sábado, 29 de setembro de 2007

Rita Streich


Rita Streich (1920-1987) foi um dos maiores sopranos “coloratura” da segunda metade do século passado.
Soprano “coloratura” significa que ornamenta o canto, de uma forma rápida, especialmente nos agudos. É aquilo a que se costuma chamar o canto “rouxinol”.
Russa, cresceu e viveu na Alemanha, tendo-se estreado durante a II Guerra Mundial no papel de Zerbinetta da ópera “Ariadne auf Axos”, de Strauss. E permanecerá em Berlim até 1952, quando surgem os convites para o La Scala, Bayreuth, Convent Garden, Salzburgo e Viena, isto é, para os grandes palcos europeus da Ópera.
E dado o seu tipo especial de voz, os seus sucessos foram tremendos nas operetas mais conhecidas.
Vamos ouvir Rita Streich em Donizetti.









terça-feira, 25 de setembro de 2007

Mirella Freni

É simultaneamente fácil e difícil escrever algo sobre uma das nossas cantoras preferidas. Desde sempre.
Mirella Freni, o grande soprano italiano da sua geração, cabeça-de-cartaz com Pavarotti, Placido Domingo e Carreras, uma geração dourada que dificilmente se repetirá.
Nasceu em 1935 em Modena, exactamente como Pavarotti. E com ele cantou um dos seus grandes êxitos, “La Bohème”, para mim a melhor de todas.
Mas Freni tem, para além disso, uma característica fora do vulgar: a gestão que fez da sua carreira, que lhe permitiu cantar até aos 64 anos, num nível elevado, com a “Fedora”.
Quem não tem, na sua discoteca, algumas das suas gravações?
“La Bohème”, “Madama Butterfly”, “Othello”, enfim, uma série enorme de óperas em que o seu talento é posto em evidência.
Foi casada com Leone Maggiera, grande maestro que muito a ajudou no princípio da sua carreira, e depois com o baixo Nicolai Ghiaurov, um nome que dispensa igualmente adjectivos.
Actualmente dá aulas de canto, e todos esperamos que consiga descobrir uma nova “Mimi”.


sábado, 22 de setembro de 2007

Janet Baker

É uma deusa em Inglaterra, venerada por gerações, e com razão.
Contralto, Janet Baker (nasceu em 1933) é uma intérprete sublime das óperas de Britten, que a celebrizou, a que acrescenta uma carreira notável no “lieder”. E na ópera barroca, meus senhores, é “só” …única.
Handel, Purcell, Monteverdi, Cavalli e Gluck dificilmente tiveram, têm ou terão intérprete como ela, de uma intensidade dramática absoluta, aliada a uma voz difícil de adjectivar.
Esta grande cantora não tem a auréola de popularidade que muitas outras, de bem menor qualidade, alcançaram, e tal deve-se a nunca ter transigido com um repertório mais “popular” ou “acessível”. Nesse aspecto, assemelha-se à grande Cecilia Bartoli.
Aconselho que escutem qualquer gravação de Janet Baker. Qualquer.
Mas “Ariodante”, “Dido e Eneias”, “Orfeu e Eurídice” e “Giulio Cesare” são, na minha opinião, pontos muito altos de uma longa e brilhante carreira.
E se não quiserem óperas completas, há um cd da EMI, da série “The Very Best of”, que aconselho vivamente.

Janet Baker.
Incontornável.


quarta-feira, 19 de setembro de 2007

"Concerto de Verão"

Fiquei estupefacto…
A RTP transmitiu, em directo, um Concerto da chamada música “erudita”!
Há quantos anos isto não acontecia?

A Orquestra Metropolitana de Lisboa, António Rosado e Elisabete Matos.
Belo cartaz!
Se tivesse de escaloná-los por ordem decrescente, face ao que vi, colocaria o pianista em primeiro lugar, depois o soprano e logo a seguir a Orquestra, que me pareceu nem sempre estar bem.
António Rosado esteve ao seu nível, isto é, excelente, na “Rhapsody in Blue” de Gershwin. Espectacular.
Elisabete Matos, mesmo contra a vontade do seu médico, cantou, e talvez por isso, ainda que estivesse num bom plano, não esteve seguramente no seu melhor.
Quanto à Metropolitana de Lisboa...não me fez esquecer, bem pelo contrário, Graça Moura.
Mas foram 90 minutos de bom nível.

Duas notas:

José Carlos Malato…a apresentar um Concerto…pode resultar no que veio a acontecer, que foi simplesmente julgar que o “Toreador” era de uma opereta…Nem Gabriela Canavilhas lhe valeu.

E uns meninos a rufarem tambores….para quê?

sábado, 15 de setembro de 2007

Zuleica Saque


Zuleica Elbling. Zuleica Saque.
O nome verdadeiro e o artístico, de uma grande cantora portuguesa.
Com apenas 18 anos ingressa no Coro do Teatro S.Carlos, mas só quatro anos depois é contratada para dois pequenos papéis em “Arabela” e “As Bodas de Fígaro”.
No ano seguinte, ainda em pequenas participações, canta ao lado de figuras como Régine Crespin e Renata Scotto.
É então convidada para fazer uma audição no Teatro da Trindade, onde Tomás Alcaide a contratou de imediato.
E assim começa uma carreira brilhante, que em Portugal é dividida entre os dois teatros.
Bolseira do então “Instituto de Alta Cultura”, e proposta por Gino Bechi, o soprano vai para Itália aperfeiçoar ainda mais a sua voz. Primeiro passo para a sua constante presença nos palcos internacionais, com Piero Cappuccilli, Alfredo Kraus, Sesto Bruscantini, Giuseppe Taddei e Franco Corelli, entre muitos outros.
Em 1971 substitui Mirella Freni no Gran Teatro del Liceo, em Barcelona, cantando a Margarida, do “Fausto”. Leram bem…cantou no lugar da “diva”, e bem.
Já nessa altura era uma cantora respeitada nos grandes palcos da Ópera, mas nem assim deixava de vir cantar ao seu país.
Zuleica Saque (nasceu em Lisboa, em 1941) vive actualmente em Itália.

Completamente esquecida em Portugal. Para não variar.
Tão esquecida…que nem uma fotografia decente consegui arranjar.
Peço desculpa pela qualidade desta, mas foi a possível numa velha revista.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Curiosidades (3)


O público do La Scala é conhecido pela paixão que dedica ao canto lírico e pela sua exigência, habituado que está a presenciar excelentes récitas.
A pequena história que vou contar pode ser verdadeira ou não, mas é lendária em Milão, e sempre andou de boca em boca.
Certo tenor, jovem ainda, numa representação de “Il Trovatore”, ao acabar a célebre ária “Di Quella Pira”, foi delirantemente aplaudido, o que até ao próprio surpreendeu. Pedido o “encore”, voltou a cantar a ária. No final, a mesma coisa.
O tenor estava maravilhado, até que se ouviu, da primeira fila da plateia, em voz gritante, o seguinte:
“Vais cantar isso até que te saia bem!”

domingo, 9 de setembro de 2007

Curiosidades (2)

Enquanto Puccini se embrenhava na composição da “Manon Lescaut”, Leoncavallo escrevia “Os Palhaços”.
Por se fazer sentir um calor insuportável em Milão, Leoncavallo alugou uma casa no Tirol italiano, e convenceu Puccini a fazer o mesmo, oferecendo-se, inclusivamente, para lhe arranjar uma casa.
Assim aconteceu. Dois grandes amigos.





Até que, passados uns dias, Leoncavallo confidenciou a Puccini que estava a pensar adaptar, para uma nova ópera, uma velha novela sobre a vida dos artistas da margem esquerda do Sena. Era grande a sua expectativa.


Puccini escutou, e gostou tanto da ideia…que decidiu, sem nada dizer a ninguém, levá-la à prática...
Um ano antes de Leoncavallo terminar o seu trabalho, Puccini apresentou “La Bohème”!

É caso para dizer…que rico amigo!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Pavarotti. Sempre!


Uma das mais belas vozes da Ópera.
O intérprete de excepção de Puccini.
O tenor que mais popularizou, junto do grande público, o canto lírico.

Mais do que as suas gravações em dvd, aconselho a audição dos seus cd.
É uma voz única.

Modena ficou órfã de um dos seus “ex-libris”.
Mirella Freni está agora só.
Ela, que com ele cantou, como nenhum par, “La Bohème”.

Acompanhei a sua carreira desde o início.
Cresci com ela, amadureci com ela.
E sempre, mas sempre, me fascinou.

Tem um lugar muito especial nas minhas audições diárias.
Terá sempre.

Luciano Pavarotti.
A preto ( do luto) e branco ( do lenço).

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

José Fardilha


Pouco de fala dele em Portugal, mesmo no mundo da lírica. Como se fosse um caso banal, ou com pouca importância.
José Fardilha, que nasceu em Lisboa em 1956, é indiscutivelmente o único barítono português com alguma projecção no exterior.
Só em 2007, Fardilha cantou o Leporello do “Don Giovanni” em Amesterdão e Trieste, e o Malatesta do “Don Pasquale” também em Trieste.
Alguém soube, ou falou disso, no nosso país?
Estudou com Cristina de Castro, tendo ingressado posteriormente no coro do Teatro de S.Carlos. Nos primeiros anos da década de 80 assumiu pequenos papéis, que lhe foram granjeando admiração pela sua bela voz. A tal ponto, que é convidado para cantar em diversas companhias italianas e alemãs. E por lá ficou, sendo presença constante no La Scala.
Juntamente com o soprano Elisabete Matos, forma a dupla mais consagrada, diria a única, de cantores portugueses no estrangeiro.
Fardilha tem cantado sob a direcção dos maiores maestros, como Abbado, apenas como exemplo.
Para um cantor português, seria caso para uma bem maior divulgação.
Mas nasceu neste país…
Locations of visitors to this page