sábado, 30 de janeiro de 2010

Curiosidades (8)


As récitas de “Turandot” no MET, com Birgit Nilsson e Franco Corelli, ficaram célebres, e não apenas pelas qualidades destes dois cantores de excepção.
No segundo acto, as notas “altas” de tenor e soprano sempre fizeram as delícias das plateias, nomeadamente a “C” no final de “In questa reggia”, em que ambos atingem sons assombrosos.
Pois bem, Nilsson e Corelli faziam questão de prolongar quanto possível esta nota, e conseguiam-no.
Mas uma noite, Nilsson prolongou-a ao ponto de Corelli não a conseguir acompanhar.
O próprio maestro achou que o soprano se excedera, e em tom mordaz, aconselhou Corelli a pregar-lhe uma partida: no dueto de amor, em vez de a beijar, morder-lhe uma orelha. O tenor achou graça, mas não ousou tal. Em vez disso, cantou “Nessun Dorma” irrepreensivelmente, e quando Turandot cantou “La mia gloria è finita”, seria esperado Calaf responder com “No! Essa incomincia”. Mas Corelli, como vingança, cantou “Sì! Essa finisce!”
O público percebeu, Nilsson obviamente também. E sorriu de seguida.
Rezam as crónicas que os aplausos foram delirantes.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Irmgard Seefried


Irmgard Seefried (1919 - 1988).
Quem se lembra dela?

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Curiosidades (7)


Fala-se muito, hoje em dia, não só das encenações mas também do guarda-roupa utilizado em cena. Há vozes em todos os sentidos, desde a fascinação ao repúdio.
Só que a questão não é nova, e muito menos característica dos tempos modernos.
Em 1969, a grande Marilyn Horne estreava-se no Scala, em “Oedipus Rex”, de Stravinsky, interpretando a “Jocasta”.
Ora esta ópera não tem, como sabemos, grandes ou pequenas movimentações em palco, ficando os cantores imóveis, de frente para o público, durante a récita.
Daí que o encenador tenha pensado que seria interessante que a “Jocasta” parecesse um ovo de cor roxa, em que a única parte “humana” fosse a cabeça…
Marilyn Horne sujeitou-se a isso.
As críticas, à época, foram devastadoras, e a própria cantora não ficou apaixonada pelo desempenho…Sentiu mesmo grandes dificuldades em acompanhar a orquestra.
E quando Claudio Abbado lhe perguntou: “Não consegue ouvir a sua parte?”, a grande cantora apenas respondeu, enfadada: “Não consigo é ouvir nada desta ópera!”.
E nunca mais voltou a interpretá-la.

sábado, 16 de janeiro de 2010

3 Anos!

Este blogue completa hoje 3 anos.
Não sei se está a cumprir o seu objectivo primeiro, divulgar a Ópera a todos, mesmo aos que dizem "não gosto" ou "não me interessa".
Quantos desses já ouviram uma Ópera?
Por outro lado, não pretendo impôr uma das minhas paixões a ninguém, porque não gostaria que me impusessem, por exemplo, doses maciças de "rock"... Há, e ainda bem que assim é, gostos para tudo, variedade na escolha, tempo para ouvir e ver o que mais nos atrai.
"Opera Per Tutti" continuará a mostrar o que me parecer mais relevante, nesta época de reedições de antigos sucessos, uma vez que as produtoras discográficas vivem momentos de alguma angústia, quer por falta de produções novas com qualidade suficiente para constituirem êxitos de vendas, quer pelo acesso rápido, e muitas vezes gratuito, a "downloads" através da net.
Em tempos de crise, o supérfluo arrisca-se a sê-lo cada vez mais.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

"Norma"


Há muitas “Norma”.
Algumas inolvidáveis, outras mais “infelizes”, como uma recente gravação com uma Edita Gruberova já longe do seu esplendor, a “arrastar-se” no palco como alguns jogadores de futebol que não querem aceitar que a idade não perdoa.
Mas das excelentes, recordo Callas, Sutherland, Caballé.
E acrescento Suliotis.
Tenho uma gravação rara, de 1968, que deslumbra.
Elena Suliotis é uma “Norma” completa, Fiorenza Cossotto uma “Adalgisa” fenomenal, Mario Del Monaco um “Pollione” como poucos. Silvio Varviso dirige a Orquestra.
Puro deleite.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Mistérios...


Em 1976, no Scala, Carlos Kleiber dirigiu duas récitas “históricas”.
Um “Otello” com Mirella Freni e Placido Domingo, facilmente disponível em qualquer boa discoteca (em Portugal há muito poucas…), que sendo inferior, na minha opinião, à célebre gravação Freni – Jon Vickers, constitui um marco nos registos desta ópera.
Mas o que nunca consegui encontrar, e acreditem que já procurei em muitas latitudes nos últimos 34 anos, é um “Don Carlo” com os mesmos protagonistas e maestro.
Seguramente que existe a gravação, mas mesmo não pertencendo aos catálogos das editoras mais conhecidas, ou tratando-se mesmo de uma “pirataria”, o certo é que nunca a vi.
Nem sei quem são os outros intérpretes.
Já passaram mais de três décadas, mas continuarei a procurar.
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