sábado, 31 de março de 2007

Tancredi Pasero


Para mim, “baixo”, quanto mais “baixo” melhor.
Aquela voz quase cavernosa, grave, profunda, de que os búlgaros são os mais lídimos representantes.
Mas também Tancredi Pasero (1893 – 1983) foi um desses, daí a minha enorme admiração por este italiano, que cantou em todo o mundo até 1953.
O seu autor preferido era Verdi, e em “Simon Boccanegra”, “Don Carlo” e “Aida” deixou interpretações inolvidáveis.
Há dois ou três cd dele. Experimentem ouvir. As gravações, apesar de antigas, têm uma qualidade bastante razoável.
É simplesmente divinal.

quinta-feira, 29 de março de 2007

Gino Bechi


Foi, seguramente, um dos grandes cantores na história da ópera, e considerado por muitos, nos anos 40,o melhor barítono italiano. Pessoalmente, e sem retirar qualquer mérito a Bechi, prefiro Gobbi.
Gino Bechi estreou-se em 1936, como Germont em “La Traviata”.
Pouco tempo depois, o célebre maestro Tullio Serafin ouviu-o e contratou-o para a Ópera de Roma, onde Bechi cantou muitos anos. Os seus maiores triunfos de então foram a “Aida” e os “Palhaços”, mas também a “Cavalleria Rusticana” e o “Rigoletto”.
Há um episódio curioso passado no nosso S.Carlos que não posso deixar de referir aqui. O cantor era presença constante em Lisboa (mais tarde veio mesmo viver para Portugal), e numa récita do “Rigoletto”, nos anos 50, cantou uma ária inteira de joelhos…mas de costas voltadas para o público. Segundo me dizem, S.Carlos ia rebentando de aplausos. Bechi era um excelente actor, emprestando às personagens interpretações fantásticas.
Infelizmente, há poucas gravações em dvd. Eu tenho uma “Traviata” com Anna Moffo e Bonisolli, com Bechi no velho Germont, já em fim da carreira, mas onde ainda se pode apreciar a sua arte.
Nos anos 50 a sua voz tornou-se “anasalada”, mas nem assim Bechi deixou de cantar.
Nunca é fácil aceitar o fim.




segunda-feira, 26 de março de 2007

Christa Ludwig


Sendo o pai tenor e a mãe contralto, que destino estaria reservado à jovem Christa?
Eugenie Besalla-Ludwig, a mãe, chegou a ser primeira figura na Ópera de Aachen, no período em que Karajan era o maestro residente, e foi com ela que Christa Ludwig estudou.
Este excepcional “mezzo”, que nasceu em 1928 na Alemanha, foi soberba em recitais de “lieder”, na ópera, no oratório. Ouvi-la em Schubert, Schumann, Weber ou Mahler é divinal. Foi, enfim, uma figura gigantesca e incontornável.
Foi contratada pela ópera de Viena em 1955, onde permaneceu mais de 30 anos.
Cantou em Salzburgo de 1954 a 1981, e no MET de Nova York durante quarenta anos.
Só uma grande cantora permaneceria décadas nestes palcos.
Disse e escreveu em muitas ocasiões que a sua carreira foi decisivamente marcada por três maestros: Bohm, Karajan e Bernstein.
É hoje uma reconhecida e procurada professora de canto

sábado, 24 de março de 2007

"Il Trovatore"



Partilho da opinião de que “O Trovador” é uma ópera de linhas melódicas tão bonitas, que desde o princípio ao fim, entra no ouvido e apetece que certas árias sejam bisadas.
Razão pela qual é sempre apontada como uma das óperas que qualquer principiante na arte lírica deve ouvir, para aprender a gostar. Juntamente com a “Carmen”, “Rigoletto” e “La Traviata”. Garanto que, ouvida uma vez, não mais deixará de fazer parte da nossa vivência “operática”. Não preencherá os mais exigentes requisitos que qualquer ópera de Wagner, por exemplo, nos impõe, podendo assim, de alguma maneira, enfadar os mais puristas…Mas como este é um blogue “para todos”, não hesito em dedicar-lhe estas linhas.
Em dvd, há inúmeras gravações, com os mais categorizados cantores, tornando-se difícil recomendar uma delas. Para mim, e acima de todas, estão Del Monaco – Leyla Gencer – Bastianini. É uma récita fantástica, excelentemente cantada e interpretada.
Mas também há Pavarotti com Milnes e Eva Marton, Placido Domingo com Cossotto e Kabaivanska, e ainda, das mais recentes, Jose Cura com Hvorostovsky. Ou seja, não é difícil encontrar uma gravação que nos satisfaça.
Em cd o universo amplia-se bastante, e para melhor.
E são tantas, mas tantas, as recomendações possíveis, que não me atrevo a adiantar nenhuma, sob pena de omitir uma mão-cheia de preciosidades.

quinta-feira, 22 de março de 2007

Gundula Janowitz


Soprano lírico alemão, Gundula Janowitz notabilizou-se principalmente em Mozart, Wagner, Richard Strauss, (os principais), mas também em Bach, Beethoven e Weber.
A sua pronúncia no italiano deixava um pouco a desejar, o que não a impediu de cantar com sucesso a “Elisabetta” do D.Carlo
Tinha, no entanto, muito pouco talento como actriz, pelo que é bem preferível ouvi-la do que vê-la…
Nascida em 1937, Gundula foi uma das musas de Karajan, que não a dispensou em muitos dos Festivais de Salzburgo nos anos 60.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Mado Robin



Há muitos anos, num intervalo de uma “Lucia” no Coliseu, perguntaram-me se conhecia Mado Robin.
A resposta foi dada pela minha expressão de desconhecimento total.
Dias depois tinha nas minhas mãos uma cassete, que quis ouvir com urgência.
E fiquei abismado!
Que voz!
Mado Robin (1918 – 1960), foi um soprano “ultra leggero”, descoberta para a Ópera pelo barítono Tita Ruffo, de uma nitidez absolutamente extraordinária, que obteve com “Lakmé”, mas também com a “Lucia”, os seus maiores sucessos.
Sabem o que é uma “contre-contre-rè”? É a nota mais aguda a que uma cantora pode chegar…Mado Robin chegou.
Não há, infelizmente, em Portugal, quase nenhuma gravação com a grande cantora, mas a “santa” Internet permite colmatar esta lusa deficiência.
Recomendo a “Lakmé” de 1952, mas qualquer outra gravação que consigam, vale a pena!

segunda-feira, 19 de março de 2007

Enjoy !

O Maestro Emílio Porto, de quem tenho a honra de ser amigo, enviou-me esta "delícia", que não posso deixar de partilhar com todos vós.




http://www.dailymotion.com/video/xp7vr_verdi-traviata-choeur-bohemiens

domingo, 18 de março de 2007

Ettore Bastianini


Nasceu em Siena em 1922, e participou na II Guerra Mundial na Força Aérea italiana. Estreou-se em 1945, na sua terra natal, cantando árias de “La Bohème” e do “Barbeiro de Sevilha”. Só que começou como “baixo”, e como tal cantou nos sete anos seguintes. O seu primeiro papel como barítono é o do velho Germont de “La Traviata”, que canta em 1952. E foi um fiasco, que o obrigou a retirar-se dos palcos e a aperfeiçoar a sua voz. Quando voltou, impôs-se definitivamente como um dos maiores barítonos que a Ópera conheceu. Fez parcerias com os maiores nomes da lírica, como Callas, Zeani, Simionato, Scotto, Kraus, Jurinac, Corelli, para citar apenas alguns.
Bastianini morreu muito novo, com 44 anos. Mas as duas décadas em que cantou foram suficientes para o tornar lendário. A morte prematura, por cancro, ajudou apenas a alimentar o mito, que o cantor amplamente mereceu.
Alguém disse que a sua voz era “um diamante”.

quarta-feira, 14 de março de 2007

Nicolai Ghiaurov


Na tradição búlgara de excelentes (talvez os melhores) baixos, Ghiaurov ocupa, por mérito próprio, lugar de destaque.
Um dia, perguntaram a Joan Sutherland, “La Stupenda”, qual a melhor voz que alguma vez tinha ouvido, e a diva, que habitualmente não responde a esse tipo de perguntas, afirmou peremptória: “Ghiaurov nos primeiros anos de carreira”.
A sua preparação musical foi feita no Conservatório de Moscovo, de 1950 a 55, ano em que se estreia, como D.Basilio no “Barbeiro de Sevilha”, em Sófia. E o La Scala recebe-o em 1960 para um “Boris Godunov” memorável, ao que rezam as críticas de então.
Baixo “profundo”, apareceu pela última vez fazendo o Sparafucile, do “Rigoletto”.
Foi casado durante muitos anos com a grande Mirella Freni, com quem fez inúmeras óperas e recitais.
Morreu em 2004.
E não se “vê” o seu sucessor…

segunda-feira, 12 de março de 2007

Fiorenza Cossotto


Nasceu no mesmo ano que Mirella Freni e Pavarotti. 1935.
Estudou na Academia de Música de Turim, e foi a melhor aluna do seu curso.
Estreou-se no “Diálogo das Carmelitas” de Poulenc, em 57, no Scala, mas é a sua “Neri” que faz na “Medeia”, com Maria Callas como protagonista, no Covent Garden em 59, que a transporta para a fama.
Só quase dez anos mais tarde faz a sua primeira “Amneris”.
Fiorenza Cossotto é “o” mezzo da sua geração em óperas de Verdi.
Vê-la no Trovador, em S.Carlos, foi uma das grandes experiências musicais a que tive a sorte de assistir. É difícil haver outra “Azucena” que se lhe compare, nos dias de hoje.
Voz potente, actriz dramática excepcional. Reparem nos seus olhos.
“Falam”. “Cantam”.
Durante décadas foi casada com o baixo Ivo Vinco, mas o divórcio surgiu após 40 (!) anos de vida em comum.
Fiorenza Cossotto é a última de uma tradição de “mezzos” italianos, que teve, anteriormente, em Fedora Barbieri e Giulietta Simionato, os seus maiores expoentes.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Hermann Prey


A sua juventude passou-se na Alemanha nazi, mas o fim da Guerra permitiu-lhe, aos 15 anos, ir aperfeiçoar a sua bela voz de barítono em Berlim, com conceituados professores.
Dá o seu primeiro concerto de "Lied" em 1952.
Estreia-se em Bayreuth em 56, no "Tannhauser".
O nome de Prey surge de imediato associado ao de um compositor : Mozart. Na verdade, parecia que estava mais à vontade nas óperas do Génio. Nunca esqueço as suas "Bodas de Fígaro" com a grande Mirella Freni, que felizmente existe em dvd.
Mas não foi só em Mozart que Prey brilhou: Verdi, Rossini, J.Strauss, entre muitos outros, fazem parte do seu rol de sucessos.
Foi fundador do Festival Schubert, ele que nos seus concertos de "Lied" elevou este compositor a um patamar magnífico.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Mario Del Monaco


É um nome injustamente esquecido, o deste tenor italiano que fez furor nos anos 40 e 50 do século passado. Além de uma excelente voz, colocava nas suas interpretações uma postura de “actor” que falta a muito boa gente, antes e depois dele. Era completo.
Filho de uma abastada família de Florença, onde nasceu em 1915, foi colega de Renata Tebaldi no Conservatório Rossini, em Pesaro.
Estreou-se em 1940, como “Pinkerton”, em Milão, no Teatro Puccini.
Mas o seu grande papel, pelo menos aquele em que mais o admiro e onde relevam todas as suas capacidades, é o “Otello”, que cantou durante vinte e muitos anos. A carga dramática da personagem tem em Del Monaco um intérprete como raramente se viu outro.
Uma curiosidade: foi sepultado com o fato que usou nesta ópera, nas suas últimas récitas. Um pouco estranho ou bizarro, mas que diz bem do amor que o tenor dedicava a este papel, que lhe granjeou, em grande parte, a fama que tinha.
É possível encontrar inúmeras gravações de Mario Del Monaco no mercado, e muitas com Tebaldi. Claro que o seu “Otello” é imprescindível.
Faleceu em 1982.
Em anexo poderão ouvir o grande tenor nos "Palhaços".
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domingo, 4 de março de 2007

Anna Moffo



O soprano Anna Moffo, falecida o ano passado com 74 anos, aliava a uma voz excepcional uma beleza física impressionante. De tal maneira, que Hollywood lhe abriu as portas para uma carreira cinematográfica, mas ela recusou, pasme-se, porque queria ser freira! O seu destino não seria esse, dado que, beneficiando de uma bolsa, foi estudar música em Filadélfia. Aluna exemplar, conquista aí outra bolsa para, em Itália, frequentar o Conservatório de Santa Cecilia, em Roma. Estreia-se no Scala, no Festival de Salzburgo e na Ópera de Viena em 1956 no “Falstaff”. Em Viena o maestro era Karajan.
De entre as suas inúmeras interpretações nos anos 60, destaque para a “Gilda” do Rigoletto, “Manon” na ópera de Massenet, “Margarida” no Fausto, e ainda a “Micaela” na Carmen. E talvez acima de todas estas, na minha opinião, a sua “Amina” na Sonâmbula.
Recomendo vivamente um DVD editado há poucos anos nos EUA, uma “Traviata” em que Moffo é acompanhada por Bonisolli e Gino Bechi, uma rara oportunidade não só de ver a grande cantora, mas também o enorme barítono.
Moffo dividiu a sua carreira entre Itália e os Estados Unidos, sendo em ambos os países uma personalidade “de culto” no mundo da ópera.
A razão que justifica esta fama…não se sabe bem. Se pela voz, se pela beleza física.
Mas como este é um blogue dedicado à Ópera, quero crer que…por ambas.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Birgit Nilsson



Soprano lírico, Nilsson fica na história da ópera como uma das maiores intérpretes de Wagner e de Richard Strauss.
Como muitas vezes acontece, começou a cantar no coro da igreja da pequena aldeia sueca onde nasceu. O maestro logo percebeu estar diante de uma promissora cantora, mas o pai preferia que ela se dedicasse à gestão da pequena fazenda que possuía.
Mas com 23 anos vai para o Conservatório de Estocolmo.
Estreia-se cinco anos depois, em 1946, na Ópera Real Sueca no papel de “Agathe” de “Der Freischutz” de Weber, e só em 1956 canta nos Estados Unidos a “Isolde”, (que interpretaria mais de 200 vezes) e em Bayreuth a “Else” do “Lohengrin”.
Inesquecível é também a sua “Elektra” de Strauss.
E o que mais espanta em Birgit Nilsson, é que sendo considerada uma “wagneriana”, cantasse com a mesma qualidade papéis “italianos”.
Ainda hoje é considerada a melhor “Turandot”, e uma extraordinária “Lady Macbeth”.
A grande cantora morreu em 2005.
Qualquer gravação sua merece estar nas nossas colecções de ópera.
Saliência para a sua “Isolde” de 1966, cantada em Bayreuth com a direcção de Karl Bohm, ou qualquer das “Elektra”.

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