terça-feira, 15 de setembro de 2009

Curiosidades (5)


Durante mais de trinta anos, de 1766 até 1799, nenhuma mulher cantou ópera em Portugal.
E isto porque o filho do Marquês de Pombal perdeu a “cabeça” ( e muito dinheiro) com uma célebre cantora italiana, Zamperini, que actuou no Teatro da Rua dos Condes.
O Marquês não se contentou em expulsá-la do país, levando a sua ira ao ponto de proibir a presença de mulheres nos espectáculos.
Eram os “castrati” que as substituíam.



8 comentários:

divagarde disse...

Curiosa a história. Uma atitude muito a jeito de Pombal :)
Os castrati... aberração das cortes decadentes, viriam a considerar os liberalistas inflamando-se contra a castração.
Na verdade, poucas mulheres alcançavam prestígio durante a época áurea dessas cirúrgicas vozes, timbre mágico inalcançável.

Xico disse...

Julgo que esta informação é errada. O marquês tem as costas largas para tudo.
A proibição de mulheres no teatro da corte é do tempo de D. João V e é no tempo de D. Maria I que se proibem as mulheres nos restantes teatros.
Luísa Todi necessitou de uma autorização especial para cantar em Lisboa depois de ter brilhado na Europa.
O Marquês, desta vez, penso que se safa.

José Quintela Soares disse...

Caro Xico

Vou citar João de Freitas Branco*:

"O novo Teatro da Rua dos Condes surgiu pouco depois, com espectáculos que deram brado. Foi lá que se exibiu a Zamperini, por quem muitos perderam a cabeça, entre os quais o conde de Oeiras, filho do Marquês de Pombal e presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
O resultado desse escândalo foi não só a ezxpulsão da perigosa cantora, mas também a participação de mulheres nos espectáculos....
...A proibição de entrada de mulheres no palco ainda vigorava (em 1793, ano da inauguração do S.Carlos), pois só foi levantada em 1799".

*In "História da Música Portuguesa"

Xico disse...

caro José Quintela Soares
Já tinha ouvido falar no caso da Zamperini, mas estava plenamente convencido que a proibição das mulheres nos palcos era de D. Maria.
Talvez seja mais um daqueles casos de propaganda, tentando dar uma imagem mais benéfica e esclarecida do Marquês (um jacobino "avant le temps") para denegrir D. Maria, uma mulher de religiosidade exacerbada.

Indy_Jones disse...

Conhecia esta história da Zamperini mas noutra versão: quem perdeu a cabeça por ela foi o rei D. José, e quem tudo fez para proibir a presença de mulheres nos palcos portugueses foi a rainha.

Unknown disse...

A História da ZAMPERINI tem a sua verdade, não foi no entanto nessa data que começou a proibição da presença de mulheres no palco e de fama dos castrati, mas sim no reinado de D.João V. A Zamperini apanhou um dos interregnos das proibições de mulheres nos palcos.
João de Freitas Branco sabia o que escrevia, mas as frases dos autores não podem ser descontestualizadas.
Pulcinella

José Quintela Soares disse...

Pois é, caro "henrique" / Pulcinella...

O "contexto" é que estragou tudo...e seguramente João de Freitas Branco ficaria bem mais preocupado com algumas palavras "descontestualizadas".

Anónimo disse...

Mas Cecilia Rosa de Aguiar cantou em Lisboa no teatro do Conde de Soure, onde se estreou Luisa Todi em 1970, nos anos de 1770,71, 72, pelo menos. No Porto a proibição não terá sido aplicada - ver Historia da Música de Rui Vieira Nery e Paulo Ferreira de Castro

AVilar

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