
A sua juventude passou-se na Alemanha nazi, mas o fim da Guerra permitiu-lhe, aos 15 anos, ir aperfeiçoar a sua bela voz de barítono em Berlim, com conceituados professores.
Dá o seu primeiro concerto de "Lied" em 1952.
Estreia-se em Bayreuth em 56, no "Tannhauser".
O nome de Prey surge de imediato associado ao de um compositor : Mozart. Na verdade, parecia que estava mais à vontade nas óperas do Génio. Nunca esqueço as suas "Bodas de Fígaro" com a grande Mirella Freni, que felizmente existe em dvd.
Mas não foi só em Mozart que Prey brilhou: Verdi, Rossini, J.Strauss, entre muitos outros, fazem parte do seu rol de sucessos.
Foi fundador do Festival Schubert, ele que nos seus concertos de "Lied" elevou este compositor a um patamar magnífico.
O José sabe da minha paixão por este cantor. Lembro-me perfeitamente da minha iniciação na Internet, em 1998, o técnico que tinha acabado de instalá-la ainda no escritório a explicar-me como fazer uma pesquisa. Eram as dark ages do a.G. (antes do Google). A primeira coisa que pesquisei foi Castle Howard (norte de Inglaterra, Brideshead na série que eu venero, e que aparece também no Barry Lyndon). A segunda pesquisa foi Joan Sutherland. A terceira foi... Hermann Prey. E fiquei em choque quando descobri que tinha morrido no mês anterior (Julho). Os nossos jornais são TÃO bons a noticiar estas coisas! O grande Sir Georg Solti morreu menos de uma semana depois da princesa Diana, também ninguém falou no assunto...
ResponderEliminarO Herman Prey era, ainda por cima, um grande actor, com um talento especial para a comédia. Vê-lo nas deliciosas realizações do Jean-Pierre Ponnelle do Barbeiro e das Bodas de Figaro, ou no Morcego é um deleite para os olhos (para não falar nos ouvidos). Com muita pena minha, não há, que eu saiba, registo filmado do seu fabuloso Papageno, um dos seus papéis favoritos. Comprei a Flauta Mágica do Solti só por causa dele...
Era idolatrado em Viena (a ópera mais exigente do mundo), Munique e Berlim. Tenho as memórias dele: First Night Fever, onde ele faz, entre outras, uma profunda e interessantíssima dissecação da Winterreise de Schubert que me faz, uma vez mais, lamentar não ter estudado música, para melhor compreender.
Também gosto imenso de Herman Prey e tenho uma especial predilecção pelo Papageno dele. Na verdade, para mim, Papageno é Herman Prey. Talvez não haja à venda registo filmado mas eu vi-o na televisão a fazer Papageno. Há muitos, muitos anos. Era muito jovem, talvez por isso esta associação de ideias entre cantor e personagem. Um timbre maravilhoso!
ResponderEliminarAqui fica o Papgeno dele:
ResponderEliminarHermann Prey - Der Vogelfanger Bin Ich Ja
Enganei-me no código, aquele link é do Largo al Factotum, também por ele.
ResponderEliminarO do Papageno é este:
Hermann Prey - Der Vogelfanger Bin Ich Ja
Não aprecio o seu Fígaro do Barbeiro. Está longe dos grandes barítonos italianos (Gobbi, Taddei, Bastianini,...). É supremo em todo o reportório alemão, principalmente no romântico. Tem uma qualidade rara que é colocar um sorriso na voz e isso fá-lo magistralmente na sua língua.
ResponderEliminarRaul Andrade Pissarra
Gosto do Hermann Prey, sobretudo pelas suas qualidades tímbricas, e tenho várias gravações com ele, mas discordo inteiramente que seja o melhor Papageno - subjectividade do gosto e dos afectos aparte, na medida do possível -, pois não me parece que o uso do staccato (ainda que muito moderado) seja a melhor opção na deliciosa ária de Die zauberflöte (A flauta mágica). Comparece-se com a interpretação em fluido legato de Dietrich Fischer-Dieskau sob a batuta de Karl Böhm, naquela que me parece ser a melhor gravação de sempre desta ópera de W.A. Mozart (v. http://www.towerrecords.com/product.aspx?pfid=1192866 ). Aliás, o proprio Fischer-Dieskau efectuou várias gravações da mesma obra (inclusive com Solti), mas parece-me (e não só a mim) que foi naquela que atingiu a perfeição.
ResponderEliminarDavid Z.
Obrigado pelo seu comentário, David.
ResponderEliminarEu penso que é tudo uma questão de gostos. Há quem prefira o Prey, outros optam pelo Dieskau.
Neste blogue há lugar para todos.