sábado, 27 de outubro de 2012

Cantoras Esquecidas (5)



Emma Calvé (1858 – 1942)

Dizia-se que a sua “Carmen”, o seu papel mais famoso, não consistia numa interpretação, mas de milhares, dependendo da sua disposição na noite da récita. A sua versatilidade entre a opulência escura do contralto e o brilhantismo de uma alto-soprano, quebrava qualquer disciplina que o papel impõe.
Espantou todas as audiências desenvolvendo o que chamava a sua “quarta” voz, aprendida, segundo dizia, com os “últimos castrati”, e que é reconhecida em muitas das suas gravações.
Estreou-se no “Fausto” em Bruxelas no ano de 1881, mas segue de imediato para o Covent Garden (Londres) e para o MET (NY), onde fez sensação na “Cavalleria Rusticana”.
Fazendo uma gestão perfeita e inteligente dos papéis que escolhia, Calvé chegou a gravar já com mais de 60 anos, o que é sempre notável.
Permanece como uma das grandes Divas da Ópera, ainda que muito esquecida.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Cantoras Esquecidas (4)



Claire Dux (1885 – 1967)

Podia-se gabar de ter sido a única cantora de ópera retratada por Salvador Dali.

Há quem diga que o seu timbre nunca foi igualado por nenhum soprano alemão.
Embora aos 12 anos já cantasse a “Gretel”, estreou-se oficialmente aos 21 como “Pamina”, e durante muitos e muitos anos nenhuma “Pamina” ou “Eva” (“Mestres Cantores”) foi considerada melhor.
Após a guerra de 14-18 decidiu mudar-se para os Estados Unidos, e em Chicago, depois de dois casamentos anteriores, o primeiro com um escritor que não passou do anonimato, o segundo com o actor Hans Albers, Claire Dux casou com o milionário Charles Swift, marcando claramente o fim da sua notável carreira.
Ainda cantaria em Salzburgo, sem grande sucesso.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Cantoras Esquecidas (3)



Lina Cavalieri  (1874 – 1944)

Começou como cantora de café-concerto, tornando-se muito conhecida não apenas pelo seu talento, mas também, ou principalmente,  pelos dotes físicos.
Caprichosa e inteligente, juntou uma enorme fortuna, fruto de relações com homens poderosos e ricos, chegando a assinar um contracto com um deles, da família Astor, que lhe rendeu todos os seus bens em troca de uma semana de casamento legal. E assim foi…
A sua estreia em palcos de ópera sucede em Lisboa, na temporada de 1899-1900, cantando a “Nedda” dos “Palhaços”.
No excelente livro “O Teatro de S.Carlos – Dois Séculos de História” de Mário Moreau, podemos ler:

“Lina Cavalieri era uma mulher de beleza deslumbrante, mas, no que respeita a dotes vocais, parece que o deslumbramento causado já não era precisamente o mesmo. Em todo o caso, na referida noite ainda foi aplaudida, embora tivesse ouvido manifestações de desagrado, incluindo risos e gritos de troça. No dia seguinte, porém, as coisas pioraram muito. O público, continuando a manifestar a sua agressividade, vaiou a cantora, cuja actuação não foi satisfatória nem poderia ter sido, depois da hostilidade da véspera. Indignada e psicologicamente incapaz de prosseguir a representação, Lina Cavalieri retirou-se da cena no meio de uma algazarra infernal que se prolongou por alguns minutos, ao cabo dos quais o espectáculo pôde prosseguir, agorqa com a cantora Amalia De Roma”.

Interpretou a “Manon Lescaut” no primeiro filme mudo sobre uma ópera. Não se ouvia a sua voz, mas via-se a mulher, o que foi suficiente para as salas esgotarem com facilidade.

Cavalieri, que foi considerada, à época, “a mulher mais bela do mundo”, morreu na sua casa em Florença, em 1944, aquando de um bombardeamento.

sábado, 6 de outubro de 2012

Cantoras Esquecidas (2)




Maria Jeritza (1887 - 1982)

Foi ela quem estreeou várias óperas de Richard Strauss.
“Ariadne auf Naxos”, “Frau ohne Schatten”, “Salome”, e “Agyptisch Helena”.
Só…
Mas como não há “bela sem senão”, Jeritza comandou um “lobby” pro-nazi em Hollywood. Casou inúmeras vezes, sempre com aristocratas e milionários.
Apesar disso e quando Strauss passava por dificuldades quando a guerra acabou, enviou-lhe muitas encomendas com comida, levando o compositor a dedicar-lhe “September”, das suas “Four Last Songs”.
“Ela é o Sol!”, disse Lotte Lehmann, a sua eterna rival.

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