sábado, 28 de abril de 2007

"Bella Figlia dell' Amore"

Continuamos no “Rigoletto” de Verdi, desta vez para ouvirmos o celebérrimo “quarteto”, cantado pelo barítono (Rigoletto), soprano (Gilda, sua filha), tenor (Duque de Mântua) e Madalena (contralto, irmã de Sparafucile, baixo). A ária tem por título “Bella Figlia dell’Amore”.
Enquanto o Duque ensaia mais uma das suas conquistas com a irmã do estalajadeiro, Rigoletto leva a sua filha até lá, para ela finalmente acreditar que o Duque é um conquistador leviano.
Na versão que aqui apresento, reconheço a enorme Joan Sutherland (Gilda) e Nicolai Gedda (Duque).
Este “quarteto” é muito conhecido e apreciado, e na verdade, quando bem cantado, como aqui, não há muitas palavras para o descrever.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

"La Donna è Mobile"

Muitos não conhecem ópera nenhuma.
Mas quase todos conhecem esta ou aquela ária.
“La Donna È Mobile”, por exemplo, do “Rigoletto”, faz parte deste grupo.
Todos os tenores mais conhecidos a gravaram, pelo que é fácil estabelecer comparações. Para mim, “Duque de Mântua” é Kraus.
Inicio com ela uma série de trechos líricos que todos conhecem, mas que talvez não identifiquem como sendo deste ou daquele compositor.
Porque uma coisa é saber que uma ópera se chama “Rigoletto”, outra é associar-lhe Giuseppe Verdi (desculpem os “profissionais”).
Enquadremos a acção: o Duque de Mântua, sedutor refinado, organiza uma festa, e no meio de muito álcool e das tropelias cínicas do seu bobo (Rigoletto), canta esta célebre ária, em que tenta justificar o seu atrevido comportamento, dado que sente ter sempre o caminho facilitado por parte das suas conquistas…
Vamos ouvir “La Donna È Mobile”, na interpretação de Alfredo Kraus, mesmo em fim de carreira.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Franco Corelli


É fácil escrever algo sobre Franco Corelli (1921-2003).
Um dos maiores tenores italianos de todos os tempos, e praticamente “autodidacta” ( o pai era um simples marinheiro), Corelli cantou durante três décadas, sempre ao mais alto nível, arrebatando multidões, especialmente as constituídas pelo sexo feminino…dada a sua postura de “galã” nos palcos.
Vão perdoar, mas não posso deixar de aqui deixar registado como era conhecido em S.Carlos, teatro onde cantou inúmeras vezes: o “Pipi das damas”, tal o sucesso que tinha. “Pipi” era sinónimo de “elegante”, e essa expressão perdeu-se no vocabulário vernáculo. Muitas das senhoras das estolas…iam à ópera para o ver…mais que ouvir…
Todos os grandes papéis de tenor foram desempenhados e gravados por Corelli, que tinha na mulher o seu maior crítico. São conhecidas as discussões quase públicas entre ambos depois das récitas, quando ela o aconselhava a corrigir este ou aquele pormenor. No entanto, foram sempre um casal muito unido, e inseparável até à morte.
Muitos lamentam que este tenor não tenha sido o par de eleição de Callas, que cantou a maioria das vezes com um Giuseppe Di Stefano que, na minha modesta opinião, estava a “anos-luz” de Corelli. Disso se terá aproveitado Renata Tebaldi, que fez duetos inesquecíveis com Franco Corelli.
Um grande cantor.
Um grande senhor da lírica.

sábado, 21 de abril de 2007

Mariella Devia


Não percebo a razão pela qual este soprano lírico-ligeiro é sobretudo apreciado em Itália, ainda que por lá passe a maior parte das temporadas .
Há muitos anos, assistia na televisão a um espectáculo de homenagem a Maria Callas, quando a ouvi pela primeira vez, numa ária da “Lucia”. Fiquei abismado.
Que voz! Que segurança!
Nascida em 1948, canta em todos os principais palcos italianos, em óperas de Donizetti, Rossini e Mozart, mas também outros.
E a sua “Lucia”, que cantou ainda o ano passado no La Scala, é espantosa.
Em dvd a única ópera que tenho com ela é “A Filha do Regimento”.
Que aconselho.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Victoria de Los Angeles


O que mais aprecio nesta cantora é, para além de uma voz única, a variedade de papéis que representou, e sempre com o maior rigor e classe.
É bom não esquecer que era um mezzo, mas que as suas melhores interpretações são fundamentalmente como soprano.
Talvez elegesse Puccini como o seu compositor predilecto, mas ao fazê-lo, estou quase a cometer uma injustiça perante outros que tão bem cantou.
E não só nos palcos da ópera, mas também no “Lied”.
Ninguém, na minha opinião, interpretou tão bem o espírito espanhol da zarzuela como Victoria de Los Angeles.
Estreou-se nas “Bodas de Fígaro” em 1945, Salzburgo só a conheceria em 1950, ano em que canta pela primeira vez no La Scala, fazendo aí seis temporadas seguidas, sempre com sucesso estrondoso.
Bayreuth em 1961.
Nascida em 1923, morreu em 2005. Na sua Barcelona.
Escutem qualquer gravação dela.
Porque vale a pena!

terça-feira, 17 de abril de 2007

Elena Suliotis


Não sei o que pensam do soprano grego Elena Suliotis (1943 – 2004).
Já li críticas muito desfavoráveis, sei que há quem a odeie, por considerar que era uma imitação “barata” da Callas.
Vou já adiantar o que penso. Nos seus primeiros anos, isto é, antes de estragar a voz com papéis muito exigentes que não devia ter cantado tão precocemente, a Souliotis é uma das minhas cantoras favoritas.
A sua Abigaille é extraordinária! A gravação com Tito Gobbi…de antologia. Mas tantas vezes cantou este dificílimo papel, juntamente com outros muito exigentes, que a sua voz ficou completamente diferente, para pior.
E a segunda fase da sua carreira, principalmente em ópera russa, é, na minha opinião, para esquecer…
Suliotis “vivia” os seus desempenhos, dava-lhes uma força que vinha bem de dentro, e que se sentia nitidamente nas suas gravações (infelizmente poucas, apenas 6 óperas completas).

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Coliseu dos Recreios



Lisboa já foi um dos grandes palcos de ópera da Europa.
Nos anos 40 e 50 do século passado, todas os grandes cantores passaram por S.Carlos, alguns repetidamente.
E quase sempre, depois das récitas no famoso teatro, faziam uma ou duas vezes o espectáculo no Coliseu dos Recreios.
Os preços no S.Carlos não eram acessíveis à esmagadora maioria dos portugueses. E as assinaturas, quase todas reservadas já pelos grandes “senhores”, ainda menos.
Assim, o público em geral esperava pelo Coliseu, para poder assistir e apreciar.
Ora acontece que os grandes cantores temiam muito mais as récitas mais populares do que as outras, pois diziam que os verdadeiros apreciadores e conhecedores eram os que iam até às Portas de Santo Antão.
Este contraste sempre me fez sorrir.
Por ser verdadeiro.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Comprar Ópera em Lisboa


Quem, como eu, vive em Lisboa, não tem muitas alternativas de lojas que vendam música clássica ou ópera.
Pensando bem, encontramos a FNAC, o Corte Inglez…e pouco mais.
Recordo…que Lisboa é uma capital europeia…de um país que pertence à Europa “dos ricos”…e que tem muitos séculos de História…
Há uns anos, antes destas duas lojas, podíamos comprar no Valentim de Carvalho, na Roma, na Buchholz. Seria pouco, é certo, mas ao tempo, servia bem melhor do que hoje.
Até porque, estando atento ao que o “mercado” vai oferecendo, reparamos que desde o Natal (já lá vão uns meses…), nada de especial foi lançado, o que contraria o que podemos pesquisar na net sobre lançamentos internacionais.
Experimentem visitar as páginas da “Gramophone”, da “Deustch”, da “Artaus”, e depois comparem.
Dizia-me, há pouco tempo, uma das empregadas de uma destas lojas, que ela própria não percebe esta falta de dinâmica, uma vez que, “só sai no mercado português aquilo que os editores entendem ser mais fácil vender!”.
Eu compreendo que é um negócio como outro qualquer, mas coloco sérias reservas quando desconfio que quem decide se uma ópera de Mozart, por exemplo, “vende”…é a mesma pessoa que lança, com gigantescas campanhas de promoção, um cd ou dvd do Quim Barreiros…com o respeito que este merece.
Valha-nos portanto a “santa net”, e a possibilidade de não ficar refém da “perspectiva comercial” de algum “entendido”…

sexta-feira, 6 de abril de 2007

"A Flauta Mágica" em Cinema


Kenneth Branagh, actor e realizador irlandês que todos os cinéfilos conhecem, acaba de ousar penetrar no “reino” da Ópera, e estrear, em Barcelona, a sua versão de “A Flauta Mágica”.
Não é novidade transportar para as telas óperas célebres, e belos exemplos foram Ingmar Bergman, exactamente nesta ópera e Joseph Losey com o seu famoso “Don Giovanni”. E essas foram precisamente as excepções ao fiasco.
Fiasco que a crítica catalã bem tem sublinhado nesta obra de Branagh, que não consegue convencer nem os amantes do cinema nem os da Ópera.
A acção do filme decorre na I Grande Guerra, sendo Tamino um soldado com duas lutas simultâneas: o amor de Pamina e a paz universal.
Mas o problema não é esse.
O próprio realizador confessa que é um “novato” no mundo da lírica, e os críticos sublinham e avisam-no que ópera não é meramente uma sucessão de árias…
Apesar de tudo, vamos esperar que o filme chegue a Lisboa.
Chegará?

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Elisabete Matos


A Ópera, em Portugal, é parente pobre em pobre divulgação Cultural.
E não basta justificar a situação com o facto de sermos um país pequeno. Há quem seja do mesmo tamanho e até menor, e tenha uma actividade lírica a anos-luz da nossa.
Elisabete Matos é a cantora portuguesa de maior destaque desde há anos. Placido Domingo “descobriu-a”, lançou-a, e Espanha soube aproveitá-la. A Europa conhece-a.
Não é uma primeira figura, ou uma “diva”, mas é uma excelente cantora, e anda há dez anos a mostrar o seu talento pelos palcos mais importantes da lírica.
E em Portugal? Se perguntarem, por amostragem, a cem portugueses, quem é Elisabete Matos, quantos a conhecerão? Quem terá uma das suas gravações em cd ou dvd? Quem a viu em algum programa de televisão? Quantas vezes cantou em S.Carlos ou em outro qualquer palco luso?
A condecoração de Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique, é importante, mas em nada contribuiu para a divulgação, entre nós, desta cantora portuguesa, que “nuestros hermanos” tão bem conhecem, tendo sido “capa” da última “Opera Actual”.
Que “vil tristeza”….
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