data só temos registos da tournée que fez com o di Stefano e esta ária não consta da lista.
Li uma crítica autorizada (revista Gramophone) sobre a biografia da Sutherland e dizia precisamente isso, que só dizia bem das pessoas e dava o exemplo da Duquesa de Windsor que era "lovely".
A vida de um cantor ou cantora fora da música é-me indiferente, talvez porque não goste de "intriguice". Sempre me irritaram as biografias da Callas, onde é dada importância à relação com o Onassis e sempre ajuizei pouco abonatoriamente em termos de gostos operáticos qualquer pessoa que, quando eu lhe falava da Callas me referia de imediato o Onassis. Isto não quer dizer que, por exemplo, o facto da Cossoto ter sido casada com o fraquíssimo Ivo Vinco não me interesse, pois fui obrigado a ouví-lo por imposição da mulher. Quando a Los Angeles morreu é que soube da vida difícil que teve com um filho muito deficiente. A minha apreciação da cantora em nada mudou.
Para terminar: se a Cossoto tivesse trocado o marido pelo secretário, também diria isso no seu comentário ?
Raul Andrade Pissarra

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