sexta-feira, 9 de julho de 2010

Fim adiado


“Depois de décadas como tenor, o maestro espanhol regressa às suas origens de barítono”.

Assim intitula James Naughtie o seu recente artigo sobre Plácido Domingo no “Telegraph”. Muito elogioso e concordante.
Sou um mero apreciador de Ópera, mas não alinho neste aplauso.
Domingo foi, é e será sempre, para mim, um tenor, um dos grandes do século XX. Completo (mais do que Pavarotti, por exemplo), uma grande voz e um bom timbre.
Tenor, senhores.
Quando o vi, pela primeira vez, a reger uma orquestra, percebi a intenção. Queria ficar ligado ao mundo da lírica quando a voz desaparecesse. Lógico. E se tinha qualidades de regência, tudo bem. Perdia-se um tenor, ganhava-se um maestro.
Mas perto dos 70 anos cantar papéis de barítono, por muito bem que o faça, santa paciência! Faz-me lembrar aqueles futebolistas famosos que não conseguem encarar de frente o fim das suas carreiras, e se arrastam pelos campos em clubes secundários, manchando tudo quanto de bom fizeram no passado.
Plácido Domingo devia retirar-se.
Ninguém lhe retira o justo lugar que tem na história da Ópera, a par de Caruso, Gigli, Bjorling, Corelli, Del Monaco, Pavarotti.
Tenores.
Como ele.

3 comentários:

Anónimo disse...

Thanks for your input, I'm sure those of us who have actually bothered to go and watch him instead of write blog reactions based on one shitty and misinformed "headline" from the BBC, will just be shit out of luck when Domingo listens to your wise words of wisdom and retires.

Ibel disse...

Cá estou. Bela coincidência de gostos.
Abraço

Anónimo disse...

Embora chore sempre que oiço "Nessun Dorma", cantado por ele, concordo inteiramente. Há idades para tudo e o declinio da voz nota-se bem. Pena que seja que alguns dos grandes como por exemplo a nossa Amália (noutra área, claro), não se saibam retirar a tempo de nos deixar uma imagem inesquecivel e não criticável.
Cumprimentos

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